novembro 07, 2014

[Livros] O Lago Místico - Kristin Hannah

Título Original: On Mystic Lake
Autor: Kristin Hannah
Editora: Novo Conceito
Páginas: 368
Gênero: Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788581635811
Classificação★★☆☆☆
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Esposa e mãe. Isso é tudo o que Annie sempre foi. Ela não sabe ser outra coisa. Cuidar, proteger, se preocupar, isso é o que a mantém viva. Mas o que acontece quando a sua filha vai para a faculdade e seu marido diz que ama outra mulher? O que sobra? Nada. Isso é o que Annie tem, o que ela sente que é e o que, de fato, ela se torna. Um livro extremamente sensível que me causou um misto de sensações: amor e ódio. Mais ódio que amor, infelizmente.

No começo do livro eu estava adorando a narrativa, fã confessa de Kristin Hannah, eu esperava nada menos que uma história incrível, assim como em todos os seus livros anteriores. Dessa vez, porém, a autora se perdeu no meio do caminho e o final do livro é tão ruim e confuso que praticamente anula tudo o que o resto da história conquista com o leitor. 

Poucas vezes fiquei tão irritada com um encerramento. Até porque não há um encerramento digno da história, foi como se outra pessoa tivesse escrito o final. Eu me recuso a acreditar que Kristin, autora de romances tão bons como Amigas para Sempre e Jardim de Inverno, seja a mesma que escreveu as últimas cem páginas de O Lago Místico. Tão frustrante que após os agradecimentos finais temos uma entrevista com a autora, onde ela responde aos leitores sobre o final do livro. Kris, um bom final não precisa ser explicado. Ele apenas encerra.

De qualquer forma, até o capítulo vinte, tudo vai muito bem. Um dos primeiros livros publicados pela autora, que tinha também a premissa de ser um de seus melhores: Annie foi trocada por uma garota vinte anos mais nova. Seu marido Blake simplesmente aproveitou a pior oportunidade possível para dizer que não a amava mais. Sua filha Natalie acabara de partir para a faculdade e a dona de casa, mãe e esposa se vê perdida. Sem sua família ela não é ninguém.

Em meio à uma forte depressão, com muita dificuldade, Annie volta ao lugar mágico onde viveu sua infância e adolescência. Em busca de algo que a motive a seguir em frente, em busca de si mesma. Os velhos cenários familiares e o clima aconchegante de interior a conquistam e depois de algumas semanas, ela vê que ali é o lugar ao qual ela realmente pertence. Descrições fantásticas e paisagens místicas são um dos poucos pontos positivos.

Na mesma cidade, Nick Delacroix ainda sofre a morte da esposa. Kathy morreu há alguns meses e deixou atrás dela um rastro de destruição. Ele se tornou um alcoólatra e sua pequena filha Izzy não fala mais, se fechou num mundinho escuro e sente que está desaparecendo (literalmente). A dor está impregnada nessa família de uma maneira visceral e se há algo que Kristin Hannah sabe fazer bem é falar sobre a dor. Esse é o núcleo mais bem construído do romance, é também o único que vale a pena. Não vou me prolongar nesse trecho, mas vale ressaltar que Izzy é uma personagem encantadora e quando a história é narrada do seu ponto de vista, o coração do leitor derrete.

Anne dedicou sua vida toda a Blake e à filha, Natalie. Antiga amiga dos Delacroix, ela vê na situação difícil deles uma oportunidade de ser útil. Aos poucos ela vai tentando colocar aquela família estraçalhada nos eixos. Antigo amor de adolescência, Nick ainda mexe com seus sentimentos. E a pequena Izzy precisa de uma mãe. Seria unir o útil ao agradável, uma família que precisa de uma mãe. Uma mãe que precisa de uma família. E aí Kristin teria criado um excelente livro, mas como eu disse anteriormente algumas coisas estranhas acontecem e a partir daí, tudo se perde. O rumo, a narrativa e Annie. 

Expondo os pontos de vista machistas da sociedade, temos Blake - o marido canalha e Hank - o pai de Annie, um homem conservador, que educou sua filha para ser o capacho do marido. Sem querer dar spoiler, vou resumir o que mais me desagradou: não houve final feliz, não houve final triste. Não houve sequer um final digno do restante do livro. A única conclusão a que cheguei foi que Annie é a personagem mais patética que eu já conheci. 

Aos que leram o livro, peço que percebam uma conexão entre a personagem Sally e a protagonista. A lição a se tirar desse livro é que sim, algumas mulheres podem se anular de diversas maneiras e se submeter a serem menos que nada para o outro e pelo outro. O triste é saber que é às vezes a ficção é tão real que nos incomoda. Não consegui aceitar os últimos acontecimentos e para mim um livro que tinha tudo para ser memorável se tornou apenas mais uma leitura para se esquecer.

"A verdadeira viagem de autodescobrimento não está em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos. - Marcel Proust" (p. 7) 

Sinopse: Esposa e mãe perfeita, Annie vê o seu mundo desabar de uma hora para outra quando é abandonada pelo marido. A fuga momentânea é para Mystic, a pequena comunidade onde ela cresceu e onde o seu pai ainda vive. Lá, Annie começa a se reerguer novamente, descobrindo o amor por si mesma, por um velho amigo solitário e por uma garotinha que acaba de perder a mãe. Tudo está se encaixando na vida de Annie. Nick e Izzy se tornaram uma parte importante de seu processo de cura, e ela também se tornou essencial para a sobrevivência da relação entre pai e filha. Até que o seu ex-marido reaparece... e a tranquilidade rapidamente dá lugar ao desespero. Kristin Hannah encanta mais uma vez com uma história comovente, sensível e verdadeira sobre perda, paixão e os fios frágeis que unem as famílias.

"- Vai ficar mais difícil antes de ficar mais fácil. Você está saltando do lado mais fundo, e vai pensar que está se afogando. Mas estou aqui para manter sua cabeça fora da água." (p. 164)


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