março 19, 2015

[Livros] De Olhos Fechados - Lavínia Rocha

Título Original: De Olhos Fechados
Autor: Lavínia Rocha
Editora: D' Plácido
Páginas: 253
Gênero: Romance, Ficção, Mistério
País: Brasil
ISBN: 9788567020891
Classificação★☆☆☆☆
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Não. Essa é a palavra que você mais encontrará nessa resenha. Nem de olhos bem abertos pude perceber algo de que eu gostasse em De Olhos Fechados. O livro de Lavínia Rocha, infelizmente não funcionou para mim, nem um pouco. A história é inconsistente, forçada, mal desenvolvida e mistura fantasia com realidade de uma maneira bem tosca. Imagine um romance adolescente, acrescente superpoderes da Marvel, assassinatos à la Agatha Christie, objetos que se quebram sozinhos, expedições como as dos livros de Dan Brown e perseguição estilo GTA. Não faz sentido, não é? Não. Não faz o menor sentido.

E não é que a narrativa seja de todo ruim, ela até começa bem, mas tropeça e rola ladeira abaixo a partir da metade do livro. O conceito de uma história de amor entre uma deficiente visual e um garoto sem deficiência arranca suspiros nas primeiras páginas e à princípio achei que eu iria amar a leitura. Errei, errei feio, errei rude. Tiago e Cecília se conhecem, se apaixonam e começam a namorar. Eles são um casal bem fofo e a relação deles não tem muitos dramas, exceto os que a garota enfrenta normalmente. 

Cecília nasceu cega e sua deficiência é retratada de uma maneira bastante real no livro de Lavínia, aliás, se há algo que eu preciso elogiar é a forma como a deficiência visual foi bem abordada. Expor os problemas, os preconceitos e as dificuldades que os cegos enfrentam no meio de um romance foi uma tentativa arriscada da jovem autora, e isso, posso garantir que funcionou. Até aqui, tudo ia bem e o romance tinha tudo para dar certo. 

Infelizmente, para mim, a parte boa do livro acabou na página 100. Depois disso, as coisas ficaram malucas, o gênero muda e eu me senti assistindo um episódio de As Meninas Super Poderosas. É uma comparação bem tosca, mas eu realmente passei a ver Cecília como a 'ceguinha super poderosa'. O sentido aranha, quer dizer, aguçado da protagonista, permite que ela detecte algumas coisas que pessoas normais não conseguiriam. Não vou falar quais são as coisas especiais que ela faz, para não dar spoiler, mas garanto que são 'dons', no mínimo, bizarros. Além disso, o livro todo se baseia em diálogos bem bobos do tipo: 'Quer que eu dê esfirra na sua boquinha, bebê?'. Cara, ela é cega, não retardada.

Há algum tempo, Cecília recebe bilhetinhos anônimos (em braille), com enigmas e mensagens estranhas para ela. Os bilhetes surgem do nada, dentro de um livro, na escola, na cantina, no parque, pelo correio, na cama dela, em qualquer lugar. Quem ou o quê está por trás disso é a grande interrogação do livro e é a parte mais fraca e desconexa da história. Sabe aqueles livros em que depois de ler o final você se questiona se leu certo? Eu li e reli as últimas páginas, com medo de ter deixado passar algo, mas não. 

No geral, Lavínia Rocha é uma jovem autora que consegue escrever mais do que nesse livro e eu espero que a minha crítica não a desmotive. Como eu disse, as coisas iam bem, mas às vezes nossa criatividade acaba passando na frente da razão. Li muitas críticas positivas e espero que a minha seja apenas uma contrária, que as pessoas possam entender a mensagem da autora e que enxerguem nesse livro algo que eu, infelizmente, NÃO enxerguei. 

"Esperei a porta bater, e quando aconteceu, foi o suficiente para que todas as lágrimas que eu estava reprimindo desde o momento no banheiro da casa dele saíssem apressadas.
- Tudo bem, agora pode falar. Qual é o problema? - Luna perguntou da porta.
- Eu sou cega." (p. 125)

Sinopse: "Ignorar é a solução" foi o que pensou Cecília quando alguns papéis começaram a surgir no seu quarto, na bolsa e nos seus livros. O que seriam aquelas ameaças e informações sem nexo? Quem estaria mandando? Como se não bastasse, a cada que os lê, uma imagem passa em sua mente. Talvez isso pudesse ser menos estranho se Cecília não fosse cega desde o dia que nasceu. Para desorganizar ainda mais sua vida, Tiago - o garoto novo da escola - começa a balançar seu coração e a faz com que sinta o que ela jamais sentiu. Sua dificuldade agora é acreditar no que sempre tentou passar às pessoas: ser cego não é sinônimo de limitação e tristeza.

Entre os desafios do dia-a-dia e da adolescência, Cecília se vê envolvida em um mistério que pode afetar sua vida e de todos os belo-horizontinos, e ela não vai descansar até descobrir - e entender - um grande segredo do passado da cidade que os livros de História jamais ousaram contar.

"- Antônio Rego, 1922.
- O quê? O que isso significa?
E, como esperava, aquela imagem surgiu na minha mente de novo.
- O que foi?
- Olha, Tiago, há algum tempo eu tenho recebido uns papéis como esse, umas ameaças, eu nunca entendi.
- Como você nunca disse antes?
- Eu tava tentando ignorar." (p. 136)


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