abril 15, 2015

[Sobre] #2 - Chorar a morte de um personagem


Alguns personagens nos marcam para sempre, positiva ou negativamente. Eles refletem nossos sonhos, esperanças, personalidades e expectativas. É fácil se apegar a um personagem fictício, e para nós, leitores assíduos, talvez até mais fácil do que se apegar a pessoas reais. O irreal passa a ser referência e nos envolvemos nas histórias, como se realmente fôssemos parte delas. O problema de viver num mundo imaginário é que lá também existem os dramas da vida real. Quando um personagem que você admira morre, você vai sentir o luto, chorar e se sentir mal, 'porque as coisas têm o valor que você dá a elas', como já dizia Lindsey Lee, personagem de O Teorema Katherine. 


No mundo imaginário - diferentemente do mundo real -, ninguém precisaria morrer se o autor não quisesse. E talvez isso faça com que seja ainda mais difícil aceitar a morte de um personagem querido. Seja no início, no meio ou no final da narrativa, injusta ou justamente, isso sempre vai afetar o leitor. Alguns choram rios (como é o meu caso), outros simplesmente sentem um aperto no peito. Seja qual for a nossa forma de encarar um acontecimento trágico fictício, é fato que se você estiver envolvido com a história, vai doer. Sentimos porque temos um coração e choramos porque as lágrimas são involuntárias. 


Eu tenho uma lista de mortes de personagens que não aceito, mas não vou citá-los aqui porque pode ser que muitos de vocês não tenham lido esses livros. Em geral, o que mais me abala é ver um personagem que lutou tanto para alcançar algo e no fim acaba morrendo. 'Você não pode escolher se machucar ou não, no máximo, pode escolher quem ou o quê vai te machucar...' parafraseando outro fantástico personagem literário de John Green, Augustus Waters.


Então, não se sinta mal por chorar quando alguém que "não existe" morre. Chore, sinta e se envolva com a história, mesmo que depois de uma morte literária nada mais faça sentido. Isso não faz de você menos forte, pelo contrário, mostra que você é forte o bastante para se importar. O sentimento existe, independentemente de a pessoa ser real ou não. E para finalizar, cito um dos mais sábios personagens de Harry Potter, Severus Snape'é real para nós'. 


Fim.
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