maio 06, 2015

[Livros] O Despertar - Elaine Velasco (Filhos de Lilith #1)

Título Original: Filhos de Lilith - O Despertar
Autor: Elaine Velasco
Editora: Madras Teen
Páginas: 160
Gênero: Ficção, Fantasia
País: Brasil
ISBN: 9788537009468
Classificação★★☆☆☆
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Vampiros, íncubos, súcubos e todo um universo mítico construído em torno dessas criaturas da noite. No livro de Elaine Velasco, somos apresentados a um mundo parecido com o nosso, mas onde demônios se infiltram e 'convivem' com os mortais. Fantástico, surreal e obscuro, Filhos de Lilith não é um livro para qualquer público. Suas referências ao ocultismo e sexualidade podem ser chocantes para os que não estão acostumados. Para os que já são amantes desses temas, o livro é um prato cheio.

Num tom bem gótico, a autora nos apresenta a história da protagonista Alice. Ela acabou de ser transformada em vampira e despertou para o mundo das sombras e da escuridão. Seus primeiros dias como recém-transformada e suas aventuras na noite são bem explorados e o papel de situar o leitor na história do livro - que é o primeiro volume de uma saga - foi cumprido.

A história é boa e os personagens são interessantes, mas a autora peca pela falta de descrições, tanto da ambientação, quanto da personalidade deles. O livro é basicamente todo narrado em diálogos, alguns tão bobos, que me desanimaram bastante. Alice e sua primeira 'melhor-amiga' vampira, chamada Carol, são irritantes. Suas falas fazem com que elas pareçam amigas de infância e não com pessoas que se conheceram a pouco tempo, como é o caso. 

Além do excesso de diálogo, outras coisas me incomodaram, como a grande quantidade de pessoas com que Alice se envolve. Tudo bem, ela é uma vampira, que vive de sangue e energia sexual, mas cada homem que aparece na história se envolve com ela, mexe com seus sentimentos e a confunde. O leitor geralmente quer se afeiçoar a um casal, o que não acontece nesse livro, porque a cada segundo há uma nova presa e uma nova 'paixonite'. Não dá pra saber se ela, de fato, chega a gostar de algum deles. E aliás, sempre que um deles morre, ela rapidamente supera e segue em frente.

A ambientação em São Paulo é bastante interessante. Me identifiquei com muitos lugares que apareceram descritos no livro. Talvez no Brasil não houvesse cidade melhor para abrigar vampiros. O centro de São Paulo, seus monumentos históricos e a Praça da Sé realmente combinam com a cultura gótica e com os costumes dos vampiros. O senso de justiça dos vampiros, nesse livro, também deve ser ressaltado. Alguns dos valores morais de criaturas já sem alma e coração, me surpreenderam e preciso parabenizar a autora por isso.  

Houve também bastante polêmica em torno de uma determinada cena que envolve aborto e punição aos que cometem esse ato. Acredito que a intenção da autora tenha sido realmente polemizar, colocando o aborto como um crime ou um pecado que deveria ser exposto. Tanto que uma personagem se manifesta contra a tal 'punição', mas como minoria, ela é ignorada. A cena pode ter diversas interpretações, mas eu vi como uma fiel representação da sociedade. A religião e a moral condenam as pessoas que apoiam o aborto, e quem for contra isso, é minoria, assim como a personagem. Minoria não tem poder decisivo, logo aquela única voz na narrativa, reflete uma voz ainda pouco ouvida que clama pelo direito da mulher decidir o que fazer com seu próprio corpo. 

Na narrativa, pode-se perceber fortes influências dos famosos bestsellers vampirescos, como Crepúsculo. Alguns trechos, inclusive, fazem referência à Diários do Vampiro e Crepúsculo. Talvez o que tenha faltado em Filhos de Lilith, seja exatamente um pouco do que sobra nessas duas sagas: drama. Eu não consegui me envolver com a protagonista e nem torci por ela em nenhum momento. A trama tem um potencial enorme, mas que não foi explorado ao máximo. 

Os vilões e criadores foram o ápice da narrativa. Por incrível que pareça, eu fiquei encantada pelo alto escalão vampírico, como Sebastian, Alejandro e Victor. Espero que nos próximos livros, possamos conhecer mais sobre eles. O foco em Alice não funcionou para mim, e para falar a verdade, a protagonista foi uma das personagens que eu menos gostei de conhecer. 

De qualquer forma, recomendo a leitura para os fãs dessas criaturas da noite. Inclusive fiquei curiosa para ler o segundo livro. A trama terminou na melhor parte e Elaine Velasco soube deixar o os leitores com um gostinho de quero mais. Vou dar duas estrelinhas porque muitas coisas me incomodaram na narrativa, mas espero que vocês possam ler e tirar suas próprias conclusões. 

"O sol podia ser fatal agora que estava totalmente transformada. Mas transformada em que exatamente? Por quem? E por quê? Quem a teria transformado naquele sugador de sangue e a abandonado à própria sorte, sendo um risco para ela mesma e para os outros?" (p. 31)

Sinopse: Alice não se lembra de seu passado, de quem era ou de onde veio. Fatos por ela desconhecidos sobre sua antiga família humana e sua ascendência a ligam diretamente a Lilith, a mãe dos súcubos e íncubos, senhora do inferno, esposa de Lúcifer e rainha das bruxas, tornando-a objeto de desejo de todas as criaturas da noite. Tudo que Alice sabe é que seu corpo anseia desesperadamente por sangue e prazer. E, para saciar-se, está disposta a tudo.

É assim que Carol a encontra, no centro de São Paulo, e oferece-lhe abrigo, proteção e esclarecimentos. Entretanto, há também um antigo clã de vampiros interessados na garota, que não hesitará em tentar aliciá-la, usando como artifício o belo e sedutor João Eduardo. Batharyal, um notório anjo caído, rei dos ladrões, também possui seus próprios planos para a confusa Alice e entrará nessa disputa.

Porém, uma estranha força a mantém ligada a seu criador, o excêntrico íncubo Alejandro, que conhecendo-a como ninguém, não hesitará em lançar mão de sua maior fraqueza: o amor por um humano…

"- O que você quer dizer com 'se alimentar adequadamente?
- Você vai ver - respondeu ela, dando uma piscadela." (p. 63)

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