maio 01, 2015

[Livros] O Restaurante no Fim do Universo - Douglas Adams (O Mochileiro das Galáxias #2)

Título Original: The Restaurant At The End Of The Universe
Autor: Douglas Adams
Editora: Arqueiro
Páginas: 176
Gênero: Ficção Científica
País: Inglaterra
ISBN: 9788599296585
Classificação: ★★★★★
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Brilhante, fantástico, inacreditavelmente genial... Eu poderia passar horas dizendo o quanto eu sou fã da obra de Douglas Adams, mas vou tentar ser breve e resumir tudo com: espetacular. Achei que nenhum livro jamais superaria o primeiro volume do Guia do Mochileiro das Galáxias, mas estava enganada. Em O Restaurante no Fim do Universo, Adams reafirma sua genialidade com ironia, humor e originalidade.

Uma enorme quantidade de metáforas e referências foi empregada na escrita da coleção e isso faz desta uma obra riquíssima, atemporal e clássica. Apesar de ainda não ter dado tempo de O Guia do Mochileiro das Galáxias entrar no hall de clássicos da literatura inglesa, provavelmente muito em breve, os livros serão considerados leitura obrigatória. História, política, economia, ciência, religião, valores morais, O Restaurante no Fim do Universo é um prato cheio de cultura e filosofia.

Na continuação da saga de Arthur Dent e Ford Prefect, os protagonistas vão lutar por sua sobrevivência, fazer novos amigos, reencontrar antigos inimigos e fazer descobertas fantásticas. A inteligência e o sarcasmo de Douglas Adams marcam presença em diversas passagens citando 'o apocalipse', o fim do mundo, viagem temporal, vegetarianismo, causa e consequência, e mais uma série de conceitos com os quais o autor lida brilhantemente.

Há durante a narrativa, fortes marcas do ateísmo do autor e suas alfinetadas no cristianismo. Como minha posição religiosa/filosófica é agnóstica/espiritualista, não me senti pessoalmente ofendida com o sarcasmo empregado. Pode ser que algum cristão se sinta atingido, e por isso, já afirmo que esse é o livro mais provocativo da saga. Definitivamente, por conta disso, foi o livro que eu mais gostei.

Ironia à parte, Douglas Adams fala sobre tecnologia, ciência e sobre os avanços que poderão nos permitir ir mais longe, literalmente. Ao mesmo tempo, ele expõe os problemas dos avanços tecnológicos, suas consequências para o meio ambiente e para as relações interpessoais. Em O Guia do Mochileiro, os objetos já tem personalidade, sentimentos e inteligência muito superior a dos humanos, até mesmo a dos extraterrestres.

A crítica à evolução dos seres humanos é fortíssima e as preocupações ambientalistas de Adams, expostas em 1980, são claramente atemporais. Os problemas, citados décadas atrás, trazem consequências irreparáveis ao nosso planeta, desde a poluição até o uso desmedido de recursos naturais. Expondo o fato de que é vegetariano, em certo ponto da narrativa, o autor ousa criar um boi que se apresenta aos clientes, sugerindo qual parte eles devem saborear de sua carne. O episódio ficou marcado como uma de suas mais clássicas alfinetadas e até hoje serve de exemplo em palestras sobre vegetarianismo. 

Sarcástica e ao mesmo tempo chocante, a forma como o autor conduz o livro transita entre o contraste do realismo e da fantasia. É incrível, literalmente. Além dos fortes posicionamentos do autor com relação a sociedade e o meio em que vivemos, há também críticas ao egocentrismo. No último episódio que vou citar aqui, Zaphod Beeblebrox é exposto a mais cruel das torturas: o Vórtice da Perspectiva Total, uma máquina que mostra o quão ínfimos nós somos com relação ao universo. Muitos morrem, perplexos por perceberem sua insignificância. Douglas Adams ousa fazer isso conosco também, mostrar que nós - criaturas humanoides, não somos nada perto da magnificência do Universo.


"A história de todas as grandes civilizações galácticas tende a atravessar três fases distintas e identificáveis - as da sobrevivência, da interrogação e da sofisticação, também conhecidas como as fases do como, do por que e do onde. Por exemplo, a primeira fase é caracterizada pela pergunta: Como vamos poder comer? A segunda, pela pergunta: Por que comemos? E a terceira, pela pergunta: Onde vamos almoçar?"(p. 106)

Sinopse: O que você pretende fazer quando chegar ao Restaurante do Fim do Universo? Devorar o suculento bife de um boi que se oferece como jantar ou apenas se embriagar com a poderosa Dinamite Pangaláctica, assistindo de camarote ao momento em que tudo se acaba numa explosão fatal? A continuação das incríveis aventuras de Arthur Dent e seus quatro amigos através da galáxia começa a bordo da nave Coração de Ouro, rumo ao restaurante mais próximo. Mal sabem eles que farão uma viagem no tempo, cujo desfecho será simplesmente incrível. O segundo livro da série de Douglas Adams, que começou com o surpreendente "O Guia do Mochileiro das Galáxias", mostra os cinco amigos vivendo as mais inesperadas confusões numa história cheia de sátira, ironia e bom humor. Com seu estilo inteligente e sagaz, Douglas Adams prende o leitor a cada página numa maravilhosa aventura de ficção científica combinada ao mais fino humor britânico, que conquistou fãs no mundo inteiro. Uma verdadeira viagem, em qualquer um dos mais improváveis sentidos.

"Vale repetir, nesse ponto, as teorias que Ford arrumou, em seu primeiro contato com os humanos, para explicar seu hábito peculiar de ficar continuamente afirmando coisas absurdamente óbvias, como 'Lindo dia', 'Você é alto' ou ainda 'Então é isso, vamos morrer.'
Sua primeira teoria era que, se os seres humanos deixassem de exercitar seus lábios, eles grudariam. Após alguns meses de observação, encontrou uma outra teoria, que era a seguinte: se os seres humanos não moverem seus lábios, seus cérebros começarão a funcionar." (p. 113)


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