julho 04, 2015

[Resenha] A Herdeira - Kiera Cass (A Seleção #4)

Título Original: The Heir
Autor: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Páginas: 390
Gênero: Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788565765657
Classificação★★★★☆
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A Herdeira é o quarto volume de A Seleção. Depois de uma trilogia encantadora, milhares de fãs e corações divididos, Kiera Cass decidiu retomar a série, escrevendo sobre a herdeira do trono de Illéa. Se por um lado eu tive medo de que esse quarto volume fosse desnecessário, também fiquei curiosa para saber o que aconteceu com o meu crush literário favorito: Aspen Leger. Não mais um garoto, Aspen agora é General, mas ainda me arranca suspiros. 

Bom, mas o livro infelizmente não é sobre ele, e sim sobre a insuportável, intragável e irritante Eadlyn, a filha de Maxon e America. Primeira filha do casal, a garota foi criada para a realeza. Apesar de ter mais três irmãos, por direito, é a herdeira do trono. Fútil e arrogante, a personagem criada por Kiera Cass é o que foi criada para ser: uma princesinha mimada. É compreensível que Eadlyn tenha esse temperamento, afinal ela não só foi criada no palácio, como também é filha de America, a segunda personagem mais irritante do universo literário. A primeira é a própria Eadlyn, sem sombra de dúvida.

O jeito de falar com os pais, a postura, o comportamento, cada detalhe da protagonista foi escrito para causar desconforto no leitor. Atitude arriscada de Kiera Cass, porque a narração em primeira pessoa, do ponto de vista de Eadlyn torna as coisas bem difíceis para o leitor. A compreensão e a paciência devem ser muito exercitadas durante a leitura. Se por um lado Eadlyn irrita, por outro ela .. irrita ainda mais. Mesquinha, prepotente e egoísta, ela não consegue pensar em nada além de si própria. Esse comportamento, porém, é colocado à prova quando ela é obrigada a colocar seu povo em primeiro lugar.

Quando a situação de Illéa torna-se insustentável devido a conflitos políticos e rebeliões do povo, Maxon e America decidem fazer uma nova Seleção como forma de distração para a população. A atitude dos dois me pegou de surpresa, afinal, ambos sentiram na pele a raiva por terem suas vidas expostas e decididas pela política. Em A Herdeira, America e Maxon não são mais os mesmos e jogam sua primogênita aos lobos enquanto tentam pensar numa forma de acalmar o povo. Eu sempre disse que America era uma (...) bom, deixa pra lá! 

Indignada (e com razão!) por estar sendo usada pelos pais, Eadlyn se recusa a cooperar com A Seleção. Ela decide não se apaixonar, nem se envolver com nenhum dos garotos. O que, é claro, aos poucos muda. Cada um dos participantes tem seu encanto e fica cada vez mais difícil não ceder aos hormônios da adolescência. Alguns dos selecionados se destacam, entre eles Kyle, o filho de Marlee.

Kyle e Eadlyn são como cão e gato. Criados no palácio, os dois mal se suportam. Um tenta irritar o outro a todo instante. Quando o nome dele é sorteado, a garota fica furiosa, mas esse ódio todo pode esconder algum sentimento. Além de Kyle, a princesa tem outras opções, como Henry - um finlandês muito fofo -, Hale - um garoto estiloso -, Baden - um músico bonitinho - e outros caras interessantes, mas obviamente não tão interessantes a ponto de eu lembrar o nome deles.

Eadlyn tem um irmão gêmeo: Ahren. O segundo filho de Amexon é infinitamente mais interessante, inteligente, sensível e encantador. Pena que ele não seja o herdeiro do trono. Apaixonado por sua namorada Camille, ele também tenta fazer a irmã se abrir para o amor e tentar ser .. sei lá, talvez alguém menos insuportável. Conforme a Seleção vai afunilando, os sentimentos de Eadlyn vão ficando cada vez mais confusos e talvez ela esteja finalmente abrindo seu coração. A protagonista evolui muito durante a história e a narrativa se torna mais consistente perto do final, como se acompanhasse sua narradora.

America e Maxon não estão velhos, mas foram envelhecidos pelo reinado. Cansados de tentar conciliar a nação, eles estão praticamente entregando os pontos. A magia do casal se apagou e a justiceira America agora passa suas tardes no Salão das Mulheres, lugar que ela tanto detestava. Maxon, antes um sonhador, agora carrega o fardo quase todo sozinho e a pressão em seus ombros beira o insustentável. Fiquei surpresa de vê-los dessa forma, mas compreendi. As coisas mudaram, o tempo os transformou.

Apesar de tudo que relatei na resenha, A Herdeira foi um bom livro. Serviu para mostrar que contos de fada nem sempre tem finais felizes. Depois do final feliz de America e Maxon em A Escolha, a vida seguiu. Uma monarquia em decadência, um povo furioso e mesmo depois da dissolução das castas, o preconceito e injustiça. O quarto volume da série A Seleção quebra um pouco do encantamento, do conto de fadas que foi a trilogia. Kiera Cass nos trouxe para a realidade, e nesse mundo político e rebelde, príncipes encantados não vem salvar a princesa e protegê-la do trono.

"Só quero dizer que a Seleção pode ser boa para você. 
Essa frase arrancou toda a vergonha do meu corpo e a substituiu por raiva.
- Todos não param de dizer isso: pode ser bom para mim. O que isso quer dizer? Sou inteligente, bonita e forte. Não preciso ser salva.
Ahren deu de ombros e disse simplesmente:
- Talvez não. Mas jamais saberá se algum deles precisa." (p. 142)

Sinopse: Vinte anos atrás, America Singer participou da Seleção e conquistou o coração do príncipe Maxon. Agora chegou a vez da princesa Eadlyn, filha do casal. Prestes a conhecer os trinta e cinco pretendentes que irão disputar sua mão numa nova Seleção, ela não tem esperanças de viver um conto de fadas como o de seus pais… Mas assim que a competição começa, ela percebe que encontrar seu príncipe encantado talvez não seja tão impossível quanto parecia.

"Embora eu só estivesse percebendo isso agora, havia algo na própria ideia do casamento que não me atraía nem um pouco. Porém, não podia deixar de pensar na possibilidade de escolher alguém apenas para agradar meu pai. Cada vez que o olhava, percebia o quão cansado estava. 
Eu amava meu pai. 
Mas também me amava.
E viveria comigo mesma por muito mais tempo." (p. 244)


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