agosto 10, 2015

[Livros] Fragmentados - Neil Shusterman (Fragmentados #1)

Título Original: Unwind #1
Autor: Neil Shusterman
Editora: Novo Conceito
Páginas: 368
Gênero: Ficção, Distopia
País: EUA
ISBN: 9788581635194
Classificação★★★★★
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Perturbador, crítico e absurdamente real. Fragmentados é mais do que uma distopia. O livro fala sobre o assolador futuro da raça humana, onde a falta de humanidade é lei. Com o avanço da tecnologia e o aumento populacional, as pessoas deixaram de ser indivíduos e passaram a ser vistas como partes do todo. A visão do todo não abrange sentimentos, emoções ou personalidade. Somos apenas fragmentos, nada além disso.

Neil Shusterman ousa questionar os limites da humanidade. Até onde poderíamos ir? O que seríamos capazes de fazer? O autor cria uma sociedade pós-guerra que aprovou a chamada 'Lei da Vida'. A tal lei foi criada para evitar conflitos entre quem era a favor da legalização do aborto e quem era a favor da vida. De certa forma, a nova legislação agradou os dois extremos e trouxe equilíbrio a uma nação ensandecida pela guerra. 

A Lei da Vida institui que o aborto é ilegal até os treze anos. Quando a criança atinge esta idade, seus pais podem decidir abortá-la retroativamente. O jovem é então encaminhado à fragmentação e cada célula do seu corpo é reaproveitada em outra pessoa. Desta forma, uma criança, antes indesejada, pode fazer bem a outras pessoas, sem necessariamente deixar de existir. 

Controverso e, como eu disse anteriormente, extremamente perturbador, o livro de Shusterman descreve a fragmentação. O procedimento cirúrgico não traz ao leitor apenas a aflição que qualque operação médica traz, o sentimento é mais profundo. Dói na alma, nas entranhas, machuca pensar que somos reutilizáveis e o pior de tudo é que coisas desse tipo já acontecem no mundo real. 

A narrativa gira em torno de três jovens: Connor, Risa e Lev. Três crianças que foram enviadas à fragmentação. Connor é um garoto-problema, seus pais não sabem como lidar com ele e por isso, o enviam para a fragmentação. Risa foi criada numa Casa Estatal e por um mero corte de gastos, foi descartada. Já Lev, é o que se chama de 'dízimo' - exatamente como na bíblia. O garoto é o décimo filho de uma família, que dá um décimo de tudo o que tem a Deus. Apesar de Lev ser religioso e encarar seu destino como a vontade de Deus, em um determinado momento, o garoto percebe que seus pais amam mais um Deus cruel - que sentencia uma criança -, do que seu próprio filho. Os três se encontram por acaso e vão fazer tudo o que for possível para continuarem inteiros. 

Como uma crítica aos tempos modernos, ao poder do Estado, à religião, ao comportamento humano e ao capitalismo, este é também um convite a questionar nosso conceito de 'vida' e nossa própria humanidade. Fragmentados faz o que poucas distopias fazem: traz o futuro visto a partir de uma perspectiva muito atual. Somos mesmo fragmentos do todo, partes de uma nação, de um planeta, de um sistema solar, enfim. O que nos torna únicos é o que nos torna iguais, nossa consciência.

"Com uma risada amarga, ela percebe que, no final das contas, pode ser que o desejo do professor se realize. Algum dia ele poderá ver as mãos dela tocando no Carnegie Hall. Infelizmente, o restante de Risa não estará lá." (p. 24)

Sinopse: Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.

O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.

"- (...) Você aprende uma coisa depois de ter vivido tanto quanto eu vivi: as pessoas não são completamente boas nem completamente ruins. A gente passa a vida toda entrando e saindo das sombras e da luz. Neste momento eu estou feliz por estar na luz." (p. 108)


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