dezembro 24, 2016

[Livros] Belo Sacrifício - Jamie McGuire (Irmãos Maddox #3)

Título Original: Beautiful Sacrifice
Autor: Jamie McGuire
Editora: Verus
Páginas: 293
Gênero: Romance, NA, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788576865032
Classificação★★★★☆
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Belo Sacrifício apresenta outro Maddox irresistível que vai roubar seu coração e, mais uma vez, eu pude ter certeza que Jamie McGuire criou esses irmãos para acabar com qualquer possibilidade de encontrar alguém perfeito como qualquer um deles na vida real. Desde as características físicas, e comportamentais até as psicológicas, os personagens são o tipo de caras que costumam arrasar nossos corações - e nós amamos isso. A história segue a fórmula das anteriores, perpetuando os estereótipos da garota teimosa e do cafajeste que se apaixona, mas apesar de nada inovadora, a trama se diferencia ao costurar temas fortes a um romance gostoso de ler. 

Bem mais light que os outros livros da série dos irmãos Maddox, Belo Sacrifício não tem tanto apelo ao gênero hot, aliás, são poucas as cenas sensuais. A trama gira em torno da protagonista, Falyn, uma garota que fugiu da casa dos pais controladores para tentar reconstruir sua vida. Falyn esconde um passado repleto de dor e culpa, mas tudo parece bem. Isso até ela conhecer um Maddox que vai virar sua vida de cabeça para baixo. 

Taylor Maddox trabalha como bombeiro florestal - socorro! - e, como seus irmãos, não tem medo do perigo. Ele é o típico garanhão e usa seu charme para conquistar qualquer garota. Infelizmente, isso parece não funcionar com a garçonete Falyn Fairchild. Difícil, complicada e extremamente desinteressada, a jovem é um desafio que um Maddox não rejeita. Entre discussões e muita atração, esses dois vão percebendo que se completam e que talvez sejam o sacrifício um do outro. 

Jamie McGuire sabe construir seus protagonistas e o casal de Belo Sacrifício é intenso, cheio de segredos e, ainda assim, força. Mais que uma história de amor (e implicância), o romance tem drama e comédia na medida certa e conquista o coração de qualquer leitora, afinal, como não se apaixonar por um Maddox problemático? 

"A camiseta branca de Taylor se dobrou ao meio, fina o suficiente para dar uma pista da pele bronzeada e dos músculos abdominais bem definidos. Músculos abdominais - todos os babacas tinham. Quatro a seis músculos eram como um gráfico para mostrar o nível de babaquice de um cara." (p. 80)

Sinopse: Falyn Fairchild abandonou seu carro, seus estudos e até seus pais. Filha do próximo governador do Colorado, ela está de volta à sua cidade natal, falida e trabalhando como garçonete em um café. Ao fim de cada turno, ela guarda o que recebeu, esperando um dia ter o suficiente para comprar uma passagem para o único lugar onde pode encontrar redenção: Eakins, Illinois.No instante em que Taylor Maddox entra no café, Falyn sabe que ele trará problemas. 

Taylor é charmoso, não cumpre promessas e é lindo mesmo coberto de fuligem, fazendo dele tudo o que Falyn acredita que um bombeiro de sucesso deve ser. Mas ela não está interessada em se tornar mais uma em sua lista — e, para um dos Maddox, uma garota desinteressada é o desafio mais atraente de todos. 

Belo Sacrifício é o terceiro volume da série sobre os irmãos mais barulhentos e irresistíveis da literatura new adult. O foco agora é Taylor, um dos gêmeos, que se envolve com uma garota cheia de segredos — e, pela primeira vez, pode ser ele quem sairá machucado dessa história.

"- No começo, eu sabia que, se me aproximasse demais, eu ia me queimar. Estou surpreso de ser você que está tentando me manter afastado.
- Talvez eu é que esteja te salvando.
Ele balançou a cabeça.
- Para de me afastar, Falyn. Eu não vou embora. Vou ficar aqui até pegar fogo." (p. 172)


dezembro 09, 2016

[Livros] Como Se Fosse Magia - Bianca Briones

Título Original: Como Se Fosse Magia
Autor: Bianca Briones
Editora: Gutenberg
Páginas: 208
Gênero: Romance, Ficção
País: Brasil
ISBN: 9788582353967
Classificação: ★★★
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O livro de Bianca Briones transborda encantamento e me conquistou com sua genial história dentro da história. A fusão de ficção e "realidade" resultou numa trama bem desenvolvida e tão incrível quanto instigante. Quanto da protagonista do livro da protagonista seria a própria autora? Uma das histórias mais bonitas sobre imaginação e o poder da escrita, Como Se Fosse Magia mostra que os livros são, de fato, magia indispensável à vida.

A narrativa conta a história de Eva, uma autora que precisa reencontrar sua inspiração para terminar a série de livros que a tornou famosa. Seus personagens não se limitam a ficar nos livros, eles a visitam, contam suas histórias, pedem para ser ouvidos, mas, ultimamente, nenhum deles tem aparecido para ela. 

Essa mistura de ficção com realidade na vida da protagonista é vista pelos outros como loucura e o julgamento cruel da sociedade a marca para sempre. A única pessoa que não a considera louca é seu melhor amigo e agente, Thiago. O rapaz que a resgatou e a transformou em um sucesso literário sabe que Eva não é louca por ser diferente dos demais, afinal, o que é a loucura senão uma realidade diferente? 

A escritora - Eva - ainda está buscando uma forma de se reconectar à seus personagens quando um estranho e extremamente familiar rapaz surge em sua vida. O jovem que não se recorda do próprio nome é assustadoramente parecido com o protagonista de sua história, Enzo, e assim como o personagem, também perdeu a memória. As semelhanças entre os dois não param por aí e, aos poucos, Eva começa a duvidar de sua própria sanidade ao se ver apaixonada por alguém que pode ser fruto de sua própria imaginação.

O conceito de realidade e loucura permeia toda a trama, até mesmo se misturando ao trabalhos da própria autora - Briones - e essa confusão entre a autora e sua protagonista é proposital, dando outra perspectiva à leitura. Um livro que fala sobre escrever um livro é o que chamamos de narrativa em abismo, um universo dentro de outro universo, fundindo-se até que seja difícil separar onde começa um e termina o outro.

De uma maneira divertida e fantástica - mesmo - Briones desenrola todos os nós e consegue juntar todas as pontas soltas ao final do livro. A autora, assim como sua protagonista, escreve com o coração e suas personagens são palpáveis de tão reais. Não custa acreditar, então espero um dia também esbarrar num Enzo na vida real e fazê-lo se apaixonar por mim assim, como se fosse magia

"- Caras certos são casados ou gays, como você, o que os torna errados para mulheres solteiras.
- Existem, sim. Não perca a fé. Você escreve sobre eles o tempo todo.
- Exatamente. Eles estão nos livros. E nenhum deles vai sair de lá e aparecer na minha vida. É mais fácil os idiotas continuarem chegando." (p. 10)

Sinopse: Eva nasceu com o dom de passar os sentimentos para o papel, com isso conquistou milhares de leitores pelo mundo. Agora ela precisa escrever o último livro da sua série de fantasia, mas está com um bloqueio há um ano e não sabe o que fazer.

Enquanto ela tenta se reconectar a seus personagens, a vida coloca em seu caminho um homem igualzinho a um dos seus protagonistas. O problema é que o desconhecido surge sem nenhuma lembrança de quem ele é. Enzo está muito confuso. A princípio, ele duvida da conversa maluca de Eva. Mas, mesmo com seu ceticismo, ele não pode negar que se sente extremamente ligado a ela. O que isso quer dizer? Envolvidos por esse curioso e estranho mistério, Eva e Enzo estão prestes a descobrir que às vezes para que duas pessoas se encontrem mundos inteiros são capazes de colidir.

"Você sempre teve amor de sobra, Eva. O que te faltava era fé e entender que só merece ficar em sua vida quem te amar do jeito que você é. Porque é assim que você ama os outros, como eles são. E se você ama assim. Por que vai aceitar menos?" 
(p. 206)


novembro 23, 2016

[Livros] O Garoto dos Meus Sonhos - Lucy Keating

Título Original: Dreamology
Autor: Lucy Keating
Editora: Globo Alt
Páginas: 264
Gênero: YA Ficção
País: EUA
ISBN: 9788525060495
Classificação: ★★★
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Encantador como um sonho, Dreamology é um daqueles livros fofos que trazem reflexões profundas. A ambientação, em grande parte fantasiosa, dá margem para múltiplas interpretações e os questionamentos sobre sanidade, realidade e identidade permeiam a trama do início ao fim. Tão romântico quanto surreal, o livro de estreia de Lucy Keating traz ao leitor a familiar sensação de estar num sonho estranho, mas do qual não queremos acordar.

Repleto de referências à psicologia, desde os nomes dos personagens até as aulas frequentadas pela protagonista, Alice - nome inspirado no conto surreal de Alice no País das Maravilhas - tudo remete, de alguma forma, ao estudo da mente. O livro parece ser resultado de um sonho bizarro, cheio de recortes e situações inexplicáveis que confundem e nos guiam por dentro da mente de uma adolescente apaixonada, o maior dos labirintos, e isso é incrível.

Alice sonha com o mesmo garoto desde que ela consegue se lembrar, todas as noites. Os sonhos são os mais variados e estranhos - envolvendo cascatas de milkshake, balões e cachorros gigantes -, mas eles têm uma constante: Max. O rapaz por quem ela se apaixonou nos sonhos é a melhor parte dos seus dias e tê-lo como um refúgio ao fechar os olhos a faz feliz. 

No entanto, esse amor surreal e idealizado só existe nos seus sonhos e essa é a mais poderosa das metáforas empregadas pela autora. O ideal não existe, a realidade nunca será o que sonhamos que seja. O garoto perfeito, a vida perfeita, a felicidade plena, todas essas coisas são lindas e encantadoras, mas não são reais.

Por causa do pai, Alice se vê obrigada a mudar de cidade e lá ela vai ter de se adaptar com sua nova realidade. O que ela não espera é conhecer o garoto dos seus sonhos na vida real. Max, em carne, osso e pura graça. O estranho é que ele não é como em seus sonhos e ela vai precisar abrir mão dos seus ideais de perfeição para conhecer um Max de verdade. 

Entre devaneios e situações psicodélicas, esses dois jovens vão percebendo que precisam rever seus conceitos de realidade para entender quem são. A loucura e a imaginação confundem o leitor em uma trama que pode ser questionada do início ao fim por ser narrada em primeira pessoa por alguém que tem uma mente bastante fértil. Se a percepção de Alice está alterada, ela pode manipular nossa percepção e nos levar, assim, para o buraco do coelho que é sua própria mente. 

Um livro genial, louco e fofo ao extremo, O Garoto dos Meus Sonhos - bom, não o garoto dos meus sonhos, que é o Alexander Ludwig - mostra o quão incrível nossa mente é e como pode ser perigoso nos deixar enganar por nossos próprios desejos. As pessoas são mais do que queremos que elas sejam, elas são reais e o conceito de realidade está muito além da nossa compreensão. Lucy Keating nos faz entender que sonhar é tão importante e tão mágico quanto abrir os olhos.

"Real. A última palavra fica pairando ali entre nós, e balanço minha cabeça, envergonhada. Ela tem razão. Não importa como eu me sinta em relação a Max, ainda existe um problema. A noite no museu foi um sonho. Todas as noites com Max, desde que me lembro, foram sonhos. Porque Max é o garoto dos meus sonhos... e só dos meus sonhos. Porque ele não existe de verdade." (p. 16)

Sinopse: Desde quando consegue se lembrar, Alice tem sonhado com Max. Juntos eles viajaram o mundo, passearam em elefantes cor-de-rosa, fizeram guerra de biscoitos no Metropolitan Museum of Art... e acabaram se apaixonando. Max é o garoto dos sonhos – e somente dos sonhos – até o dia em que Alice o vê, surpreendentemente, na vida real. Mas ele não faz ideia de quem ela é... Ou faz? 

Enquanto começam a se conhecer, Alice percebe que o Max dos Sonhos em nada se parece com o Max Real. Ele é complicado e teimoso, além de ter uma namorada e uma vida inteira da qual Alice não faz parte. Quando coisas fantásticas dos sonhos começam estranhamente a aparecer na vida real – como pavões gigantes que falam, folhas de outono cor-de-rosa incandescente, e constelações de estrelas coloridas –, Alice e Max precisam tomar a difícil decisão de fazer isso tudo parar. Mesmo que os sonhos sejam mais encantadores que a realidade, seria realmente bom viver neles para sempre?

"Estou começando a pensar que talvez eu nunca o tenha conhecido. Não por completo de qualquer forma. E que sonhos e realidade estão longe de ser a mesma coisa." (p. 95)


novembro 21, 2016

[Fotos] Bookstagram - Instagram Literário #2

Olá queridos, já faz um tempinho que não faço um post sobre Bookstagrams, e hoje não vou falar sobre o meu perfil em especial. Recentemente, assisti a um vídeo publicado no canal da Raphaela do blog Equalize da Leitura, em que ela fala sobre seus perfis literários favoritos no Instagram. O vídeo me trouxe inspiração para fazer um novo post mostrando os meus cinco perfis favoritos da rede social. 

Extremamente difícil escolher apenas cinco Instagramers nacionais, mas, por fim, selecionei os que eu mais acompanho e admiro. Sigam essas cinco divas dos livros:


Sei o quanto é difícil compor fotos bem elaboradas e combinar os tons para que tudo na foto orne e fique harmonioso. Algumas vezes, demoro vinte ou trinta minutos para tirar uma foto perfeita. Isso sem falar nas fotos especiais de Natal que levam horas para ficarem bonitas. Cada elemento é cuidadosamente - às vezes, milimetricamente - posicionado para causar efeito nos leitores. 

Tirar fotos dos nossos livros não é uma questão de marketing. É mais do que isso, é dividir com as pessoas que te acompanham aquilo que você tem de mais especial. É mostrar que a leitura é uma coisa linda, especial, colorida e encantadora. É colocar numa foto todo o orgulho que você tem de possuir um objeto mágico nas mãos e na estante e tentar fazer com que os outros vejam a mesma magia que você vê.

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novembro 19, 2016

[Livros] Nós Dois - Andy Jones

Título Original: The Two Of Us
Autor: Andy Jones
Editora: Suma de Letras
Páginas: 288
Gênero: Ficção, Romance
País: Inglaterra
ISBN: 9788556510228
Classificação: ★
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Um retrato nu e cru da vida de um casal que vê seu mundo virar de cabeça para baixo pouco depois de se conhecerem. O amor, esse sentimento arrebatador, não só surgiu nas vidas dos dois protagonistas, como também bagunçou-as por completo. Honesto e completamente realista, Nós Dois fala sobre tudo o mais que existe nos relacionamentos, suas partes bonitas e feias, sem deixar absolutamente nada de fora.

A narrativa de Andy Jones traz a história de Fisher e Ivy, duas pessoas completamente diferentes que vivem o começo de um romance. O livro não conta como eles se envolveram ou como se apaixonaram, pelo contrário, ele começa a partir daí e mostra o que acontece a partir do momento em que encontramos o amor. 

Um romance diferente de todos os outros que já li, Nós Dois não é nada romântico. Pelo contrário, ele é um relato do cotidiano problemático e nada ficcional de um relacionamento. Narrado do ponto de vista masculino, o livro é bastante descritivo e direto e nos traz uma perspectiva única das inseguranças do homem ao assumir um namoro e todos os problemas que vêm junto com ele.

Os protagonistas estão claramente apaixonados um pelo outro, mas amor nem sempre é o bastante para manter duas pessoas juntas. Diante de muitas dificuldades, os dois vão descobrir que a força de uma relação está também na superação dos obstáculos diários e não só na vontade de permanecer junto. As provas que Fisher e Ivy vão enfrentar são pesadas, então, resta saber se eles irão aguentar. 

Ivy é uma personagem insuportável e digo isso da maneira mais simpática possível. Em muitos momentos, senti vontade de abandoná-la - largar o livro para ser mais exata -, mas pensei que se o homem que está ao seu lado não fez isso, talvez eu também devesse insistir nela. Sua personalidade é forte e ela, claramente, está no comando da relação de uma maneira não-saudável. Perdão pelo péssimo trocadilho, mas Fisher foi fisgado por Ivy. O nome da protagonista significa força e seu poder sobre o namorado é bastante evidente, tendo em mente o quanto ela o trata mal no decorrer da história e ele simplesmente aceita. 

Enquanto isso, a personalidade dependente e submissa de Fisher idolatra a mulher amada como se ela não tivesse defeitos. É um relacionamento de pouco equilíbrio mas que encontra bases sólidas para fincar suas raízes. A rapidez com que tudo acontece complica ainda mais as coisas e esses dois extremos que se completam como Yin e Yang terão de lutar por um sentimento ainda pouco maduro.

Apesar de não ter gostado de nenhum dos dois protagonistas, o livro me ganhou pelos personagens secundários. Phil e El são um lindo casal gay que vive o final de seu amor de uma vida. Em fase terminal do mal de Huntington, El se aproxima cada dia mais do seu grande adeus e deteriorado pela doença sofre para continuar vivendo. O amor incondicional dos dois é uma inspiração, não só para os protagonistas, mas para qualquer um que tem o prazer de conhecer sua história. 

O contraste entre as duas tramas é belíssimo e, enquanto a trama principal marca o início do amor, a trama secundária marca seu fim. O amor não é só corações rabiscados num caderno e beijos apaixonados como nos romances, mas é também corações que estão parando de bater e beijos de despedida. Tudo isso é amor. 

"- A gente... a gente precisa conversar - declara, e nesse momento alguém corta as cordas que mantêm meu coração suspenso atrás das costelas. Ele cai em queda livre e para num lugar bem na altura do meu umbigo, onde pesa como uma pedra." (p. 29)

Sinopse: Durante dezenove dias, Fisher e Ivy vivem uma relação idílica e são praticamente inseparáveis. É claro que os dois sabem que estão destinados a ficar juntos para sempre, e o fato de se conhecerem tão pouco é apenas um detalhe. Nos doze meses seguintes, período em que suas vidas mudam radicalmente, Fisher e Ivy percebem que se apaixonar é uma coisa, mas manter uma relação é algo completamente diferente. “Nós dois” é um romance honesto e emocionante sobre a vida, o amor e a importância de dar valor a ambos.

"- Quando eu morava com Kate, dizíamos 'eu te amo' toda noite antes de apagar as luzes. Menos quando não dizíamos. Nas muitas noites em que levávamos uma discussão para a cama, as três palavrinhas não eram pronunciadas. O que era exatamente como dizer: 'eu não te amo, não hoje'. Então, eu gosto do fato de não falarmos essas palavras por mera rotina, evitando que virem uma trivialidade nas noites em que as dizemos e uma arma nas noites em que não as dizemos. Mas eu amo Ivy e vou lhe dizer isso esta noite." (p. 109)

novembro 04, 2016

[Música] 15 Músicas Para Corações Partidos #1


Olá queridos! Na coluna [Música] dessa semana, separei para vocês as minhas 15 músicas de fossa favoritas. Sabe aquele momento em que o relacionamento (real ou fictício) acaba e você só quer chorar e tomar litros de sorvete? Você pode fazer isso ao som de uma boa música e aproveitar ao máximo esse clima para refletir sobre o tempo que vocês passaram juntos e as coisas boas e ruins que restaram. Se não houver sobrado muita coisa boa, não se preocupe, as músicas são as melhores.


"Não, eu não vou sentir saudades, eu não vou chorar, eu não me arrependo
Não, não vou tolerar isso, não, eu não preciso de confete
E você pode tratar a outra com suas mentiras, você nunca vai ceder 
Eu prefiro andar sozinha do que deixá-lo jogar confetes sujos
Eu prefiro andar sozinha, eu prefiro andar sozinha." 


"Você poderia ser feliz, eu espero que esteja
Você me fez mais feliz do que jamais fui
E de alguma maneira tudo o que eu tenho, tem seu cheiro
E pelo mais curto momento, nem tudo é verdade."


"Nós mantemos este amor numa fotografia
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca se fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos
E o tempo está congelado para sempre."


"Sou um sonhador, mas quando eu acordo
Você não pode destruir meu espírito - são meus sonhos que você pega
E quando você seguir em frente, lembre-se de mim
Lembre-se de nós e tudo que costumávamos ser."


"Ninguém disse que seria fácil
É uma pena nos separarmos
Ninguém disse que seria fácil
Mas também não disseram que seria tão difícil
Oh, me leve de volta ao começo."


"Olhos tristes me seguem
Mas eu ainda acredito que tenha restado algo para mim
Então, por favor, venha ficar comigo
Porque eu ainda acredito que tenha restado algo para mim e para você
Para mim e para você."


"É como desejar a chuva
Enquanto estou no deserto
Mas eu estou segurando você
Mais perto do que a maioria
Porque você é meu céu."


"Só sabe que estava bem quando se sente mal
Só odeia a estrada quando sente saudade de casa
Só sabe que a ama quando a deixa ir
E você a deixou ir."


"Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você
Sinto muito por não ter conseguido te alcançar
Eu te seguiria para qualquer lugar
Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você."


"E saber que que tudo está acabado agora
Eu sinto minha mente desfalecida começar a perambular
Toda vez que você cai, e toda vez que você tenta
Todo sonho bobo, e todo o compromisso
Toda as palavras que você falou, e tudo que você disse
Tudo o que você me deixou, vagueia em minha cabeça."


"Oh, nós não conseguimos derrubar as colunas
É, nós não conseguimos destruir nenhuma
E os livros de história se esqueceram de nós
E a Bíblia não nos mencionou
Nem sequer uma vez."


"Era uma vez
Eu estava apaixonada
Mas agora estou apenas desmoronando
Não há nada que eu possa fazer
Um eclipse total do coração

Era uma vez, havia luz na minha vida
Mas agora há apenas amor na escuridão."


"Quando você disse seu último adeus
Morri um pouco por dentro
Me deito chorando na cama a noite toda
Sozinho, sem você ao meu lado."


"Tudo que eu sei, e qualquer lugar aonde eu vá
Isso se torna difícil, mas não vai tirar o meu amor
E quando o último cair, e quando tudo estiver dito e feito
Isso se tornará mais difícil, mas não vai tirar o meu amor."


"Porque eu estou quebrado quando estou aberto
E eu não sinto que sou forte o suficiente
Porque eu estou quebrado quando estou sozinho
E eu não me sinto bem quando você vai embora."

novembro 03, 2016

[Livros] As Cores da Vida - Kristin Hannah

Título Original: True Colors
Autor: Kristin Hannah
Editora: Arqueiro
Páginas: 352
Gênero: Romance, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788580415957
Classificação: ★★★
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As Cores da Vida é um relato sensível da dor e da união de uma família em ruínas. Infelizmente, o drama familiar de Kristin Hannah - autora dos geniais Jardim de Inverno e O Rouxinol - não me surpreendeu desta vez. A história da família Grey é bonita, intensa e cheia de sofrimento, mas as costuras feitas pela autora são perceptíveis e a trama me pareceu demasiadamente forçada.

Kristin Hannah envolve em diversos de seus livros um núcleo familiar deteriorado, seja pelo tempo, pela guerra ou pela morte. Isso não muda em As Cores da Vida, neste romance somos apresentados às três meninas Grey que acabaram de perder a mãe e ainda muito novas são obrigadas a cuidar uma da outra. O pai, completamente endurecido e desgastado pela perda da esposa se torna um estranho para elas e os cinza preenchem a vida de uma família antes tão colorida.

As irmãs se amam, mas há uma grande rivalidade cultivada desde cedo e que piora após a morte da matriarca Grey. Winona, a filha mais velha, lida com toda a pressão do pai para tomar as decisões certas, porém, nunca é valorizada, enquanto a irmã mais nova Vivi Ann é a menina dos olhos do pai e conquista seus sorrisos mais puros.

Além da disputa pela atenção do pai, Winona inveja a irmã por sua beleza, espontaneidade e boa sorte. É como se nada jamais afetasse a pequena estrela da família e o ciúme amargo corrói lentamente o coração de uma irmã que nunca corresponde às expectativas de ninguém. A raiva de Winona desencadeia uma série de consequências e somente juntas as irmãs poderão enfrentar os desafios que a vida lhes reserva. 

O contraste entre a personalidade das três irmãs é muito interessante. Algo que Kristin Hannah faz bem é construir personagens complexos, cheios de histórias para contar. O narrador-onisciente nos leva para perto da família Grey e nos mostra cada uma das rachaduras que ameaça essa frágil estrutura familiar. As emoções, os sentimentos e as memórias dessas protagonistas podem não ser as mais marcantes, mas trazem uma história tão cheia de verdade quanto de cor.

"Isso deveria ser suficiente para ela? Ela estava errada em querer paixão? Em sonhar com algo - com alguém - além disso? Ela sempre havia imaginado que o amor fosse algo turbulento e volátil, uma emoção que a tirasse do sério, a fragmentasse em pedaços e a transformasse em uma pessoa que ela não poderia ter se tornado por outro meio. Será que ela era boba em acrediar em todas essas coisas?" (p. 58)

Sinopse: Uma arrebatadora história sobre irmãs, rivalidade, perdão e, em última análise, o que significa ser uma família. As irmãs Winona, Aurora e Vivi Ann perderam a mãe cedo e foram criadas por um pai frio e distante. Por isso, o amor que elas conhecem vem do laço que criaram entre si. Embora tenham personalidades bastante diferentes, na verdade são inseparáveis. 

Winona, a mais velha e porto seguro das irmãs, nunca se sentiu em casa no rancho da família e sabe que não tem as qualidades que o pai valoriza. Mas, sendo a melhor advogada da cidade, ela está determinada a lhe provar seu valor. Aurora, a irmã do meio, é a pacificadora. Ela acalma as tensões familiares e se desdobra pela felicidade de todos – ainda que esconda os próprios problemas. E Vivi Ann é a estrela entre as três. Linda e sonhadora, tem o coração grande e indomável e é adorada por todos. Parece que em sua vida tudo dá certo. 

Até que um forasteiro chega à cidade... Então tudo muda. De uma hora para a outra, a lealdade que as irmãs sempre deram por certa é posta à prova. E quando segredos dolorosos são revelados e um crime abala a cidade, elas se veem em lados opostos da mesma verdade.

"Toda a racionalização do mundo não havia funcionado. Uma semente de descontentamento havia sido plantada dentro dela e, mesmo agora, ela era capaz de sentir suas raízes se aprofundando." (p. 72)

EditoraArqueiro|Skoob

novembro 01, 2016

[Livros] Cartas Para o Mundo - Caio Morelli

Título Original: Cartas Para o Mundo
Autor: Caio Morelli
Editora: Schoba
Páginas: 100
Gênero: Autoajuda, Conselhos, Cartas
País: Brasil
ISBN: 9788580134544
Classificação: ★★★
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Uma coletânea de cartas escritas especialmente para corações partidos, remendados e pisoteados, Cartas Para o Mundo traz os melhores textos do youtuber Caio Morelli. Com um ar de autoajuda e conselhos reciclados, o livro é bastante interessante para quem se encontra ou já se encontrou tentando superar o complicado término de um relacionamento.

Conselhos de quem já passou pela dolorosa separação, as cartas que fazem parte do canal do autor são pedaços de experiência compartilhados com seus leitores. Todos sabemos o quanto é difícil ser racional quando sentimos a maior dor de nossas vidas, quando nosso coração é arrancado de nosso peito e, por isso, saber que não estamos sozinhos e que, sim, vai parar de doer é muito importante. 

Confesso que poucas cartas me tocaram a alma, mas uma em especial me fez chorar demais: A vida é feita de recomeços. Esse capítulo mexeu comigo e, ainda bem que estou escrevendo, se estivesse falando minha voz estaria embargada. Num texto bonito e cheio de emoção, Caio nos conta sobre a última vez que abraçou a pessoa que ele amava e, nossa, essa sensação - lida e vivida - é uma facada no estômago. 

Com uma diagramação linda da editora Schoba, o livro cumpre o que promete e traz um pouco de esperança para aqueles que estão perdidos em autopiedade e tristeza. Com um pouco mais de cem páginas e alguns relatos valiosos, Cartas Para o Mundo é aquela correspondência que chega numa manhã chuvosa dizendo que tudo vai ficar bem e que o sol vai voltar a brilhar amanhã.

"Eu não contei as horas exatas, mas admito que nesse momento, cada minuto, para mim, pesa um pouquinho mais do que o normal. Engraçado, não é? Eu acordei naquela manhã sem saber que no fim do dia perderia uma parte de mim." (p. 11) 

Sinopse: Cartas para o Mundo é o primeiro livro de Caio Morelli, Youtuber que conta com mais de 2 milhões de views e mais de 90 mil seguidores no Facebook.Talvez minhas experiências não te emocionem ou não te coloquem nas mãos uma fórmula mágica para ser alcançar a felicidade e desapegar de alguém que já não faz mais parte dos nossos dias. Mas prometo tentar com todas as minhas forças te ajudar a criar uma estrutura necessária para conhecer-se melhor e encontrar forças suficientes para vencer a si mesmo independente do tamanho das suas dificuldades.

"Senti como se toda a nossa história passasse diante dos meus olhos, todos os nossos momentos, dos mais doces aos mais amargos. E agora, quando tudo parece difícil, mesmo de longe, fecho os meus olhos e busco relembrar, sentir novamente todo aquele abraço tão bonito e puro." (p. 43)


outubro 23, 2016

[Livros] Ninguém Vira Adulto de Verdade - Sarah Andersen

Título Original: Adulthood Is A Myth
Autor: Sarah Andersen
Editora: Seguinte
Páginas: 120
Gênero: Tirinhas, Humor
País: USA
ISBN: 9788555340215
Classificação: ★★★
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Uma compilação das melhores e mais engraçadas tirinhas da Sarah Andersen, Ninguém Vira Adulto de Verdade é um trabalho de criatividade e delicadeza. Retratando situações cotidianas - em especial, situações que acometem mulheres -, as ilustrações ficaram famosas originalmente no Facebook, na página Sarah's Scribbles e foram traduzidas para diversos idiomas.

Sarah é bastante conhecida por tratar de temas polêmicos como o feminismo, ansiedade, bullying, entre outros em suas tirinhas. De maneira muitas vezes crítica, a autora coloca seu ponto de vista nas pequenas histórias e isso as torna únicas. Em algumas tirinhas, por exemplo, temos como personagem um útero que apronta com sua dona e disso, meninas, nós entendemos bem.

A edição brasileira tem um projeto gráfico em tons de amarelo. Ninguém Vira Adulto de Verdade foi publicada em outros idiomas mantendo o projeto gráfico original, diferenciando apenas as cores para cada país. O que faz com que os fãs da ilustradora desejem ter todas as edições estrangeiras coloridinhas na estante. 

Leitura recomendada não apenas para os fãs de tirinhas ou da Sarah Andersen, mas também para as garotas - de todas as idades - que sofrem com o cotidiano de, infelizmente, ter que crescer. Ou fingir que cresceu. 


Sinopse: As tirinhas certeiras de Sarah Andersen, que já contam com mais de 1 milhão de fãs no Facebook, registram lindos fins de semana passados de pernas pro ar na internet, a agonia de andar de mãos dadas com alguém de quem estamos a fim (e se os dedos ficarem suados?!), a longa espera diária para chegar em casa e vestir o pijama, e a eterna dúvida de quando, exatamente, a vida adulta começa.

Em outras palavras, este livro é sobre as estranhezas e peculiaridades de ser um jovem adulto na vida moderna. A sinceridade com que Sarah Andersen lida com temas como autoestima, timidez, relacionamentos e a frequência com que lavamos o sutiã torna impossível não se identificar com esses quadrinhos hilários e carismáticos.

outubro 15, 2016

[Livros] A Garota Dele - Simone Elkeles (Amor em Jogo #2)

Título Original: Wild Crush
Autor: Simone Elkeles
Editora: Globo Alt
Páginas: 304
Gênero: YA, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788525062284
Classificação: ★★
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Um young adult levemente romântico e clichê, A Garota Dele não é um daqueles livros marcantes, mas é uma leitura gostosa e cheia de momentos fofinhos. Simone Elkeles escreve com uma leveza característica do gênero e seus personagens são tão comuns quanto qualquer um de nós, por isso ler seus livros é como ouvir a história de um amigo. 

Apesar de tratar de um tema pesado, a autora optou por não desenvolver muito os problemas dos protagonistas e talvez essa tenha sido a primeira de suas falhas. Tendo em mãos uma narrativa mais forte do que pretendia, Elkeles acabou mantendo o foco no romance proibido que dá nome ao livro. Com a visão alternada dos personagens, vamos entendendo melhor como essa paixão secreta começou.

Victor Salazar é apaixonado por Monika desde sempre, mas ela é nada menos que a namorada do seu melhor amigo, o perfeito Trey. Conformado com o fato de que nunca poderá tê-la, o garoto que tem sérios problemas de agressividade desconta esse e outros problemas desferindo socos e dando respostas grosseiras para todos a seu redor.

Um rebelde forçado, Victor não chega a ser aquele típico badboy que costumam nos encantar nos livros, ele é mais um garoto revoltado e infeliz que não sabe como lidar com sua própria vida. O pouco carisma dos protagonistas faz com que o leitor não torça por nenhum deles. Na verdade, o único personagem minimamente interessante é Trey, que infelizmente não narra nenhum capítulo. 

Há um aspecto muito importante que deveria ter sido mais trabalhado e que determinaria o motivo do comportamento rebelde do protagonista: sua relação com o pai. Quase todo adolescente já teve problemas com a autoridade paterna e as excessivas cobranças ou expectativas que são jogadas nos nossos ombros. Victor sofre com o distanciamento do pai e seu evidente desgosto pelo próprio filho. As razões não exploradas teriam dado mais força a superficialidade do drama familiar dos Salazar, mas novamente, a autora optou por deixar isso de fora.

A Garota Dele, infelizmente, não supriu minhas expectativas, é impossível não terminar a leitura com a sensação de que a trama poderia ter sido melhor desenvolvida. Apesar do que faltou, o young adult traz um pouquinho de vários gêneros e é uma boa leitura para coraçõezinhos pouco exigentes, afinal, Victor ainda é um projeto de badboy, quem sabe quando ele for mais velho, me convença. 

"Eu queria ser assim tão confiante. Mas posso assumir o papel. Bree faz aulas de teatro. Ela diz que a gente deve se entregar a ele ou abandoná-lo. Hoje a noite vou me entregar." (p. 233)

Sinopse: A garota dele é o aguardado spin off de Amor em jogo, de Simone Elkeles. No livro, a autora best-seller explora a história conturbada de amor e de amizade entre Monika e Victor, personagens já apresentados no primeiro livro.

Victor Salazar tem má fama no colégio por causa das brigas em que se envolve e por suas notas baixas. À parte as impressões superficiais, Victor tem um bom coração e está sempre tentando proteger as pessoas que ama. Filho de mexicanos, o garoto não tem uma boa relação com o pai e vive com o dilema angustiante de ser apaixonado por Monika, a namorada de seu melhor amigo Trey.

Inteligente e educado, Trey parecia ser o par perfeito para Monika, mas assim que o terceiro ano começa, ele deixa o namoro em segundo plano para se dedicar às missões de se tornar o primeiro da classe e vencer o campeonato estadual de futebol. O relacionamento dos dois começa a esfriar e alguns acontecimentos surpreendentes vão aproximar Monika do “bad boy” Victor.

Com capítulos intercalados, que narram a história sob a perspectiva ora de Monika ora de Victor, o romance preserva o ritmo de suspense e também a complexidade e os desejos de cada um dos personagens. Assim como em Amor em jogo, Simone Elkeles apresenta uma linguagem descontraída ao mesmo tempo em que constrói um enredo profundo e comovente, no qual discute questões como família, amadurecimento e princípios.

"- Porra se tem alguém que pode desentocá-lo, é você.
- Como sabe disso?
Isa dá uma piscadela.
- Não sei muita coisa, mas sei que você o assusta muito. E ele não tem medo de nada." (p. 245)


outubro 06, 2016

[Livros] Atlas de Nuvens - David Mitchell

Título Original: Cloud Atlas
Autor: David Mitchell
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 544
Gênero: Ficção, Romance
País: Reino Unido
ISBN: 9788535927580
Classificação: ★★★
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Uma obra única, Atlas de Nuvens é, sem dúvida, uma leitura inesquecível. Não é apenas um dos melhores livros que eu já li na vida, é, de fato, o melhor. A forma como David Mitchell interliga as vidas de seis estranhos em épocas distintas e de diferentes maneiras é nada menos que genial. A adaptação cinematográfica - igualmente brilhante - não fica atrás e emociona com um toque de romantismo a história original. Destaque também para Paulo Henriques Britto que fez um excelente trabalho em uma obra de dificílima tradução.

As tramas complexas e intrincadas que unem ações e suas consequências ao longo do tempo são narrada de seis diferentes maneiras e sua ordem faz parte de uma engenhosa sequência escrita por Mitchell. Utilizando gêneros textuais característicos e diretamente relacionados às épocas das histórias narradas, o autor compõe uma bela sinfonia ao fazer com que eles se complementem como uma escala musical. 

A música é parte fundamental da compreensão de Atlas de Nuvens, aliás, o sexteto de Cloud Atlas, que dá nome ao livro, está presente em toda a narrativa - desde a estruturação do romance até a diagramação e também na belíssima capa brasileira da obra. O romance de seis protagonistas é uma clara alusão a um sexteto, que necessita de seis diferentes instrumentos para sua completa harmonia.

Adam Ewing é um jovem advogado que escreve em seu diário os acontecimentos de uma importante viagem. Seu diário é lido por Robert Frosbisher, um músico depressivo que busca ser reconhecido por suas composições, ele se comunica com seu amante, Sixmith, por meio de cartas. Essas cartas são lidas por Luisa Rey, uma jornalista e escritora que investiga uma organização corrupta e poderosa, seus relatos sobre o caso são compilados em forma de romance. O romance de Luisa Rey é lido por Timothy Cavendish, um atrapalhado editor que busca nos originais recebidos uma obra digna de sua publicação. A cômica história de Cavendish se torna um filme - ou um disney - e é assistido no futuro pela jovem Somni 451. Somny é uma fabricante, uma espécie de clone criado para servir os "seres humanos". Sua função foi delimitada muito antes de sua existência, mas ela rompe todos os paradigmas de sua raça ao ousar pensar e questionar sua própria vida. Sua história e coragem de destruir todo um Sistema de escravidão a tornaram uma heroína e, posteriormente, uma deusa. A deusa Somni é venerada num futuro pós-apocalíptico por Zachary, um camponês humilde que é desafiado a pensar questionar suas próprias crenças e tentar compreender o mundo com outros olhos.

Todas as histórias, exceto a de Zachary que é o ápice da narrativa, são contadas em duas partes e essa estruturação - a qual me referi no começo da resenha - forma uma espécie de escala conectando uma história à outra. O livro começa e termina com Adam Ewing e como no ciclo infinito da vida, David Mitchell ressalta a relação entre nossas ações e suas consequências, um ciclo cármico que mantém o equilibro e a harmonia.

Um dos elos mais fortes que une todas as histórias é o desejo por liberdade. Cada um dos protagonistas se encontra escravo de algum tipo de situação, afinal, a liberdade é um conceito ainda tão etéreo quanto as nuvens. 

A linguagem empregada pelo autor se adapta ao tempo e tipo específico de narração e, especialmente nos tempos futuros, revela as predições dos linguistas. O conceito de que a linguagem tende a ser compactada e modificada com o tempo fica bem evidente com o declínio da sociedade na história de Zachary. A gramática normativa - ou formal - dá lugar ao discurso oral onde não existem regras, apenas a comunicação em si. É como se nosso fim fosse nos fazer retornar aos nossos primórdios e temos novamente a imagem de um ciclo ao qual estamos destinados.

O destino é uma força mística muito presente em Atlas de Nuvens, não de uma forma determinante como se tudo já estivesse previamente determinado nas estrelas. Pelo contrário, o atlas de nuvens seria uma representação do destino, um mapa com cada uma das nossas escolhas sobrepondo-se em diferentes eras, diferentes vidas. 

Uma obra de arte, Atlas de Nuvens traz uma compreensão única do mundo e da vida. David Mitchell nos mostra que somos protagonistas em nossa própria vida, mas apenas coadjuvantes no grande plano. Somos tão diferentes quanto iguais e lutamos por liberdade. Repleto de metáforas e escrito com maestria por um gênio da literatura e amante da filosofia, este é um livro que ousa nos fazer levantar os olhos para ver nas nuvens o passado e o futuro.

"Perguntei como Yoona havia encontrado a sala secreta.
- Curiosidade - ela respondeu. 
Eu não conhecia a palavra. 
- Curiosidade é uma lanterna ou uma chave?
Yoona disse que era as duas coisas. Então mostrou-me o maior tesouro de todos. 
- Este livro - disse ela, num tom de reverência, - mostra o Lá-Fora tal como ele é na verdade." (p. 206)

Sinopse: Um viajante forçado a atravessar o oceano Pacífico em 1850; um jovem compositor deserdado, conquistando à força de tortuosas invenções um modo de vida precário num solar da Bélgica, entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra; uma jornalista com princípios morais na Califórnia do governador Reagan; um editor menor fugindo aos seus credores mafiosos; o testamento de uma «criada de restaurante» geneticamente modificada, ditado na ala da morte; e Zachry, jovem ilhéu do Pacífico que assiste ao crepúsculo da Ciência e da Civilização: são os narradores de "Atlas de Nuvens", que escutam os ecos uns dos outros através dos corredores da história e vêem os seus destinos alterados de várias maneiras.

Neste que é um dos romances mais importantes da atualidade, David Mitchell combina o gosto pela aventura, o amor pelo quebra-cabeça nabokoviano e o talento para a especulação filosófica e científica na linha de Umberto Eco, Haruki Murakami e Philip K. Dick. Conduzindo o leitor por seis histórias que se conectam no tempo e no espaço — do século XIX no Pacífico ao futuro pós-apocalíptico e tribal no Havaí — Mitchell criou um jogo de matrioskas que explora com maestria questões fundamentais de realidade e identidade.'

"A assimetria exige que haja também um futuro real e um virtual. Imaginamos como vai ser a semana que vem, o ano que vem ou o ano 2225. - um futuro virtual pode influenciar o real, como naquelas profecias que acabam se autorrealizando, mas o futuro real vai eclipsar o virtual, tal como o amanhã eclipsará o hoje. Tal como a utopia, o futuro real e o passado real só existem numa distância nevoenta, onde já não servem para nada, para mais ninguém." (p. 419)


outubro 03, 2016

[Promoção] Aniversário - Amiga da Leitora


O Amiga da Leitora está comemorando seu 6° aniversário e como essa data é muito especial, alguns blogs amigos se reuniram para fazer uma grande comemoração onde quem ganha o presente é você!

São 18 livros incríveis, divididos em cinco kits, para cinco ganhadores. E para participar é muito simples, basta preencher o formulário dos kits que você deseja concorrer, cumprir as opções obrigatórias para destravar as chances extras, e torcer!


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REGRINHAS DO AMOR:

- Os participantes devem residir ou possuir endereço de entrega no Brasil.
- Aquele que ganhar um kit está automaticamente eliminado do sorteio dos demais kits.
- Cada blog fará o envio do livro que cedeu ao sorteio, tendo eles até 45 dias para envio após o recebimento dos dados do ganhador.
- Não nos responsabilizamos por qualquer dano ou extravio ocorrido pela parte do Correios.
- O sorteio será finalizado dia 01 de Novembro de 2016, e o resultado será divulgado nas redes sociais e nesse próprio post em até 10 dias após o sorteio.
- Cada ganhador receberá um e-mail da nossa equipe e deverá nos retornar dentro de 72 horas.
- Caso os ganhadores não tenham cumprido algumas das regras um novo sorteio será realizado.
Boa sorte a todos! Duvidas basta entrar em contato por e-mail ou pela aba de contato aqui do blog.

setembro 13, 2016

[Textos] Desculpe o transtorno, preciso falar da Clarice - Gregorio Duvivier


Conheci ela no jazz. Essa frase pode parecer romântica se você imaginar alguém tocando Cole Porter num subsolo esfumaçado de Nova York. Mas o jazz em questão era aquela aula de dança que todas as garotas faziam nos anos 1990 –onde ouvia-se tudo menos jazz. Ela fazia jazz. Minha irmã fazia jazz. Eu não fazia jazz mas ia buscar minha irmã no jazz. Ela estava lá. Dançando. Nunca vou me esquecer: a música era "You Oughta Know", da Alanis.

Quando as meninas se jogavam no chão, ela ficava no alto. Quando iam pra ponta dos pés, ela caía de joelhos. Quando se atiravam pro lado, trombavam com ela que se lançava pro lado oposto. Os olhos, sempre imensos e verdes, deixavam claro que ela não fazia ideia do que estava fazendo. Foi paixão à primeira vista. Só pra mim, acho. 

Passamos algumas madrugadas conversando no ICQ ao som de Blink 182 e Goo Goo Dolls. De lá, migramos pro MSN. Do MSN pro Orkut, do Orkut pro inbox, do inbox pro SMS.

Começamos a namorar quando ela tinha 20 e eu 23, mas parecia que a vida começava ali. Vimos todas as séries. Algumas várias vezes. Fizemos todas as receitas existentes de risoto. Queimamos algumas panelas de comida porque a conversa tava boa. Escolhemos móveis sem pesquisar se eles passavam pela porta. Escrevemos juntos séries, peças de teatro, filmes. Fizemos uma dúzia de amigos novos e junto com eles o Porta dos Fundos. Fizemos mais de 50 curtas só nós dois —acabei de contar. Sofremos com os haters, rimos com os shippers. Viajamos o mundo dividindo o fone de ouvido. Das dez músicas que mais gosto, sete foi ela que me mostrou. As outras três foi ela que compôs. Aprendi o que era feminismo e também o que era cisgênero, gas lighting, heteronormatividade, mansplaining e outras palavras que o Word tá sublinhando de vermelho porque o Word não teve a sorte de ser casado com ela.

Um dia, terminamos. E não foi fácil. Choramos mais que no final de "How I Met Your Mother". Mais que no começo de "Up". Até hoje, não tem um lugar que eu vá em que alguém não diga, em algum momento: cadê ela? Parece que, pra sempre, ela vai fazer falta. Se ao menos a gente tivesse tido um filho, eu penso. Levaria pra sempre ela comigo.

Essa semana, pela primeira vez, vi o filme que a gente fez juntos — não por acaso uma história de amor. Achei que fosse chorar tudo de novo. E o que me deu foi uma felicidade muito profunda de ter vivido um grande amor na vida. E de ter esse amor documentado num filme — e em tantos vídeos, músicas e crônicas. Não falta nada.

- Gregorio Duvivier

setembro 06, 2016

[Livros] Por Lugares Incríveis - Jennifer Niven

Título Original: All The Bright Places
Autor: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Páginas: 336
Gênero: YA, Ficção, Romance
País: Estados Unidos
ISBN: 9788565765572
Classificação: ★★★
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Por mais livros incríveis como este! A sensibilidade e honestidade com que Jennifer Niven escreve essa história são emocionantes. Cada trecho de Por Lugares Incríveis carrega um pouco da mente perturbada de um adolescente e em cada questionamento e crise é possível imaginar um pedaço de nossa própria consciência se esvaindo, pedindo socorro como tantas deveriam conseguir pedir. 

A temática - suicídio - é forte, intensa e devastadora, não apenas para quem é suicida ou para seus familiares e amigos, mas também para quem a observa ao longe. Mesmo que o suicídio seja uma possibilidade distante, muitos já pensaram em acabar com sua própria dor. Talvez todos nós. O que nos torna sobreviventes, nos protege de nós mesmos é um conjunto de coisas: nossas crenças, nossa família e, principalmente, nossa consciência. Essa consciência, no entanto, que nos mantém vivos está vulnerável a doenças e transtornos e pode se tornar uma armadilha.

A depressão é uma doença sorrateira que se infiltra em nossas mentes e nos faz querer desistir aos poucos. De tudo. Até que não sobre nada mais pelo quê lutar. Suicidas não são pessoas que decidiram jogar suas vidas fora por nada. Suicidas não são covardes. Suicidas não desistiram por serem fracos. Suicidas são pessoas que não sabem mais o que fazer, que não vêem outra saída e que, por estarem presas em quartos escuros dentro de suas próprias mentes, fogem daquilo que tanto os tortura porque não há mais como aguentar.

Jennifer Niven foi corajosa ao decidir compartilhar com seus leitores um pouco da história de alguém que ela conheceu. Inspirado num grande amigo da autora, Por Lugares Incríveis conta a história de Finch, um garoto incomum, obcecado por suicídio. Enquanto pensamentos autodestrutivos tomam conta de sua mente a cada segundo do seu dia, ele conta quanto tempo tem até perder o controle de si mesmo. Sem compartilhar sua condição com ninguém, o garoto cujos pais não se importam, vive para morrer.

As coisas mudam quando Finch conhece a encantadora Violet. Tão traumatizada e quebrada quanto ele, Violet estava pensando em se jogar da torre do sino da escola. Após ver a irmã morrer em um acidente de carro - do qual ela se sente imensamente culpada - a jovem que sonhava ser escritora se descobre sem palavras e sem vontade de viver. Em meio a tanta dor e desespero, esses dois adolescentes despedaçados vão aprendendo a colar os cacos um do outro para permanecerem aqui.

Uma das mais lindas histórias que eu já li, Por Lugares Incríveis é tão emocionante quanto verdadeiro. Por diversas vezes, chorei e me identifiquei com Violet ou Finch e sua urgência de ser. Ao contrário dos dois, meus transtornos mentais não envolvem morte, mas sim medo e, por isso, de tempos em tempos, também procuro ajuda. Nunca estive no parapeito pensando em me jogar, mas já me agarrei ao corrimão com medo de cair, um medo tão paralisante que dominou cada segundo do meu dia, cada escolha que eu fazia e ainda faço. Todos temos problemas, medos e precisamos de ajuda, não estamos sozinhos e se algo está errado com você, assim como está comigo, você sempre pode contar com um amigo. Estive aqui e estou aqui e o mundo é um lugar incrível onde há tanto para ver e tanto para ser.

"Um ponto positivo da vida é que podemos ser alguém diferente para cada pessoa." (p. 36)

Sinopse: Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, Violet se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família.

Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los

"Você foi, sob todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. [...] Se existisse alguém capaz de me salvar, seria você." Woolf, Virginia (p. 94)


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