novembro 20, 2020

[Livros] Moonshadow - J. M. DiMatteis & Jon J. Muth

Título Original
: Moonshadow
Autor: J.M. DiMatteis & Jon J. Muth
Editora: Pipoca & Nanquim
Páginas: 540
Gênero: História em Quadrinhos, Graphic Novel
País: EUA
ISBN: 9788593695506
Classificação: ★★
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Uma verdadeira obra de arte, Moonshadow é, sem dúvidas, um conto de fadas para adultos. É uma graphic novel primorosa que combina as aquarelas de Jon J. Muth com o roteiro impecável de J. M. DiMatteis. Considerada a primeira história em quadrinhos totalmente ilustrada em pinturas, Moonshadow é complexa, sensível e única.

Acompanhamos a história do despertar do protagonista, que nasceu sob circunstâncias nada comuns em um zoológico espacial. Sua mãe, Sunflower, é uma humana sonhadora, que foi abduzida por criaturas de uma poderosa e misteriosa raça alienígena. Ele é, então, fruto do cruzamento dessas duas raças, um garoto peculiar como suas origens.

Isolado das outras criaturas, Moon cresce cercado por livros e música. Com a influência de sua mãe, que era hippie nos anos 70 e acredita no poder do amor e da paz, ele se torna um romântico, otimista e tem um coração genuinamente bom. O problema é que o universo não retribui bons corações com bondade.

Sua jornada se inicia a partir do momento em que ele é dolorosamente expulso por seu pai do zoológico que sempre chamou de lar. Levando consigo apenas as lembranças dos livros que leu, sua mãe e seu melhor amigo - que na verdade, o odeia - Moonshadow vai aprender que a vida é muito mais do que fantasia. Há beleza, amor, tristeza e dor nos esperando.

Repleto de metáforas incríveis, o livro vai se tornando menos surrealista a medida que Moonshadow vai amadurecendo, porém nunca perdendo sua aura fantástica. Vemos o mundo pelos olhos do puro milagre que Moonshadow é, cada acontecimento e personagem bizarro que encontra com ele é um contraste perfeito do que ele vê e do que ele é. O livro traz temas importantes como homossexualidade, religião, capitalismo, política, loucura, morte e, principalmente, a compreensão da existência.

Seu final é belíssimo, um dos mais bonitos que eu já pude ler. O livro que é um compilado de todas as edições da série foi publicado aqui no Brasil com primor pela editora Pipoca & Nanquim numa edição em capa dura, com qualidade e conteúdos extras que tornam ainda mais mágica a experiência do leitor. O velho Moonshadow te convida a ouvir sua história, é um mergulho fantástico nas memórias do garoto mais incrível que conheci. Terminei a leitura com lágrimas nos olhos, contemplei o céu e a lua sorria para mim.

Sinopse: Moonshadow, um dos maiores clássicos das histórias em quadrinhos, criado por J.M. Dematteis e Jon J. Muth, retorna em edição definitiva pela editora Pipoca & Nanquim. Acompanhe a trajetória de Moonshadow, um jovem romântico, fruto do relacionamento de uma terráquea com um ser alienígena, durante sua jornada do despertar. Tendo vivido boa parte da existência em um zoológico espacial que reúne espécimes abduzidos de todo o cosmo pela misteriosa raça de esferas sorridentes conhecidas simplesmente como Des-mesus, o inocente Moon — cujo conhecimento das coisas se baseia apenas em livros e no que sua mãe hippie lhe contava — parte em uma aventura ao lado do canalha Ira e do fiel gato Frodo, para descobrir que a vida é muito diferente do que ele imaginava. Para bem ou para mal. Ao longo de um mar de desbravamentos, vai-se costurando uma narrativa que discute vários assuntos de interesse humano, ao mesmo tempo em que Moonshadow amadurece e avança rumo ao seu destino.

Política, religião, filosofia, sexo, amor, guerra, morte e vida são alguns dos temas habilmente abordados pelos autores conforme o nosso herói e sua trupe se envolvem nas mais distintas e fantásticas situações. O volume lançado pela editora, baseado em arquivos digitalmente restaurados, é apresentado em capa dura com verniz localizado, lombada redonda, acabamento de luxo e fitilho marcador. Além de compilar as doze edições originais da minissérie, esta versão definitiva reúne o conto ilustrado Adeus, Moonshadow, que se passa anos após o término da saga, um prefácio exclusivo de J.M. Dematteis, páginas originais do roteiro e as ideias preliminares que deram origem a uma das maiores e mais lembradas histórias de ficção e fantasia dos quadrinhos de que se tem notícia. Um conto de fadas para adultos que precisa estar na coleção de todos os leitores de hqs.

novembro 06, 2020

[Livros] Flores para Algernon - Daniel Keyes

Título Original
: Flowers For Algernon
Autor: Daniel Keyes
Editora: Aleph
Páginas: 288
Gênero: Distopia, Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788576573937
Classificação: ★★
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Sensível, emocionante e bonito, Flores para Algernon foi, sem dúvidas, uma das melhores leituras da minha vida. Escrevo essa resenha com os olhos cheios de lágrimas por ter lido a história de Charlie Gordon, esse rapaz incrível desde sempre e que guardava em si toda a pureza do mundo por não ser capaz de compreender a maldade.

Aos 32 anos, Charlie Gordon tem apenas um sonho: se tornar inteligente. O rapaz, que possui uma deficiência intelectual severa, viveu a vida toda desejando ser "igual aos outros". Seu baixo QI fez com que ele sempre se sentisse inferior às pessoas ao seu redor e, assim, a inteligência passa a ser seu maior objetivo. Quando surge uma inovadora cirurgia capaz de estimular áreas específicas do cérebro e, consequentemente, aumentar sua capacidade de raciocínio e memória, Charlie se vê diante da possibilidade de ser a pessoa que ele sempre quis ser.

A narrativa brilhante de Daniel Keyes é escrita em forma de relatórios de progresso feitos pelo próprio protagonista. Charlie começa escrevendo com notável dificuldade e é possível analisar a falta de coerência e coesão em seus pensamentos. Ideias desconexas, pouco vocabulário e muitos erros gramaticais, no entanto, não interferem na sua capacidade comunicativa. A alma, a mente e as experiências de Charlie estão ali naqueles relatórios e é bonito acompanhar o quanto sua escrita e sua capacidade de aprendizagem aumentam a cada página.

Cada erro cometido ortográfico pelo protagonista evidencia o quanto seu processo de desenvolvimento é constante. Aos poucos eles vão ficando menos frequentes e é possível ver um tipo de escrita de complexidade avançada, a ponto de o próprio leitor não entender alguns diálogos científicos mais específicos. O emprego de metalinguística nesse livro é uma brilhante estratégia do autor para nos conectar com o personagem.

O desenvolvimento de Charlie é exponencial, no entanto, o emocional não consegue acompanhar seu intelecto. Cada dia mais inteligente e mais ciente do mundo ao seu redor, o homem com maturidade de criança se vê pela primeira vez tendo a compreensão do mundo como ele é: cruel, mesquinho, injusto. Toda a pureza, alegria e a ignorância que Charlie Gordon trazia consigo desaparecem e o conhecimento se torna um fardo, destruindo-o de dentro para fora.

Flores para Algernon é um livro sobre como as pessoas podem ser ruins e sobre como elas também podem ser boas sem que nunca saibamos. Inteligência não é grande coisa sem um bom coração e talvez ambos não possam coexistir num mundo tão injusto e cruel como o que vivemos. Talvez no futuro seja possível fazer alguém ficar mais inteligente, mas o que o mundo mais precisa são pessoas boas.

Sinopse: Aos 32 anos, Charlie trabalha na padaria Donners, ganha 11 dólares por semana e tem 68 de QI. Porém, uma cirurgia revolucionária promete aumentar a sua inteligência, considerada gravemente baixa. O problema? Enxergar o mundo com outros olhos e mente pode trazer sacrifícios para a sua própria realidade. E resta saber se Charlie Gordon está disposto a fazê-los.

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