setembro 24, 2017

[Livros] Meus Dias Com Você - Clare Swatman

Título Original: Before You Go
Autor: Clare Swatman
Editora: Arqueiro
Páginas: 288
Gênero: Romance, Ficção
País: Inglaterra
ISBN: 9788580417401
Classificação★★★★☆
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Romance de estreia de Clare Swatman, Meus Dias Com Você narra uma emocionante história de arrependimento, perda e amor. Apesar do clichê romântico já visto em diversos filmes do gênero, a narrativa comove e nos faz pensar sobre as consequências de cada pequena ação. O casal de protagonistas é tão cheio de falhas que chega a ser palpável e, apesar de ser ficção, não é difícil se colocar no lugar deles.

A temática - voltar no tempo para consertar as coisas - é uma velha conhecida dos fãs de ficção científica que tem sido misturada aos romances contemporâneos. Quando incorporada à reflexão e ao arrependimento da protagonista, a chance de mudar o passado e, assim, tentar afetar o presente se torna seu objetivo. Ainda que exista paradoxo de que nada pode realmente ser mudado, o leitor torce para que tudo dê certo.

Começando pelo final e de forma impactante, a trama se desenvolve a partir da morte de Ed. Sua esposa, Zoe, se vê desolada e arrependida por ter brigado com ele na manhã do acidente. Eles nem sequer se despediram e a última vez que se viram sentiam raiva um do outro. O sentimento que o primeiro capítulo gera é de tristeza e angústia porque tantas vezes ficamos furiosos com alguém sem pensar que aquele pode ser nosso último encontro. As coisas pelas quais brigamos têm mesmo tanta importância?

No entanto, algum tempo após a morte do marido, Zoe acorda em um tempo diferente, num lugar conhecido onde Edward Williams ainda não morreu. Ela está na faculdade, no dia em que viria a conhecer o amor da sua vida e tem a chance de tentar mudar as coisas, quem sabe tentar salvá-lo.

Zoe recebe o privilégio de reviver os dias mais importantes da sua vida, mas por mais que tente mudar as coisas, as consequências são sempre as mesmas. Ela, então, decide aproveitar essa segunda chance para amar o marido de novo, mais do que amou pela primeira vez. É absolutamente devastador o desespero da protagonista ao fechar os olhos, sem saber se aquela será a última vez em que verá Ed. É um choque ainda maior pensar que deveríamos nos sentir assim todos os dias.

Apesar de previsível e clichê, Meus Dias Com Você traz uma mensagem tão linda que pouco importa se já a vimos diversas vezes. Às vezes, somos obrigados a viver uma experiência mais de uma vez para finalmente aprender algo com ela. Ainda não podemos alterar o nosso passado ou reviver nossos momentos favoritos, mas podemos aproveitar cada segundo como se fosse o último quando tomamos a consciência de que um dia será mesmo. 

"Quero dizer a ele que nunca é o momento certo, que a vida é muito curta para jogar as coisas fora, para perder tempo, para ficarmos separados. Mas não posso, e sei que um cara de 19 anos não tem como compreender isso." (p. 43)

Sinopse: Quando o marido de Zoe morre, o mundo dela desaba. Mas e se fosse possível tê-lo de volta? Numa fatídica manhã, Ed e Zoe têm uma discussão terrível, algo recorrente no seu casamento em crise, e ela acaba se despedindo de forma brusca quando ele sai para o trabalho.

Pouco tempo depois, um ônibus acerta a bicicleta de Ed, matando-o e deixando Zoe arrasada por não ter lhe dito quanto o amava. Se tivessem ficado mais um pouco juntos aquela manhã, ele ainda estaria vivo? Será que poderiam ter reconstruído o amor que os unira?

Após dois meses, Zoe ainda não conseguiu se conformar. De luto, decide cuidar do jardim do marido, quando acaba caindo e desmaiando. Então, algo estranho acontece: ao acordar, ela está em 1993, no dia em que conheceu Ed na faculdade.

A partir desse instante, Zoe passa a reviver momentos cruciais de sua vida e percebe que talvez tenha conseguido uma segunda chance: uma oportunidade de fazer tudo diferente, de focar naquilo que realmente importa, de mudar os rumos do relacionamento – e, quem sabe, o destino de seu grande amor.

"Ele está tão bonito e tão jovem, usando calça jeans rasgada no joelho e os cabelos caindo nos olhos, e meu coração se aperta um pouco mais, quase explodindo de amor. Meu Ed. 
E então aqui está ele, na minha frente, e seu rosto se abre em um sorriso largo quando me vê, e é como se o sol tivesse nascido." (p. 60)


setembro 22, 2017

[Livros] Contos de A Fúria e a Aurora - Renée Ahdieh

Título Original: The Crown and The Maze
Autor: Renée Ahdieh
Editora: Globo Alt
Páginas: 104
Gênero: Romance, Ficção, Contos
País: EUA
ISBN: 9788525064394
Classificação★★★★☆
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Um livro de contos tão curtinho quanto bonitinho, essa coletânea nos transporta mais uma vez para as areias do deserto e nos faz matar a saudade dos protagonistas inesquecíveis de A Fúria e a Aurora. Histórias já conhecidas são narradas sob outro ponto de vista e, por isso, temos uma visão mais ampla dos acontecimentos dos livros anteriores. 

Renée Ahdieh recontou a história de Sherazade e fez com que nos apaixonássemos por suas mil e uma histórias. Seus  personagens são cativantes e é impossível não criar empatia por cada um deles: Despina, Jalal, Khalid e a protagonista absoluta, Shazi. Senti falta de um pouco mais de Tariq, o terceiro elo do triângulo amoroso, mas talvez a autora tenha outros planos para ele. 

Como um tapete mágico, as páginas escritas por Ahdieh nos levam diretamente para um mundo incrível que mistura fantasia, ficção e magia. Khalid, o amante amaldiçoado, se mostra ainda mais apaixonante e conquista um pouco mais meu coração. Eu queria muitas histórias mais, mas tudo bem... vou fechar os olhos e sonhar com o rei de Khorasan enquanto espero pela próxima aurora.

"Fazia sentido acreditar que essa garota - essa Sherazade al-Khayzuran - não devia estar em sã consciência. Pela experiência de Khalid, apenas duas coisas levavam as pessoas a tomar medidas tão drásticas. 
Amor. E ódio. 
Qual seria o caso?" (p. 14)

Sinopse: O que passava pela cabeça de Khalid antes dele conhecer Sherazade e qual foi a sua primeira impressão ao vê-la? O que ele sentiu, tempos depois, já completamente apaixonado por ela, ao ser forçado a se afastar e ver seu palácio destruído? E como Despina se envolveu e se apaixonou pelo capitão da guarda real Jalal al-Khoury? Nesses três contos, Renée Ahdieh retorna ao mundo de As mil e uma noites para dar voz a Khalid e Despina em pontos chave da história, nos envolvendo novamente nesse encantador universo de palácios, desertos e paixões avassaladoras.

"- Você mandou Sherazade embora com um rapaz a quem eu não confiaria uma cobra morrendo. Você não tem ideia...

- Ele a ama, Khalid jan - Jalal interrompeu com suavidade. - Ele a manterá em segurança. Ele me prometeu.
- E o que lhe dá o direito de....
- Olhe à sua volta, Khalid Ibn al-Rashid. Olhe à sua volta com olhos de homem, não com o coração de um menino." (p. 36)


setembro 06, 2017

[Livros] As Cores do Amor - Camila Moreira

Título Original: As Cores do Amor
Autor: Camila Moreira
Editora: Paralela
Páginas: 320
Gênero: Ficção, Romance, Hot
País: Brasil
ISBN: 9788584390823
Classificação★☆☆☆☆
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As Cores do Amor, recebido em parceria com a editora Paralela, infelizmente, foi uma das minhas maiores decepções literárias. O romance forçado e repleto de exageros não conseguiu me convencer e, confesso, torci mais para que os protagonistas se separassem do que para que ficassem juntos. 

Com uma premissa - à primeira vista - interessante e abordando em primeiro plano o racismo, o livro tinha bastante potencial mas se perde em excessos. As situações e a intensidade do preconceito são absurdas e ainda que - até quando? - uma constante na vida de pessoas negras, soaram fabricadas demais para forçar reações.

Apesar de ambientada na contemporaneidade, os pensamentos dos protagonistas nos remetem à romances de época, totalmente descontextualizados e pouco verossímeis. E se o comportamento do vilão da história, o racista e ignorante coronel Montolvani é injustificável, o do panaca de seu filho é ainda mais. 

Criado sob a vigilância de um pai cruel, preconceituoso e conservador, Henrique se "rebelou" contra os ideais de seu progenitor. Essa sua revolta, no entanto, não dura muito pois o jovem é obrigado a retornar à casa do pai quando descobre que ele está doente. Independente do que o coronel faça, Henrique sente pena do velho e volta para cuidar dele, como se o câncer do pai anulasse a podridão de sua alma. Essas idas e vindas do rapaz levando em consideração tudo o que o canalha faz para humilhá-lo são incompreensíveis para mim.

Após se apaixonar por Silvia, uma jovem negra, Henrique se vê num dilema: assumi-la ou não. O pai nunca aceitaria que ele namorasse alguém de pele escura e, para o protagonista, a aprovação do pai é algo a ser levado em consideração. Logo de início, o rapaz esnoba Silvia, tentando fingir que não a conhece perto do pai. Sua atitude covarde, no entanto, logo é esquecida e perdoada e o casal que não possui química alguma volta a se envolver.

Infelizmente, nada nesse romance funcionou para mim. Nem mesmo as cenas eróticas que prometiam prender a atenção dos leitores, conseguiram me convencer. Não há sensualidade, sutileza na descrição das cenas. Os diálogos são rasos, bobos e cheios de repetições irritantes, vide o tanto de vezes que eles usam os apelidos carinhosos 'minha morena' e 'galego'. Urgh!

Silvia é muito conformada, aceita tudo, perdoa todas as imbecilidades de Henrique enquanto paga de mulher forte, bem resolvida e madura. Existem muitas outras incongruências mas, dentre elas, a paixão repentina dos dois é a pior. Em poucos dias, ambos já falam de amor como se a humilhação que Silvia sofreu não fosse importante. É surreal a falta de proporcionalidade.

As Cores do Amor tem pouco de amor e muito de preconceito - e essa não é a premissa que o romance anuncia. Talvez se houvesse um maior equilíbrio entre ambos, a história fosse mais interessante. Me peguei querendo abandonar a leitura muitas vezes, eu realmente gostaria de ter visto cores mais vivas e um melhor desenvolvimento, infelizmente, não foi dessa vez. 

"- Se você diz, minha linda.
- Minha linda?
- Um homem pode sonhar." (p. 40)

Sinopse: O que define uma pessoa? O dinheiro? O sobrenome? A cor da pele? Filho único de um barão da soja, Henrique Montolvani foi criado para assumir o lugar do pai e se tornar um dos homens mais poderosos da região. No entanto, o jovem se tornou um cafajeste aos olhos das mulheres, um cara egocêntrico segundo os amigos e um projeto que deu errado na concepção do pai. 

Quando o destino coloca Sílvia em seu caminho, uma jovem decidida e cheia de personalidade, Henrique reavaliará todas as suas escolhas. O amor que ele sente por Sílvia o fará enfrentar o pai e transformará sua vida de uma maneira que ele nunca pensou que fosse possível. Um sentimento capaz de provar que nada pode definir uma pessoa, a não ser o que ela traz no coração.

"- Estou apaixonado por você.
Era tudo o que eu precisava ouvir.
Muitas vezes, passamos a vida toda nos escondendo do amor, tentando evitá-lo, mas esquecemos que não temos controle sobre esse sentimento. Não tem como aprisionar um furacão em um copo. Henrique me fazia sentir um turbilhão de emoções que não cabiam no meu coração." (p. 109)


setembro 04, 2017

[Livros] Eu Te Darei O Sol - Jandy Nelson

Título Original: I'll Give You The Sun
Autor: Jandy Nelson
Editora: Novo Conceito
Páginas: 364
Gênero: Ficção, YA, Romance
País: EUA
ISBN: 9788581636467
Classificação: ★★★★★
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Eu Te Darei O Sol é uma das melhores leituras da minha vida. Jandy Nelson escreveu uma história de cortar o coração e eu daria as estrelas para poder curar a dor desses protagonistas.

A narrativa expõe o drama de dois irmãos que se amam tanto quanto se odeiam e disputam a atenção dos pais. Gêmeos idênticos, eles sempre foram metades um do outro, mas a vida os separou e fez com que eles se perdessem de si mesmos. É como se não houvesse espaço para os dois juntos, mas só houvesse vazio quando estão separados.

Bullying, sexualidade, morte, rebeldia, arte, perdão, culpa, fé, felicidade e amor são apenas alguns dos temas que permeiam a obra de Jandy Nelson. Um livro complexo e repleto de metáforas, Eu Te Darei O Sol conta não só a jornada desses dois adolescentes tão parecidos quanto diferentes, mas também a de tantos outros jovens que sofrem por não se encontrarem em si mesmos.
É difícil escrever sobre um livro que mexeu comigo de forma tão intensa. Talvez minhas mãos pudessem expressar com mais precisão do que as palavras o sentimento que veio com essa leitura. Uma verdadeira obra-prima, esse young adult vai partir seu coração como que para dar vida a uma dolorosa escultura em pedra. E a arte final é única, sensível, brilhante como o sol. 

"Eu a encontro e a encontro e a encontro, mas não consigo realmente encontrá-la." (p. 257)

Sinopse: Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia.

Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém. Contado em perspectivas e tempos diferentes, EU TE DAREI O SOL é o livro mais desconcertante de Jandy Nelson. As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar.

"Platão falou sobre coisas que existiam e que tinham quatro pernas, quatro braços e duas cabeças. Eram coisas únicas, estáticas e poderosas. Poderosas demais, então Zeus as cortou pela metade e espalhou as metades pelo mundo, para que os humanos estivessem para sempre fadados a procurar suas metade, a metade com a qual compartilham a própria alma. Somente os humanos mais sortudos encontram suas metades, sabe?" (p. 338)

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