julho 13, 2020

[Livros] Memória da Água - Emmi Itäranta

Título Original: Memory Of Water
Autor: Emmi Itäranta
Editora: Galera Record
Páginas: 288
Gênero: Ficção, Distopia
País: Finlândia
ISBN: 9788501103116
Classificação: ★★
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Uma das melhores leituras que fiz esse ano, a história de Memória da Água vai ecoar na minha memória por um bom tempo. Uma distopia que se aproxima cada dia mais da realidade, este é o tipo de livro que assusta por sua temática - um futuro onde a água é escassa - e encanta pela forma como Emmi Itäranta a transmite.

A narrativa, quase poética, transborda sensibilidade e a água - elemento principal, protagonista e razão dessa história - está presente em cada ponto da escrita da autora. É uma homenagem, um aviso, um apelo, um grito de socorro. A água está acabando e com ela a vida.

O ciclo da vida está diretamente ligado à água e, por isso, estamos aqui. Ainda temos o privilégio de usufruir de tudo que a natureza nos dá, mas ainda assim, os desperdiçamos sem nos importar com as gerações futuras. O mal uso dos recursos naturais trará consequências que nós não iremos sentir, estamos cientes disso e pouco fazemos.

Após muitas guerras e a dominação da Europa pela China, a liberdade e a água se tornaram bens raros. A protagonista Noria é filha de um respeitado mestre do chá. Ela recebe a função de perpetuar as tradições de sua família e, portanto, estuda a sagrada cerimônia para um dia substituir seu pai. Ele a treina para honrar seu posto e guardar um precioso segredo de família.

Os habitantes do vilarejo estão aos poucos morrendo de sede. Com cotas de água cada vez mais restritas e o governo punindo aqueles que ousam obter água ilegalmente, muitas pessoas adoecem, padecem e sofrem no que restou de um mundo pós-guerra. As doenças causadas principalmente pela falta de higiene e saneamento se multiplicam e há pouco que se possa fazer além de esperar pela chuva, por um milagre ou pela morte.

O segredo que Noria precisa esconder é uma nascente embaixo das colinas. Seus ancestrais guardam essa informação há séculos e fizeram uso da água para manter viva a casa de chá e suas tradições. Ainda que o restante do vilarejo receba dois cantis de água por dia para sobreviver, compartilhar a água com o povo faria com que a fonte - como todas as outras - fosse confiscada pelo governo e, assim, ninguém mais teria direito a ela.

A falta de água, que nunca afetou sua família mas assombra o vilarejo, passa a sufocá-la. O que ela esconde poderia melhorar a vida das outras pessoas mas também condenar ela e sua família a morte. As escolhas feitas no passado parecem ter decidido por ela. Em um mundo de detritos, poeira e restos, há alternativa ou esperança? Talvez ainda seja possível escrever um final para a história do nosso mundo. No futuro, pessoas podem não durar tanto quanto os plásticos que hoje descartamos.

Sinopse: Num futuro distante, depois de muitas guerras, a Europa foi dominada pela China, e o bem mais precioso dos tempos antigos se tornou tão escasso quanto a liberdade. A água passou a ser controlada e distribuída em cotas pelos militares. Noria é filha de um mestre do chá, uma profissão muito antiga que tem conhecimento sobre a localização das nascentes de água.

Ela está sendo treinada para substituir o pai, e dentre todos os ensinamentos, ele revela à filha seu maior segredo: uma fonte natural escondida que fornece água para a família. Desamparada em um mundo destruído, ela começa a questionar o significado de tamanho privilégio. Guardar esse segredo é negar ajuda ao restante de população, e ajudá-los é colocar em risco a própria vida: os militares punem severamente quem for descoberto desfrutando de alguma fonte ilegal de água.

Como o pai a ensinou, é preciso ter sabedoria para compreender o verdadeiro poder da água. Mas Noria também aprendeu que a sabedoria representa, acima de tudo, o poder de decidir seu próprio destino, a escolha entre lutar e se entregar.

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