setembro 30, 2014

[Livros] Louco por Você - Jasinda Wilder

Título Original: Falling Into You
Autor: Jasinda Wilder
Editora: Novo Conceito
Páginas: 272
Gênero: Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788581635316
Classificação:
★★★★★
_______________

O equilíbrio perfeito de drama e romance erótico. Com maestria, Jasinda Wilder consegue unir temas complexos, densos e intensos, que não tem nada em comum e que levam o leitor às mais extremas emoções, do início ao final do livro. Poucas vezes vi uma narrativa tão forte, tão bem construída e com uma cronologia tão bem resolvida. O drama e o erotismo foram balanceados pela autora e deram forma a um dos mais excitantes romances do ano. Em todos os sentidos da palavra.

A narrativa fala de perdão, culpa, amor, sexo, relacionamentos, morte, superação, força, esperança e desejo. Como eu disse, são temas complexos e bem distintos, mas que formam um belo nó e se conectam no decorrer do livro. É possível sentir essa conexão também com os personagens, é uma ligação profunda, de alma para alma, que nos faz amar cada um deles e torcer para que eles possam curar suas fissuras. A perspectiva de que existem pessoas tão parecidas conosco e que enfrentam problemas que nós conhecemos tão de perto, só enriquece a história e nos desperta mais do que compaixão, esperança.

O livro tem muitas reviravoltas, mudanças e a autora fez questão de pontuar a evolução de cada personagem, amadurecendo suas atitudes e envelhecendo seus conceitos. Há uma diferença sutil, mas que não passa despercebida, entre a narrativa da primeira parte do livro e as demais. Há crescimento, amadurecimento, dor, aprendizado. O que a autora traz nesse livro é a vida, da forma mais arrasadora, cruel e verdadeira que se pode mostrar.

Nell e Kyle são melhores amigos desde sempre. Com o passar dos anos, os dois experimentam novas sensações quando essa amizade evolui para algo diferente, algo indefinido. Aos dezesseis anos, os dois se apaixonam e aprendem um com o outro o que é o amor. O leitor cria um vínculo com Kyle, um vínculo que nem de longe é tão profundo quanto o que Nell tem com ele, mas que nem por isso é menos importante. A questão é que de forma repentina, brusca e extremamente cruel, a vida de Kyle é tirada dele e assim temos nosso coração dilacerado, como o da protagonista.

Guardando um segredo maior do que jamais poderia aguentar sobre a noite em que o garoto morreu, Nell não consegue se livrar da culpa, da dor e do sofrimento de perder o amor da sua vida, que era também o seu melhor amigo. No enterro de Kyle, ela conhece Colton, o irmão mais velho de seu falecido namorado. Colton é um garoto-problema, fugiu de casa, não via o irmão e os pais há anos e vivia metido em encrencas. Nelly não imagina, mas nos braços de um completo estranho, tão cheio de problemas quanto ela, talvez esteja sua única esperança.

Colton tem fissuras na sua alma, talvez tantas quanto Nell e os dois precisam confiar um no outro para tentarem consertar seus próprios corações e seguirem em frente. Uma relação intensa e controversa surge entre os dois e além de todos os problemas que um envolvimento cunhado-nora pode trazer, ambos carregam fardos pesados demais para suportarem sozinhos. É como se um entendesse o outro, uma vez que eles conheceram a dor de perto e não sabem como superar.

De todo o sofrimento, surge amor, paixão e desejo. Esses três ingredientes foram cuidadosamente mesclados nas páginas do livro e conseguiram me fazer suspirar, chorar e sorrir. Poucas vezes eu senti tanta compaixão por uma protagonista, como Nell, que é nova demais para lidar com tanta 'merda' (se me perdoam a expressão). Vendo a dor a corroer de dentro para fora, dia após dia, ela se perde no meio do caminho e passa a afogar as mágoas na bebida e a se cortar. É triste, deprimente e faz com que qualquer um queira tentar ajudá-la.

O que ela e Colton têm é algo grandioso, explosivo, sexual e ao mesmo tempo terno. Eles são apenas dois jovens ferrados que tentam encontrar um caminho para a paz de espírito - citando Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Enquanto descobrem coisas novas sobre o desejo e sobre si mesmos, eles vão percebendo que precisam enfrentar um dia de cada vez, e talvez abrir seus corações seja o que falta para que eles possam seguir em frente. 

O erotismo vem em altas doses e o linguajar pode ser impróprio para menores de dezesseis anos. De qualquer forma não achei grosseiro e tão pouco extrapola os limites traçados pela autora. Desde o primeiro momento os leitores entendem (talvez já a partir do título e da capa) que se trata de romance erótico, portanto, não foi uma surpresa para mim que a narrativa tinha cenas incrivelmente detalhadas sexualmente. Este livro faz parte da série Falling, mas os próximos volumes muito provavelmente trarão spin-offs com personagens secundários e suas histórias.

É um livro mais do que recomendado e se com essa resenha eu ainda não consegui te convencer, por favor, ouça a trilha sonora do livro, com canções que fizeram parte da história e que foram cantadas por Nell e Colton no decorrer do romance. Colt toca violão nas ruas e Nell é uma excelente cantora, por conta disso, a narrativa tem muita musicalidade. Desde trechos de letras, declarações e lições de vida. Vale a pena conferir e ter uma experiência ainda mais complexa de leitura. Você pode conferir algumas das músicas que aparecem em Louco por Você, citadas em um post especial aqui. É um livro a ser lido, sentido, entendido e que pode curar qualquer coração.

"Ela ainda se culpa. Sempre soube que sim, mas tinha esperança que o tempo iria curá-la. Porém, vejo, sem sequer ter falado com ela que ela ainda carrega aquele peso. Há escuridão na alma dessa garota agora. Estou quase não querendo me envolver. Ela vai me magoar. Eu sei disso. Posso ver, sentir isso chegando. Ela tem tanta dor, tantas fissuras, cacos e pontas na alma dela, que tenho certeza que vou me cortar se não for cuidadoso.
Não tenho como curá-la. Sei disso também. (...)
Vou me apegar a ela e me deixar ser cortado. Sei bem aguentar dores. Sei bem como é sangrar, emocional e fisicamente." (p. 106)

Sinopse: Nell e Kyle são amigos desde a infância. Sempre fizeram tudo juntos, então ela nem se lembra de quando se tornaram realmente um casal. Quando Kyle morre da forma mais repentina, o mundo de Nell é lançado em um abismo de incertezas e dor. É quando Nell conhece Colton, irmão de Kyle e até então um completo desconhecido para ela. Estranhamente, é como se Colton a conhecesse há muito tempo... é como se ele a conhecesse por dentro. Ambos passam, então, a lutar para seguir em frente da melhor maneira possível. Nell, sufocada pelo peso da culpa. Colton, lutando contra a força que o arrasta em direção a ela... Cada um à sua maneira, os dois precisam desesperadamente encontrar o sentido da cura e do perdão. Entre a paixão e a dor, Jasinda Wilder combina o calor do desejo com a angústia, a perda da inocência, o luto e as tentativas de recomeço. O resultado é uma viagem ao mesmo tempo sensual e melancólica que ficará gravada em sua pele muito tempo depois que esta história terminar.

"Você nunca supera por completo, sabe? Não dá. Não para de doer e você não para de amar aquela pessoa. Nunca vai embora. Você só continua vivendo e, com o passar do tempo, as coisas vão levando você por aí, então aquilo para de consumir você todos os dias."(p. 191)

setembro 29, 2014

[Playlist Literária] Louco por Você (Falling Into You) Jasinda Wilder


O lançamento da Editora Novo Conceito, Louco por Você é um daqueles livros com uma trilha sonora apaixonante. Repleto de indie rock, as canções que aparecem citadas no decorrer do romance são gostosas de ouvir e embalam a leitura. Os protagonistas Colton e Nell tocam violão e costumam cantar algumas das músicas citadas. As letras não são mera coincidência, são confidências e cada uma delas se encaixa perfeitamente na história. Jasinda Wilder não só é uma ótima escritora, como também tem um gosto musical incrível. Fiz uma seleção das cinco músicas que tocam nos momentos mais importantes e que me encantaram *-*'



"Eu ficaria triste, porque você me deixou sozinho, eu ficaria triste, porque as mentiras que você havia dito. Eu ficaria triste, porque eu fui deixada por uma menina que eu adoro, eu ficaria triste por todo o amor que eu tinha antes." (The Avett Brothers - I Would be Sad)



"Três palavras que são difíceis de dizer. Eu e amor e você. O que você era, eu sou hoje..." (The Avett Brothers - I and Love and You)



"Por favor, saiba que eu sou seu para guardar, minha linda menina. E quando você chora, um pedaço do meu coração morre sabendo que eu talvez seja a causa disso." (City and Colour - The Girl)




"Quando você precisa de alguém, alguém a quem chamar. E quando toda sua fé tiver ido embora e parecer que você não pode seguir. Deixe que seja eu." (Ray LaMontagne - Let It Be Me)



"Venha, se exalte, se perca em meus lábios. Fé e desejo e o mexer do seu quadril. Apenas me puxe com força pra baixo e me afogue em amor." (Matt Nathanson - Come On Get Higher)

setembro 25, 2014

[TAG] 7 Things


Olá queridos, hoje eu vou responder a TAG '7 things'. Inspirada na música da Miley Cyrus, em homenagem à tour da cantora que passa pelo Brasil em breve. Sim, eu costumava gostar de Miley Cyrus, antes dela virar uma stripper. Aqui vão as minhas respostas e os meus sete indicados para responder são: Juanito do Asas Literárias, Li do Literalizando Sonhos, Ariana do Ária Books, Karol do Hey Karol, Máh do Cantinho da Máh, Aione do Minha Vida Literária e Thais do Imperiódico.

  • 7 coisas para fazer antes de morrer:
1. Casar com o amor da minha vida.
2. Ter três filhos.
3. Conhecer Londres.
4. Ter uma biblioteca como a de A Bela e a Fera.
5. Visitar Paris.
6. Aprender francês.
7. Morar fora do Brasil por algum tempo.

  • 7 coisas que mais falo:
1. (...) - Amor.
2. (...) tipo, cara.
3. (...) eu preciso mesmo desse livro.
4. (...) palavrões. :x
5. (...) véio, mano, tá ligado (gírias de paulista).
6. (...) nossa, como isso me irrita.
7. (...) foi um dos melhores livros que eu já li.

  • 7 coisas que faço bem:
1. Ser fofa (segundo meu noivo).
2. Escrever.
3. Ler. Ler. Leeeer!
4. Falar inglês.
5. Ajudar os amigos.
6. Dar conselhos amorosos.
7. Jogar Call of Duty.

  • 7 coisas que não faço bem:
1. Prestar atenção.
2. Trabalho em equipe.
3. Falar pouco.
4. Não ter ciúme.
5. Terminar um projeto.
6. Mentir.
7. Lembrar da fisionomia de alguém.

  • 7 coisas que me encantam:
1. Amar.
2. Livros.
3. Viagem no tempo.
4. Estrelas.
5. Semiótica.
6. Crianças.
7. Londres.

  • 7 coisas que não gosto:
1. Ignorância.
2. Hipocrisia.
3. Cultura brasileira (desde a política, música até a cultura popular).
4. Calor.
5. Gente que se acha.
6. Perguntas idiotas.
7. Dor.

  • 7 coisas eu aprendi com os livros:
1. Talvez okay seja o nosso sempre.
2. Eu te amo para sempre. O tempo não é nada.
3. Nem sempre há uma segunda chance.
4. No escuro todos os gatos são pardos.
5. Nicholas Sparks sempre vai matar alguém e te fazer chorar.
6. Sempre culpe as estrelas.
7. Seja gentil.


setembro 23, 2014

[Livros] A Namorada do Meu Amigo - Graciela Mayrink

Título Original: A Namorada do Meu Amigo
Autor: Graciela Mayrink
Editora: Novo Conceito
Páginas: 336
Gênero: Ficção, Romance
País: Brasil
ISBN: 9788581635637
Classificação★☆☆☆☆
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Antes de começar essa resenha, eu preciso deixar claro que não, eu não sou um alien. Pois bem, me senti um ser de outro planeta ao perceber que eu fui uma das únicas pessoas que não gostou (nem um pouco) do livro A Namorada do Meu Amigo. Afinal, no skoob, na blogosfera e na Bienal só se ouviam elogios ao mais novo lançamento da Graciela Mayrink, publicado pela Editora Novo Conceito. Mais uma vez eu preciso discordar completamente da crítica e dizer que, infelizmente, esse livro eu não posso indicar para os leitores do blog.

Eu fiquei extremamente decepcionada e posso garantir que foi uma das minhas piores experiências de leitura. Para criticá-lo, eu vou separar todo o carinho que eu tenho pela Graciela, que é um amor de pessoa, e pensar simplesmente na narrativa como falha, desconexa e até meio boba. Os personagens são irritantes e não consegui criar um vínculo com nenhum deles, em especial com o protagonista Cadu, que entra para a lista dos personagens mais odiáveis da face da Terra.

Cadu, Beto e Caveira são melhores amigos desde crianças. No bairro onde viviam quando pequenos, morava também uma garotinha irritante, chata e que se dizia apaixonada por Cadu. Seu nome era Juju. Depois de muitos anos odiando essa menininha só porque ela queria fazer parte do grupinho de meninos deles, os três vibram ao descobrir que a garota vai se mudar de lá. Algumas referências a Os Três Mosqueteiros são parte do texto, mas acabam ficando perdidas depois da metade do livro e poderiam ter sido melhor aproveitadas no final.

Anos depois, os amigos crescem e a os problemas com a narrativa também.  É época de férias e Cadu vai passar dois meses na casa da mãe em Florianópolis. Juju, que agora é Juliana, volta para sua antiga cidade e o efeito do tempo é visível. Ela agora é uma garota bonita, Beto se apaixona por ela e eles começam a namorar.

O problema é que quando Cadu volta das férias ele 'também' simplesmente se apaixona por Juliana. É "amor" (ou atração) à primeira vista, e o mundo gira em câmera lenta enquanto ele fica completamente obcecado pela namorada do melhor amigo. Ele se apaixonar pela garota tudo bem, mas assim do nada? Odiar a menina num dia e no outro dizer que ela é sua alma gêmea? Sem contar que parece que ele está apaixonado pelo físico dela, uma vez que nem chegou a conversar com ela ainda. Imaginem a cena: uma garota vira para trás e quando seus olhos se cruzam com os do amigo do namorado... Plim! Fogos de artifício, amor, filhos e dois cachorros. É surreal, até pra mim.

Até aí tudo bem, mas o garoto não consegue tirar Juju da cabeça. Ele pensa nela literalmente a todo momento e o livro se torna repetitivo, cansativo e entediante. A autora basicamente não escreve descrições, então é um diálogo atrás do outro, até o fim. Diálogos triviais, bobos e que falam sobre Juliana, mulheres e ciúmes. Isso quando as cenas não são abruptamente interrompidas e o capítulo termina com uma ressaca. Diversas vezes eu procurei se não faltavam páginas no meu exemplar, sei lá, talvez meu cachorro tivesse comido. Não, eu não tenho cachorro.

Os únicos pontos de vista que você vai encontrar no livro são os dos três amigos: Beto, um cara ciumento, egoísta e super-protetor apenas com suas duas irmãs (enquanto seu "melhor amigo" deseja roubar a sua namorada). Caveira com uma visão machista e nojenta de querer traçar qualquer uma que use saia e ainda assim tem mais juízo que os dois amigos juntos. E Cadu com uma visão sou-cafajeste-sou-um-puta-amigo-e-ao-mesmo-tempo-sou-um-imbecil, desejando Juju, beijando ela algumas vezes e se achando um pobre coitado apaixonado e sofredor, enquanto não sente nem um pingo de remorso por trair o melhor amigo.

Se eu exagerei nos adjetivos (negativos) peço que me desculpem, mas assim como eu elogio demasiadamente um bom livro, preciso ser sincera quando eu leio algo que me incomoda tanto quanto A Namorada do Meu Amigo. E se até aqui a história já me foi detestável, o final então foi absurdo. Fiquei tão frustrada com as escolhas do protagonista que minha vontade era entrar dentro do livro e dar um tiro no Carlos Eduardo. Sério, kkkk! Mas de qualquer forma, muita gente entendeu o lado do Cadu e torceu para que ele ficasse com a Juliana. A autora bolou um final que (teoricamente) agradaria gregos e troianos, mas acabou não funcionando porque praticamente joga todo o resto da história no lixo e é uma enorme contradição. Sem dar spoilers, vamos dizer que Cadu bota a mão na consciência tarde demais e aí, meu amigo... a mão dele já tinha sido amputada.

Uma má experiência com a autora não vai, de forma alguma, me fazer deixar de ler seus livros, pelo contrário, estou ansiosa pelo próximo lançamento e para que Graciela Mayrink me conquiste novamente como aconteceu em Até Eu Te Encontrar. Quem conseguiu gostar da história deve ter visto algo que eu não vi, então por favor, contem para mim aqui nos comentários. 

"(...) - Não vou ser o tipo de namorado ciumento, que não deixa a namorada se divertir. Mas você pode ficar perto dela a noite toda... Meio que vigiando.
- Você quer que eu grude na Juliana e fique de guarda-costas dela? - Arregalei os olhos.
- Mais ou menos. Sei que você não gostava muito dela quando era criança, mas agora ela mudou. Isso se você não estiver interessado em nenhuma garota que vai estar no baile, claro...
Estou sim, na sua namorada, pensei." (p. 34)

Sinopse: Quando voltou das férias de verão, Cadu não imaginava a confusão em que a sua vida se transformaria. Era para ser um ano normal, mas ele entrou em uma enrascada e está correndo o risco de perder a amizade do cara mais legal do mundo. O que fazer quando a namorada do seu amigo vira uma obsessão para você? Os churrascos da turma da faculdade talvez ajudem a esquecer Juliana, e, se depender do esforço do divertido Caveira, não faltarão garotas gente boa para preencher o coração de Cadu. Mas não adianta forçar... Quem consegue mandar no coração? Alice, a irmã de Beto, é só mais uma das dores de cabeça que Cadu tem que enfrentar. A vida inventa cada cilada!

"- Não estou pisando em você, apenas te trazendo pra realidade. Achei que já tivesse percebido que é uma canoa furada.
- Eu percebi, mas você também não ajuda.
Caveira apertou os olhos e apontou o dedo pra mim.
= Errado. Eu ajudo, você que não se ajuda. Um monte de mulher atrás e você quer a do seu amigo. Grande homem você é.
Fiquei quieto. Sabia que ele tinha razão, mas não ia ceder.
- Não tem tanta mulher atrás de mim. - Dei de ombros.
- Ah, pobre Cadu. (...)" (p. 121)


setembro 21, 2014

[Vlog] Desafio {Corrente de Leitores}

Olá queridos, lancei essa semana no vlog o Desafio 'Corrente de Leitores'.


O desafio consiste em escolher dois amigos para quem vamos enviar dois livros - um para cada. A dica é enviar aqueles livros que estão parados na estante, que você não pretende ler logo, sabe? Por que deixar essas preciosidades paradas na estante? Dê uma nova casa para aqueles livros incríveis!

  • Os desafiados tem 48 horas para gravar um vídeo indicando dois amigos.
A ideia é fazer uma corrente e presentear os amigos com o que a gente mais ama: livros.

Na estreia do desafio eu escolhi dois amigos muito queridos.
Confira no vídeo os livros com os quais eu decidi presenteá-los!

"Ariana do Ária Books e o Luke do Instante Literal."

Eles amam livros tanto quanto eu e tenho certeza que vão passar o desafio para a frente. Deixo aqui inclusive o link do Luke e da Ariana (meus desafiados diretos), que já responderam ao desafio e indicaram mais duas pessoas. Conforme os desafios forem aceitos eu atualizo os links (enquanto eu conseguir acompanhar, claro kkk) quem quiser me mandar os links, vou adorar colocar aqui no post.


Espero que vocês gostem do desafio e divulguem por aí! <3
Sintam-se desafiados! ;)

Inscreva-se no meu novo canal do youtube!

setembro 18, 2014

[Livros] Um Caso Perdido - Coleen Hoover (Hopeless #1)

Título Original: Hopeless
Autor: Coleen Hoover
Editora: Galera Record
Páginas: 384
Gênero: Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788501403940
Classificação★★★★★
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Intenso, surpreendente, apaixonante, comovente. A lista de adjetivos que eu escolhi para classificar essa leitura é infinita, literalmente falando. Nenhuma das palavras que eu vou usar nessa resenha consegue traduzir o que eu senti lendo Um Caso Perdido. Coleen Hoover escreveu um romance sensível que se destaca dos demais, não só por sua trama - fora do comum, não-clichê e polêmica -, mas também por sua narrativa fluída. Narrativa, esta, que brandamente leva o leitor do amor extremo pelos personagens ao sofrimento e aflição pelas experiências vividas por eles.

Eu não consigo lembrar a última vez um livro me afetou tanto. A leitura evolui de forma assustadora e o que de início parece ser um romance avassalador se transforma em um mistério perturbador. Com altas doses de realidade, uma realidade obscura e doentia, Coleen criou dois protagonistas com passados sombrios. Os dois coincidentemente se atraem e descobrem que tem mais em comum do que imaginam. Hopeless (como eu prefiro chamar, por motivos pessoais e relacionados à narrativa) faz parte de uma duologia, por isso podemos esperar um segundo volume incrível vindo por aí em breve.

Coleen descreve toda a emoção de um primeiro amor, os sentimentos, sensações, emoções e descobertas. Cada cena é apaixonante, e digo isso como uma assídua leitora de romances românticos. Sky e Holder entraram para minha lista de casais favoritos no mundo literário. O jeito único da protagonista conquista qualquer um e Holder, prefiro deixar para que vocês descubram mais sobre esse misterioso badboy.

Eu li o livro em tempo recorde e bati também o recorde de tempo olhando para a tela em branco do editor de postagens do blog. Eu não estava brincando quando disse que nada do que eu dissesse poderia traduzir o que eu senti ao finalizar a leitura. Um misto de emoções e sentimentos fez com que Hopeless (em português - Um Caso Perdido) se tornasse um dos livros mais importantes que eu já li na vida. É possível testemunhar até onde o ser humano é capaz de chegar e como o amor pode curar o ódio, a mágoa e a culpa. 

Sky é uma adolescente adotada que vive com a mãe, Karen. Ela e sua melhor amiga Six têm a fama de serem vagabundas e dormirem com qualquer um. Os boatos são falsos, pelo menos sobre Sky, que na verdade ainda é virgem e só beija alguns garotos, mas não consegue sentir nada por nenhum deles a ponto de se entregar - em todos os sentidos da palavra. 

As coisas mudam quando Sky conhece um garoto e finalmente, sente algo por ele. O único garoto por quem ela não poderia se apaixonar. Dean Holder. Um adolescente que foi preso por espancar um garoto homossexual no passado. É um caso perdido, mas nem por isso deixa ser charmoso, bonito e atraente. Juntos, eles vão descobrir que a cura para seus próprios problemas pode estar no amor e que o seu passado define quem você foi e não define quem você é. 

Eu chorei com esse livro e não chorei pelos motivos convencionais. Chorei pela protagonista. A autora nos dá uma visão tão realista da vida de Sky, que é impossível não se sentir na pele dela. Assim como é impossível não se apaixonar por Holder. Os personagens secundários, são cativantes e Six e Breckin são os melhores amigos no mundo inteiro que eu gostaria de ter pra mim. Com flashbacks de um tempo distante, a linha cronológica da narrativa só é entendida aos poucos e junto com os protagonistas você vai descobrir o real significado de seguir em frente. Vida, morte, amor. Tudo pode deixar de existir de uma hora para a outra. E aí, só nos resta esperança.

"- Vou lhe avisar uma coisa - diz ele baixinho. - Assim que meus lábios encostarem nos seus, vai ser, sim, seu primeiro beijo. Porque, se nunca sentiu nada enquanto alguém a beijava, então ninguém jamais a beijou de verdade. Não da maneira como eu planejo beijá-la." (p. 122)

Sinopse: Às vezes, descobrir a verdade pode te deixar com menos esperança do que acreditar em mentiras... Em seu último ano de escola, Sky conhece Dean Holder, um rapaz com uma reputação capaz de rivalizar com a dela. Em um único encontro, ele conseguiu amedrontá-la e cativá-la. E algo nele faz com que memórias de seu passado conturbado comecem a voltar, mesmo depois de todo o trabalho que teve para enterrá-las. Mas o misterioso Holder também tem sua parcela de segredos e quando eles são revelados, a vida de Sky muda drasticamente.

"A maneira como ele me olha me faz sentir... tento procurar um adjetivo para completar esse pensamento, mas não encontro nenhum. Ele simplesmente me faz sentir. É o único garoto que já se importou se eu estava ou não sentindo alguma coisa, e, só por isso, deixo ele roubar mais um pedacinho do meu coração. Mas não parece o bastante, pois de repente quero dar meu coração inteiro para ele." (p. 223)

setembro 12, 2014

[Livros] Renascer de um Outono - Samanta Holtz

Título Original: Renascer de um Outono
Autor: Samanta Holtz
Editora: Novo Século
Páginas: 368
Gênero: Ficção, Romance
País: Brasil
ISBN: 9788542803600
Classificação★★★★★
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Samanta Holtz é a minha autora nacional favorita, vocês estão cansados de ouvir isso. Não é de hoje que essa escritora talentosíssima conquistou um lugar especial no meu coração e na minha estante. Desde 2012, quando seu primeiro romance, O Pássaro, foi lançado, eu fiquei encantada com a escrita holtiana. Ano após ano, Samanta vem se superando e seus livros incríveis conquistam cada vez mais o coração dos leitores. Eu poderia ficar horas falando do quanto ela é simpática, meiga, solícita e atenciosa com os leitores, mas hoje quero compartilhar com vocês minha opinião sobre Renascer de um Outono, seu mais novo lançamento que definitivamente já figura a lista dos meus livros favoritos.

Um livro que fala sobre amor, perdas, superação, coragem e recomeços. Em Renascer de um Outono, Samanta Holtz traz mais um romance dramático que encanta e faz chorar. Sim! Faz chorar e muito. Os personagens apaixonantes, cenários extremamente bem detalhados e cenas recheadas de emoção me conquistaram por inteiro e por muitas vezes meu coração esqueceu de bater. 

O coração aliás, é um dos pontos mais importantes da narrativa. Digo isso em todos os sentidos possíveis, sendo ele um músculo involuntário, uma caixa onde se guardam os sentimentos ou a casa onde vive o amor. Em alguns pontos do texto, percebe-se que o amuleto da sorte da protagonista, Anna, é uma estrela. Depois de ler o livro, você vai entender que na verdade, seu maior amuleto é um coração. O seu próprio coração, puro e doce, que vai viver as melhores e as piores emoções e ainda assim deverá se lembrar de como continuar batendo.

Anna Hills vive em uma família que foi despedaçada pela dor. Após a morte da mãe, viver numa casa que traz tantas lembranças é insuportável. A jovem decide partir rumo ao seu destino e em meio a muitas desilusões, encontra o anúncio de emprego ideal. Babá. Anna não imagina, mas a garotinha Lauren, será um dos maiores desafios que ela vai encontrar. A menina é extremamente fechada e após a morte dos pais passou a ser cuidada pelo tio, Ricardo. 

Lauren rejeita a todos, em especial suas babás. Nenhuma delas deu certo, e Anna assume o emprego com medo de ser mais um fracasso em sua coleção. Enquanto tenta derreter o muro de gelo que separa a menina do mundo, ela se aproxima de Ricardo e encontra nele um amigo de verdade. Os dois se apoiam nessa amizade para enfrentar todo e qualquer desafio que venha pela frente.

Anna sempre nutriu uma paixão platônica por John, um garoto que estudava na mesma escola que ela, e por quem ela suspirava secretamente. Em uma série de acasos e coincidências do destino, a babá descobre que Ricardo é um dos melhores amigos de John, que agora é médico. Seu sonho de infância já não é tão impossível e aquele amor que por anos foi mantido em segredo, pode se tornar realidade. O problema é que, como dizia Forest Gump: 'a vida é uma caixinha de bombons' e nós nunca sabemos o que ela nos reserva. Anna vai viver um grande amor, um amor daqueles que está escrito nas estrelas.

Numa bonita lição de vida, Samanta traz personagens que estão interligados, e assim como seus destinos, costurados numa bela colcha de retalhos. Um livro ao verdadeiro estilo carpe diem que nos ensina que as coisas mais valiosas são as mais simples, que o amor é como o vento e que devemos aproveitar cada dia como se fosse o único, pois nós nunca saberemos quando ele de fato, será. Não sabemos. Nenhum de nós.

Anna amadurece muito no decorrer da narrativa e eu fiquei orgulhosa da evolução da personagem. Como na vida, cada acontecimento tem uma enorme importância no desfecho do livro, portanto, fique atento aos detalhes, não deixe passar nem um segundo. Essa aliás, é a moral da história: cada momento conta, cada lembrança boa e cada segundo voa. Você já amou alguém hoje? Já disse que o(a) ama? Recomendo esse livro maravilhoso de olhos fechados e espero que no fim da leitura vocês fechem os olhos e reflitam sobre suas próprias vidas e seus próprios outonos. 

"(...) O que fazer agora? Agora que descobrira que John era, oficialmente, carta fora do baralho?A não ser, claro, que algo muito miraculoso acontecesse - algo como ele perceber que me ama, terminar o noivado e resolver ficar comigo. Bem que podia acontecer uma reviravolta dessas, igual nos romances... mas a minha vida não era um romance. Ou talvez fosse, mas idealizado por um escritor muito, muito cruel... tipo o John Green." (p.166)

Sinopse: A vida aos dezoito anos está muito diferente do que Anna Hills havia sonhado. Sozinha em uma cidade estranha, reprovada no vestibular e demitida do emprego, ela enfrenta a difícil batalha para superar o desânimo e ir em busca de um lugar no mundo que possa chamar de seu. Determinada a deixar os fracassos para trás, Anna descobre nos classificados a vaga para baby sitter de uma garotinha que vive com o tio. No entanto, ela não imagina que aquele pequeno anúncio de jornal se tornará o passaporte para as maiores emoções da sua vida, colocando-a face a face com mudanças, escolhas e com John, o rapaz que amava em segredo desde a infância, em um encontro que os levará a desvendar o verdadeiro sentido do amor, da vida e da importância de fazer cada instante vivido valer a pena. Em uma tortuosa e apaixonante jornada, Anna descobrirá a força de uma grande amizade, a dificuldade de se conquistar o coração de uma criança e, acima de tudo, o poder transformador do amor, naquele que será o melhor e o pior outono da sua vida.

"- Às vezes eu me esqueço de como o universo é imenso - John comentou com os olhos no céu. - Se pensarmos bem, nossa vida aqui é tão insignificante...
-E é. Mas justamente por isso que existe o amor - expliquei. - Quando amamos, nossa vida passa a significar alguma coisa para alguém. E, assim, nos tornamos importantes, mesmo sendo apenas um pontinho no mundo." (p. 270)


setembro 04, 2014

[Livros] O Doador de Memórias - Lois Lowry (O Doador #1)

Título Original: The Giver
Autor: Lois Lowry
Editora: Arqueiro
Páginas: 192
Gênero: Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788580412994
Classificação★★★★★
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Um dos livros que mais me fez pensar e definitivamente uma das melhores leituras do ano, talvez da minha vida. O Doador de Memórias, tem dentre diversos significados, um lado filosófico e questionador, que coloca à prova muitas das nossas concepções de vida.

É possível traçar diversos paralelos entre a ficção e a nossa realidade atual, o livro é considerado por muitos críticos literários como um verdadeiro alerta para a humanidade, ou para o que resta dessa humanidade em nós mesmos. Aqueles que conseguirem desvelar esse livro, verão além, entenderão o porquê da liberdade, o porquê do livre-arbítrio. E se o mundo fosse perfeito? É possível viver sem sentir dor? Sem sentir fome? Sem sentir? 

Na história, muitas das informações e verdades explicadas são novas para o protagonista. E assim, vemos o mundo com outros olhos. Nessa sociedade distópica (que não está assim tão distante da realidade), o conhecimento é restrito e só uma pessoa o detém: o doador. Ele guarda lembranças de tudo o que o mundo já foi, de todos os sentimentos, sensações, emoções que foram há muito tempo proibidas e suprimidas. Essa perspectiva empirista faz com que tudo o que nos é comum hoje em dia, seja desconhecido para os personagens.

O poder de escolha foi completamente destituído das pessoas. E a grande sacada do livro é a de que: "...se pudéssemos escolher, escolheríamos errado." Tudo passa, então, a ser decidido por um Conselho, que determina desde seu nome até seu cônjuge ideal, seu emprego e sua morte. Os casais não geram filhos, há um controle de natalidade que gerencia toda a propagação da espécie, para que não existam pessoas demais no mundo novamente.

Há um conceito interessante também sobre a chamada 'dispensa'. Essa dispensa é dada àqueles que já alcançaram uma determinada idade, às crianças que não atingiram o desenvolvimento esperado e até aos adultos subversivos. Ou seja, a vida e a morte viraram algo automático, decidido por membros superiores da Comunidade. As pessoas seguem regras, são condicionadas a um tipo de vida previsível e que não permite evolução. Se você ousar pensar, sentir ou discordar você é dispensado. Simples assim.

O único ponto fraco do livro é justamente o que faz dele um sucesso com os jovens, a narrativa ser tão corrida. Perto do final, a autora segue num ritmo frenético, ao qual nem o leitor mais atento consegue acompanhar. Tive de reler algumas passagens porque os acontecimentos são minimamente descritos e o tempo passa absurdamente depressa. Analisando bem, talvez essa seja uma característica proposital da cronologia, tendo em vista que a partir do momento em que a verdade é desvelada, o relógio da vida finalmente volta a funcionar.

Reflexões filosóficas à parte, esse livro é incrível. Ou pelo contrário, extremamente crível e por isso, sua genialidade assusta. É um alerta para as futuras gerações e para nós mesmos. Muitas das lições que a sociedade futurística de Lois traz, podem sim, ser empregadas no nosso dia-a-dia, mas outras claramente nos tornariam seres limitados e involuídos.

Jonas vive com seus "pais" e sua "irmã", ele nunca pensou sobre sua vida. Aliás, as pessoas não pensam mais. Todos vivem conformados, satisfeitos e assim, as coisas funcionam. Roboticamente, mas funcionam. Antes de completar seu décimo segundo 'aniversário', o garoto se prepara para a Cerimônia de Doze, uma ocasião importante que determinará sua função dentro da Comunidade. Enquanto seus amigos são designados à funções comuns, como médico, cuidador de idosos, ou instrutor de crianças, o garoto é escolhido para ser o próximo Doador de Memórias. Sem saber o que isso significa, Jonas nem imagina que o mundo onde vive está prestes a mudar.

No seu primeiro dia de 'treinamento', ele descobre que o velho senhor chamado de Doador carrega um grande fardo, as lembranças. Ele detém, sozinho, todo o conhecimento do mundo e assim, dolorosamente ele vê as pessoas vivendo na ignorância, sem nem sequer imaginar como a vida foi diferente um dia. Ao mesmo tempo que o Doador guarda memórias boas, como o amor, a felicidade, o calor do sol, um dia de verão ou uma festa natalina, ele também tem conhecimento das guerras, das tragédias, da morte, miséria e da dor.

A tarefa de Jonas é receber as lembranças e guardá-las consigo, sem poder nunca dividi-las com ninguém. Apesar de ser considerado um mundo perfeito, a sociedade se sustenta com base no que deu errado no passado, evitando repetir os erros que a humanidade cometeu antes e por isso alguém precisa saber de tudo o que já aconteceu. Reafirmando a ideia do conhecimento, o local onde o Doador treina Jonas é nada mais nada menos que uma gigantesca biblioteca.

Aos poucos o garoto vai entendendo que a vida é muito mais do que ele achava que era e ele se vê no dilema entre manter o que sabe em sigilo e proteger todos em suas próprias ignorâncias, ou dar a eles a oportunidade de fazer suas próprias escolhas. Afinal, sem erros e acertos nós não evoluímos e por isso o mundo perfeito seria conformado, estagnado e nunca evoluiria. 

Essa é uma das minhas resenhas mais extensas, mas é só porque o livro gerou em mim um turbilhão de questionamentos. A narrativa é tão reflexiva que diversas escolas americanas utilizam O Doador (título original, e que na minha opinião, é muito mais complexo e coerente) como leitura obrigatória no ensino médio. Dizer que eu recomendo é pouco. Leia e escolha se prefere guardar essa memória com você ou dividir suas reflexões com o mundo. Eu dividi com vocês! 

"(...) - Desculpe, senhor. Não estou compreendendo.Talvez eu não seja inteligente o bastante. Não sei o que quer dizer quando diz 'o mundo inteiro' nem 'gerações antes dele'. Pensei que só nós existíssemos. Achei que só existisse o agora.
- Há muito mais. Há tudo o que está além, tudo o que é Alhures, e tudo o que ficou para trás, e atrás do atrás, e atrás do atrás desse atrás. Recebi todas essas lembranças quando eu fui escolhido. E aqui neste quarto, eu as revivi inúmeras vezes seguidas. É assim que se adquire sabedoria. E é assim que damos forma ao nosso futuro." (p. 82)

Sinopse: Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry contrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes.

Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.

Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar. Premiado com a Medalha John Newbery por sua significativa contribuição à literatura juvenil, este livro tem a rara virtude de contar uma história cheia de suspense, envolver os leitores no drama de seu personagem central e provocar profundas reflexões em pessoas de todas as idades.

"- Bom... - Jonas parou para refletir. - Se tudo é sempre o mesmo, então não há escolhas! Quero acordar de manhã e decidir coisas! Hoje vou vestir uma túnica azul ou uma vermelha. - Baixou os olhos para si, para o tecido sem cor de sua roupa. - Mas é tudo igual, sempre.
Então riu um pouco.
- Sei que não importa o que a gente veste. Não faz diferença. Mas...
- Poder escolher é que é importante, não é? - perguntou o Doador. (p. 102)


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