maio 23, 2017

[Séries] Anne with an E - Netflix


Mais uma produção absurdamente linda da Netflix, Anne With An E é a adaptação do romance Anne de Green Gables (Anne Shirley no Brasil). Um conjunto de fotografia, roteiro e atuações espetaculares, a série conquista o coração de seus espectadores assim como sua fofa e carismática protagonista. 

Narrando a história da jovem orfã que é adotada por engano pela família Cuthbert, a primeira temporada da série conta os fatos mais marcantes da infância difícil de Anne. Desde o desprezo de seus antigos tutores até seu excesso de imaginação para tentar sobreviver num lugar hostil. Sua excentricidade é sua maior - e melhor - característica e por gostar muito de ler e imaginar, a pequena Anne é muito boa com as palavras. Palavras, aliás, não lhe faltam nunca, ela não para quieta um só minuto.

A imaginação fértil dela combinada à seu vasto repertório literário dão origem a um mundo de faz de conta que contamina a visão dela da realidade e faz com que o mundo seja uma versão bem mais bonita do que de fato é. Anne vê as coisas com paixão e a natureza é uma das maiores dádivas para ela. Por conta de seu comportamento peculiar, ela é odiada por muitos e frequentemente excluída do convívio com outras crianças. 

Anne sofre e chora por sua infância triste mas se consola com sua criatividade, dando asas aos seus pensamentos mais lindos e vivendo em seu mundo encantado para fugir da vida real. Em vários momentos, a jovem se imagina mais bonita, inteligente e popular do que é e isso parte o coração, pois ela é a garotinha mais interessante que poderia existir. Como as pessoas podem não ver isso? Como podem não gostar dela?


O romance que se desenvolve entre Anne e Gilbert (quem conhece a história original sabe como termina) é um dos pontos altos da trama. Os dois são tão fofo juntos e uma cena específica que envolve os dois se tornou minha favorita absoluta. É tão bonito ver o amor florescer na juventude, puro e denso como o ar das montanhas no inverno. A paixão de Anne é contagiante, inspiradora e transforma tudo em poesia.

Todos os personagens são fantásticos e os diálogos refinados e cheios de reflexões morais e filosóficas pertinentes. Em muitos momentos, a série critica a sociedade hipócrita da época e seus valores conservadores e preconceituosos. Anne se atreve a sonhar em tempos em que as mulheres só podiam pensar em casamento.

Em muitos momentos me identifiquei muito com a protagonista e outros leitores assíduos também vão se identificar. O amor de Anne pelas palavras e pelas histórias vai além das páginas dos livros, é o que a mantém viva. Ela diz que não saberia o que faria se não fosse a imaginação. De fato, muitos não sabem e, por isso, o mundo é um lugar tão cruel, tão cheio de amargura e sonhos despedaçados. Poucos ousam ser diferentes.

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