abril 26, 2015

[Livros] A Verdade É uma Caverna nas Montanhas Negras - Neil Gaiman

Título Original: The Truth Is A Cave In The Black Mountains
Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Páginas: 80
Gênero: Ficção, Graphic Novel, Contos
País: Inglaterra
ISBN9788580576672
Classificação★★★★★
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Brilhante! Eu não poderia usar outro adjetivo para qualificar mais esta obra de Neil Gaiman. Significativa, genial, inteligente, essa história é mais do que apenas uma história. Em A Verdade é Uma Caverna nas Montanhas Negras, entendemos por que Gaiman é considerado um dos maiores autores da literatura inglesa contemporânea. Filosofia e ficção se fundem em uma narrativa rica e bem desenvolvida, que conduz o leitor de olhos fechados por uma trilha tortuosa em direção a uma caverna nas montanhas onde a verdade se esconde.

Quando vi o título do mais recente lançamento de Gaiman, associei-o ao mito da caverna de Platão e esperava que essa alusão ao conceito de verdade fosse nortear o livro. Acertei. De fato, o mito da caverna está representado no texto e a verdade é o ponto alto na narrativa. O que eu não esperava era que o autor conseguisse atar todo o conceito a uma belíssima história e que o resultado fosse tão absurdamente incrível.

Os personagens de Gaiman são propositalmente pouco descritos. Sabe-se pouco ou quase nada sobre cada um deles e essa superficialidade é o que nos prepara, ou melhor, não nos prepara para o que encontraremos na caverna. A caverna, que é uma metáfora para a ignorância e a sabedoria, esconde tesouros inimagináveis e com eles uma maldição. Aqueles que levarem de lá um pouco de ouro, pagarão com um pouco de sua alma.

Um anão, um border reaver e uma longa jornada. Duas histórias conectadas pela caminhada em busca da caverna. Não vou falar mais sobre a história, pois todo e qualquer detalhe deve ser compreendido em um determinado momento da narrativa. O caminho pelo qual os protagonistas seguem é perigoso e cada escolha pode mudar suas vidas para sempre. 

Com ilustrações fantásticas de Eddie Campbell, este livro de Neil Gaiman é mais que uma obra literária, é uma obra de arte. O projeto editorial dá uma maior complexidade ao todo e se me é permitido um derradeiro elogio, devo dizer que foi um dos melhores livros que eu já li na vida.

"Encontramos uma velha com um homem que ela dizia ser seu neto, descendo a colina. (...) Ela falou que leria nossa sorte na palma das mãos se tivéssemos moedas para as mãos dela. Dei à velhota um penny surrado, e ela leu minha mão.
- Vejo morte no seu passado e morte no seu futuro - disse ela.
- A morte aguarda no futuro de todos nós - respondi." (p. 18)

Sinopse: Publicada inicialmente em uma coletânea de contos do autor, A verdade é uma caverna nas Montanhas Negras é uma história fascinante sobre família, a busca por um tesouro e a descoberta de um novo mundo. Em uma colaboração inédita, os personagens e as paisagens de Gaiman ganham forma com um traçado sombrio e impreciso do artista Eddie Campbell, e o resultado é uma obra que passeia entre o livro ilustrado e o graphic novel, desafiando os limites entre texto e imagem em uma explosão de cor e sombra, memória e arrependimento, vingança e, principalmente, amor.

"- A verdade é uma caverna nas Montanhas Negras. Há somente um caminho até lá, e um caminho apenas. Um caminho árduo e traiçoeiro. E, se seguir na direção errada, vai morrer sozinho na estrada." (p. 27)


abril 24, 2015

[Sobre] #3 Livros: apenas uma fuga da realidade?


Realidade. Uma palavra que traz um significado concreto, apesar de ser um conceito abstrato. O que é real? Qual é o limite da minha realidade para a do outro? Como eu posso saber que algo é ou não de verdade? Perguntas filosóficas às quais você provavelmente já tentou responder e não conseguiu. Provavelmente, nunca conseguirá.

Existem convenções que estabelecem limites entre o real e o imaginário, mas nós leitores sabemos que esses limites não são exatamente reais para nós. Ficção e realidade se fundem, não no mundo exterior, mas no nosso interior. Como eu posso dizer que o luto por um personagem é menos real que o luto por um conhecido ? Eu senti dor nos dois casos e sofri da mesma forma - talvez não na mesma proporção, mas com o mesmo sentimento.

Todos os leitores assíduos se reconhecem na famosa frase do personagem Severus Snape de J.K. Rowling: "... é real para nós." É real, porque os conceitos que delimitam a minha realidade não conhecem limites. Muitas vezes, o mundo dito 'real' pode não ser perfeito, e nessas horas, nas páginas de um livro eu me refugio. Tudo é mais mágico, mais fantástico e mais bonito, mas nem por isso menos real. 

É claro que não devemos "...viver sonhando e esquecer de viver", como já disse o sábio Albus Dumbledore, mas é preciso equilíbrio entre um mundo e outro. A vida com muita realidade enlouquece, e a vida com muita ficção aliena. Escapar, às vezes, faz bem e confesso, escapo muitas vezes. Quando as coisas estão difíceis, eu entro no guarda-roupas e vou para Nárnia. E quando eu volto, tenho mais certeza do que fazer, mais coragem e mais força de vontade para enfrentar as Feiticeiras Brancas que aparecem na minha vida.


Ler nos ensina a ter compaixão. Nos colocamos no lugar do protagonista, tomamos suas dores, o entendemos, como se fôssemos o próprio personagem. Quem lê é mais compreensivo, procura entender o outro. Além disso, conhecemos lugares, histórias, diferentes pontos de vista e assim, podemos viver mil vidas em mil páginas. As histórias nos afastam da realidade, para depois nos trazerem de volta um pouco mais sãos e um pouco mais sábios, talvez. 

Por isso, entre no guarda-roupas para Nárnia, pegue o Expresso de Hogwarts, faça sua própria seleção, mochile pelas galáxias, fuja da sua cidade de papel, saia em busca do seu Grande Talvez, esqueça o tempo, ele não é nada. Coloque a culpa nas estrelas, seja um cavaleiro, roube palavras, ame-as. Apaixone-se como num romance de Nicholas Sparks, chore como num livro de Jojo Moyes, seja um tributo, seja divergente, corra ou morra, sonhe e acredite. Saia em busca de uma aventura, pequeno hobbit. É real!

abril 23, 2015

[Livros] Quem É Você, Alasca? - John Green

Título Original: Looking For Alaska
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 272
Gênero: Ficção, Young Adult
País: EUA
ISBN: 9788580575996
Classificação★★★★★
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Tudo na vida é um grande talvez, não há absolutos. Talvez esse seja um dos livros mais geniais de John Green e talvez ele tenha me afetado como nenhum outro conseguiu. Quem é você, Alaska? fala sobre a incerteza, o grande salto no escuro ao qual estamos todos destinados. O autor nos mostra, mais uma vez, que a grande pergunta não tem resposta e que a saída do labirinto é mesmo difícil de encontrar.

Nesse, como nos outros livros de John, conhecemos personagens hilários, palpáveis e que poderiam, talvez, ser representações de nós mesmos. Green escreve sobre a fase mais intensa da vida humana: a adolescência, e cria nesse cenário uma história comum, mas que nem por isso é menos significativa.

Miles é um garoto que não tinha amigos. Rejeitado em sua escola antiga, ele decide que em Culver Creek as coisas serão diferentes. Ele quer encontrar algum significado, alguma resposta e talvez, até fazer alguns amigos. Em busca do que ele chama de ‘O grande talvez’, ele parte nessa jornada, deixando os pais e indo, voluntariamente, para o colégio interno.

Lá, Miles por ser muito magro é apelidado de Gordo. Ele faz o seu primeiro amigo de verdade e conhece a garota mais bonita do universo. O problema é que a garota é Alaska, uma verdadeira incógnita. Brincalhona, sincera e ao mesmo tempo, tão misteriosa. Ela não deixa ninguém se aproximar demais. Além disso, ela tem namorado. Para Gordo, não tem problema, a amizade de Alaska basta, por enquanto. 

Coronel é seu primeiro amigo e ele mostra a Miles o sentido de confiar em alguém. O trio e mais alguns personagens fantásticos de John Green vão arranjar bastante encrenca quando um grupo de alunos riquinhos começa a implicar com eles. As divertidas armações, trotes e escapadas para beber, fumar e provocar o zelador garantem muitas gargalhadas dos leitores.

O foco da história é Alaska e sua personalidade forte. Seu humor oscilante, sua alma brincalhona, sua inteligência, seus misteriosos olhos verdes e sua lealdade para com os amigos. Porém, Alaska também tem suas inseguranças e seus próprios problemas, diversas vezes ela se sente perdida e sozinha, tentando encontrar a saída do labirinto. A garota mais intensa que Miles já conheceu vai fazer com que ele encontre seu ‘Grande Talvez’ e, talvez, ela mude a história dele para sempre.

Outro livro incrível de John Green que vai fazer você se questionar, chorar, sorrir e como diz Markus Zusak, “querer mais”. Personagens apaixonantes e uma narrativa brilhante são a fórmula secreta do autor para encantar mais uma vez os leitores. Alaska Young assim como Margo Roth (de Cidades de Papel) é uma personagem que vai fazer a diferença e se destacar por ser encantadoramente brilhante e por fim, talvez você se sinta um pouco como ela.

“François Rabelais. Era poeta. Suas últimas palavras foram: ‘Saio em busca de um Grande Talvez.’ É por isso que estou indo embora. Para não ter de esperar a morte para procurar o Grande Talvez.” (p. 5)

Sinopse: Miles Halter leva uma vida sem graça e sem muitas emoções na Flórida. O garoto tem um gosto peculiar: memorizar as últimas palavras de grandes personalidades da história, e uma dessas personalidades, François Rabelais, um escritor do século XV, disse no leito de morte que ia em busca de um Grande Talvez. Para não ter que esperar o próprio fim para encontrar seu Grande Talvez, Miles decide fazer as malas e partir. Ele vai para um internato no ensolarado Alabama, onde conhece Alasca Young. Ela tem em seu livro preferido, O general em seu labirinto, de Gabriel García Márquez, a pergunta para a qual busca incessantemente uma resposta: Como vou sair desse labirinto? Miles se apaixona por Alasca, mesmo sem entendê-la, e o impacto da garota em sua vida é indelével.

“Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltamos para o meu quarto e desabei no boliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão.” (p. 91)


abril 21, 2015

[Livros] Maly - Léa Michaan

Título Original: Maly
Autor: Léa Michaan
Editora: Primavera Editorial
Páginas: 300
Gênero: Ficção, Romance
País: Brasil
ISBN: 9788561977290
Classificação★☆☆☆☆
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Eu não consegui encontrar uma palavra para descrever Maly além de desequilíbrio, falo do livro e da protagonista. Lea Michaan alterna momentos de uma narrativa fluida e infanto-juvenil até reflexões da psique humana e questionamentos sobre a existência da vida. Essa inconsistência narrativa me incomodou demais e por conta disso, o livro não me conquistou. Por ser psicanalista, a autora tentou mostrar um pouco do seu mundo ao leitor. Infelizmente, no momento errado, no livro errado.

Excesso de terapia, excesso de ficção, excesso de inconsistência e incoerência narrativa. Muitas coisas não se encaixavam e, enquanto a história de Maly tomava um rumo extremamente plausível, a de Pietro era uma completa fantasia. Muitas coincidências mal explicadas e tragédias demais. O livro de Michaan peca pelo excesso e a ideia de uma boa história foi comprometida pela ambição de colocar todos os problemas do mundo em trezentas páginas, nas costas de dois protagonistas.

Na primeira parte da história, conhecemos Maly, a protagonista que dá nome ao livro. A definição de tragédia é: vida da Maly. Depois de perder sua família toda em um latrocínio, a menina é enviada para um orfanato. Lá, ela come o pão que o diabo amassou e sofre um pouco mais, porque desgraça pouca é bobagem. No orfanato, ela é apresentada ao mundo circense e se apaixona pela arte dos malabarismos. Equilibrar coisas e emoções passa a ser sua realidade. Essa foi uma metáfora interessante da autora e provavelmente a única coisa que eu gostei no livro.

Muitos problemas e percalços depois, Maly foge do orfanato e vai trabalhar no circo. Basicamente, essa é toda a história. Não acontece muita coisa com a menina depois disso e tudo poderia terminar aí. Na segunda parte do livro, conhecemos Pietro, um garoto que foi adotado por uma carinhosa família italiana. Apesar de ter uma vida plena, ser amado pelos pais adotivos e fazer o que gosta, o jovem sente que falta uma parte de sua vida e conhecer seus pais biológicos passa a ser sua meta de vida. 

A história dos pais do garoto é surreal, trágica, deprimente e assustadora. Confesso que alguns trechos me deixaram um pouco perturbada. Achei desnecessário e até agora me pergunto a real função desse outro ‘protagonista’ na história de Maly. Em um determinado ponto, as duas histórias se cruzam, inclusive, porque ambos são descendentes de famílias judaicas. Coincidências à parte, eles não tem nada em comum. Pietro é chato e Maly é uma mala. Infelizmente, foi uma leitura cansativa, monótona e que não me agradou nem um pouco. Tive minha cota de terapia e mesmo assim, nem Freud explica a história absurda de Pietro e seus pais. 

"Se existia alguma sensação nela era a de que tudo o que lhe dissessem, mandassem ou fizessem seria por ela recebido com indiferença. A vida tornara-se um gigantesco tanto faz." (p. 61)

Sinopse: Maly - A história apresentada entrelaça a vida de Maly - que perdeu todas as pessoas que amava e aprendeu a contar consigo mesma, buscando desenvolvendo e criando recursos dentro de si para ressignificar a vida - e a de Pietro - que apesar de sentir-se confortável na sua vida, sai em busca do mistério que ronda suas origens. 

"O bondoso senhor sempre dizia para o filho:

- Bambino mio, sempre vale a pena qualquer tentativa para realizar os seus desejo nesta vida. O não já está garantido. Se você recebe-lo, nada mudará. Somente o sim tem o poder de transformar a sua história. Capisce? Por isso, sempre vale a pena tentar!" (p. 201)

abril 15, 2015

[Sobre] #2 - Chorar a morte de um personagem


Alguns personagens nos marcam para sempre, positiva ou negativamente. Eles refletem nossos sonhos, esperanças, personalidades e expectativas. É fácil se apegar a um personagem fictício, e para nós, leitores assíduos, talvez até mais fácil do que se apegar a pessoas reais. O irreal passa a ser referência e nos envolvemos nas histórias, como se realmente fôssemos parte delas. O problema de viver num mundo imaginário é que lá também existem os dramas da vida real. Quando um personagem que você admira morre, você vai sentir o luto, chorar e se sentir mal, 'porque as coisas têm o valor que você dá a elas', como já dizia Lindsey Lee, personagem de O Teorema Katherine. 


No mundo imaginário - diferentemente do mundo real -, ninguém precisaria morrer se o autor não quisesse. E talvez isso faça com que seja ainda mais difícil aceitar a morte de um personagem querido. Seja no início, no meio ou no final da narrativa, injusta ou justamente, isso sempre vai afetar o leitor. Alguns choram rios (como é o meu caso), outros simplesmente sentem um aperto no peito. Seja qual for a nossa forma de encarar um acontecimento trágico fictício, é fato que se você estiver envolvido com a história, vai doer. Sentimos porque temos um coração e choramos porque as lágrimas são involuntárias. 


Eu tenho uma lista de mortes de personagens que não aceito, mas não vou citá-los aqui porque pode ser que muitos de vocês não tenham lido esses livros. Em geral, o que mais me abala é ver um personagem que lutou tanto para alcançar algo e no fim acaba morrendo. 'Você não pode escolher se machucar ou não, no máximo, pode escolher quem ou o quê vai te machucar...' parafraseando outro fantástico personagem literário de John Green, Augustus Waters.


Então, não se sinta mal por chorar quando alguém que "não existe" morre. Chore, sinta e se envolva com a história, mesmo que depois de uma morte literária nada mais faça sentido. Isso não faz de você menos forte, pelo contrário, mostra que você é forte o bastante para se importar. O sentimento existe, independentemente de a pessoa ser real ou não. E para finalizar, cito um dos mais sábios personagens de Harry Potter, Severus Snape'é real para nós'. 


Fim.

abril 14, 2015

[Livros] Pausa - Collen Hoover (Slammed #2)

Título Original: Point Of Retreat
Autor: Colleen Hoover
Editora: Galera Record
Páginas: 301
Gênero: Ficção, New Adult
País: EUA
ISBN: 9788501401892
Classificação★★★☆☆
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Depois da leitura de Métrica, eu devorei Pausa esperando que Colleen Hoover me surpreendesse novamente com uma história incrível. Infelizmente, o segundo volume da trilogia deixou a desejar e a narrativa excessivamente dramática de Colleen Hoover, dessa vez foi previsível e forçada. É um bom livro, mas não se tornou uma das minhas leituras favoritas, nem de longe.

Tragédia é algo que sempre se encontra nos livros de Collen, porém, dessa vez, a autora pecou pelo excesso. [spoilerdolivroanterior] Como se já não bastasse matar os pais de Will e depois os de Layken, o segundo livro reserva ainda mais drama e sofrimento. Justamente quando o leitor acha que as coisas vão caminhar para um final feliz, tudo desmorona novamente. [/spoilerdolivroanterior]

Eu sou completamente apaixonada pelo personagem Will Cooper, e talvez goste tanto dele quanto odeio a Layken. A imaturidade da protagonista e suas crises são mais uma vez o ponto fraco da história. O grande impedimento nesse segundo volume de Slammed é que a ex-noiva de Will voltou do além, do inferno, sei lá de onde, querendo recuperar o 'amor da sua vida'. O casal Will e Lake, acaba, então, enfrentando a mais séria de todas as crises. Uma crise, aliás, completamente desnecessária e exagerada.

É bem aquela história de 'ah, logo agora?' Exatamente quando Will, Lake, Caulder e Kel estavam reconstruindo suas vidas. E esse joguinho de momento triste vs momento feliz dura o livro todo. A ex arrependida, o namorado que não sabe o que fazer e a namorada enciumada. Uma fórmula já batida e que dentro de uma trilogia tão bonita, intensa e inovadora, acabou ficando deslocada.

Enquanto Will tenta provar seu amor por Lake, ele sofre e sofre muito. A garota desconfiada do namorado o ignora completamente e a infantilidade da protagonista retorna em seu ápice. Pode-se dizer que Layken passa metade do livro esculpindo abóboras, de novo. E depois de grande parte do livro, temos a impressão de que ainda não aconteceu nada. E não aconteceu mesmo.

Quase como que em resposta às nossas súplicas, Colleen dá uma reviravolta na história. Essa reviravolta, porém, é revoltante e desnecessária. O drama excessivo e a previsibilidade dos acontecimentos estragam a beleza do livro e ofuscam o que o título 'Pausa' quer dizer. Em inglês o título original é 'Point Of Retrait', que significa ponto de recuo. Quem leu sabe que essa expressão faz todo o sentido durante a narrativa, e significa muito para o casal. Infelizmente, os pontos positivos do livro ficaram apagados em meio a tantas tragédias e desgraças. 

Apesar de tudo o que escrevi, eu não poderia terminar essa resenha deixando a impressão de que detestei Pausa. É impossível não gostar de Will Cooper e de suas poesias. O slam, sempre presente na trilogia, torna-se cada vez mais cheio de sentimento. É uma leitura que vale a pena por cada uma das composições únicas do personagem, e as três estrelinhas que reservei ao livro foram conquistadas especificamente nesses momentos. Espero que o terceiro e último livro da série nos reserve mais slam e menos drama.

"Se eu fosse um carpinteiro, eu construiria para você uma janela para minha alma. Mas eu deixaria a janela fechada e trancada, assim, toda vez que você tentasse olhar por ela... tudo o que você veria seria o seu próprio reflexo. Você veria que minha alma é um reflexo de você." (p. 64)

Sinopse: Destinados um ao outro, Layken e Will superaram os obstáculos que ameaçavam seu amor. Mas estão prestes a aprender, no entanto, que aquilo que os uniu pode se transformar, justamente, na razão de sua separação. O amor pode não ser o bastante.

Depois de testado por tragédias, proibições e desencontros, o relacionamento de Layken e Will enfrenta novos desafios. Talvez a poesia desse casal acabe num verão solitário... Sem direito a rimas ou ritmo. A ex-namorada de Will retorna arrependida de ter deixado o rapaz. E está disposta a tudo para reconquistá-lo. Insegura, Layken começa a ler novas reações no comportamento do rapaz. E na insistência para adiar a "primeira vez" de ambos. 

Presos em uma ironia cruel do destino, eles precisam descobrir se o que sentem é verdadeiro ou fruto da extraordinária situação que os uniu. Será que é amor? Ou apenas compaixão? Layken passa a questionar a base de seu relacionamento com Will. E ele precisa provar seu amor para uma garota que parece não conseguir parar de "esculpir abóboras". Mas quando tudo parece resolvido, o casal se depara com um desafio ainda maior - e que talvez mude não só suas vidas, mas também as vidas de todos que dependem deles.

"Antes de nós dois cairmos no chão. Antes da batalha, antes da guerra... você precisa saber que eu aguentaria mais cinquenta e nove. Faria o que fosse necessário para deixar você vencer. Recuaria tudo de novo e de novo e mais uma vez." (p. 96)


[Parceria] Editora Madras - Selo 'Madras Hot'

O clima vai esquentar aqui no Love Lovers. A mais nova parceria do blog é o selo Madras Hot!


E em breve teremos novidades e resenhas apimentadas para os leitores do blog.


Enquanto isso, curta a página da editora e conheça os lançamentos.



abril 04, 2015

[Livros] A Mais Pura Verdade - Dan Gemeinhart

Título Original: The Honest Truth
Autor: Dan Gemeinhart
Editora: Novo Conceito
Páginas: 224
Gênero: Ficção, Young Adult
País: EUA
ISBN: 9788581636337
Classificação★★★★☆
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Existem muitos tipos de verdade, algumas mais honestas que outras. Esse livro fala sobre a mais pura delas: a vida. De uma maneira sutil, Dan Gemeinhart nos mostra o quão frágeis nós somos e como o tempo pode ser tudo e nada ao mesmo tempo. É um livro para ser sentido e entendido pois significa mais do que quer dizer.

É tudo uma metáfora. A verdade, a vida e as montanhas que temos de escalar. A vida é uma montanha e essa é a mais pura verdade. Muitas vezes não alcançamos o topo, muitas vezes caímos e recomeçamos a subida. Alguns vão mais longe que outros, outros tem medo da altura e por isso, nunca saem do lugar. Além disso, as montanhas possuem fissuras, grandes e pequenas e que podem fazer até o mais experiente do montanhistas escorregar.

Mark sabe que seu tempo está se esgotando e ele ainda não chegou ao topo da montanha, na verdade, nem ao pé dela. Ele era uma criança que tinha toda a vida pela frente, mas que teve seu mundo virado de ponta cabeça quando descobriu que seu câncer voltou. Ele vê os dias passarem, os minutos serem levados e seus sonhos se distanciando dele.

No já tão famoso dilema entre uma morte 'digna' e uma morte dolorosa, ele decide sair em busca de uma última aventura: escalar uma montanha. Desta vez não é uma metáfora. Seu sonho é chegar ao topo e olhar o céu de perto, antes de ir para lá definitivamente. Uma utopia, um sonho, um desafio, Mark não liga para as dificuldades, ele está disposto a seguir em frente, aconteça o que acontecer.

Acompanhado de seu cachorro Bleu, Mark parte rumo ao desconhecido. Uma mochila, um pouco de dinheiro, um diário, uma máquina fotográfica e um punhado de coragem. É tudo o que o garoto leva, é tudo o que ele tem. Deixando os pais e a melhor amiga, Jessie, para trás, ele não se importa de ir de encontro à morte. Assim, ele pelo menos terá tentado e sua vida não terá sido em vão.

Mark e Bleu enfrentam inúmeros perigos, afinal uma criança desprotegida, doente e sozinha é um alvo fácil para todo o tipo de gente. No meio do caminho eles conhecem muitas pessoas, algumas que os ajudam e provam que ainda existe gente boa no mundo. Cada momento é registrado em seu diário e em sua memória. Assim, a viagem vai preenchendo seus dias e dando sentido à sua busca. 

Nessa jornada finita em que todos nós estamos, uma criança ousou desafiar o tempo, o destino e os seus próprios limites. A história de Dan Gemeinhart pode ser apenas ficção, mas tem muito a ver com a realidade. Nosso relógio decrescente conta as horas para o nosso fim, somos limitados, finitos, mortais. A vida é curta demais para não a arriscarmos. Vivemos rodeados de montanhas que temos medo de escalar e essa é a mais pura verdade.

"Pensei no meu avô, que costumava me envergonhar sempre que me chamava de seu herói. Ele havia me dado aquele relógio de bolso de prata e eu o levava para todo lugar. Eu o adorava - até que as coisas começaram a piorar, e o som do tique-taque mais parecia passos sombrio que se aproximavam de mim. Eu amava o relógio, até começar a odiar o tempo. E como ele ia embora." (p. 128)

Sinopse: A Mais Pura Verdade - Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha.Mas, em certo sentido um sentido muito importante , Mark não tem nada a ver com as outras crianças.

Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram. Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier.Nem que seja a última coisa que ele faça. A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.

"Havia uma fissura bem na minha frente. Tinha quase dois metros no topo. Não dava para ver o fundo. Fiquei a apenas um passo de cair lá dentro. (...)
Sentei-me na neve e respirei profundamente, com o coração disparado, e olhei lá para baixo e vi como era a morte. Era negra, fria e próxima. Impossível ver o fim." (p. 185)


abril 02, 2015

[Promoções] Páscoa em Livros - 12 livros!


A páscoa está chegando e uma série de blogs preparou para vocês uma promoção incrível! São 12 blogs que se juntaram para sortear 12 livros, Serão 2 ganhadores! Já pensou ganhar seis livros de uma vez só? Vem ver com funcionará! Como regra obrigatória, é preciso que todos curtam as respectivas páginas do facebook. No Rafllecopter está dizendo apenas para visitar, mas é imprescindível que todas as páginas sejam curtidas. Se você participar dos 2 sorteios, terá de curtir as 12 páginas! É bem fácil, não? E você ainda pode ter várias chances de ganhar, preenchendo outros requisitos, vai ficar de fora?

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