abril 24, 2015

[Sobre] #3 Livros: apenas uma fuga da realidade?


Realidade. Uma palavra que traz um significado concreto, apesar de ser um conceito abstrato. O que é real? Qual é o limite da minha realidade para a do outro? Como eu posso saber que algo é ou não de verdade? Perguntas filosóficas às quais você provavelmente já tentou responder e não conseguiu. Provavelmente, nunca conseguirá.

Existem convenções que estabelecem limites entre o real e o imaginário, mas nós leitores sabemos que esses limites não são exatamente reais para nós. Ficção e realidade se fundem, não no mundo exterior, mas no nosso interior. Como eu posso dizer que o luto por um personagem é menos real que o luto por um conhecido ? Eu senti dor nos dois casos e sofri da mesma forma - talvez não na mesma proporção, mas com o mesmo sentimento.

Todos os leitores assíduos se reconhecem na famosa frase do personagem Severus Snape de J.K. Rowling: "... é real para nós." É real, porque os conceitos que delimitam a minha realidade não conhecem limites. Muitas vezes, o mundo dito 'real' pode não ser perfeito, e nessas horas, nas páginas de um livro eu me refugio. Tudo é mais mágico, mais fantástico e mais bonito, mas nem por isso menos real. 

É claro que não devemos "...viver sonhando e esquecer de viver", como já disse o sábio Albus Dumbledore, mas é preciso equilíbrio entre um mundo e outro. A vida com muita realidade enlouquece, e a vida com muita ficção aliena. Escapar, às vezes, faz bem e confesso, escapo muitas vezes. Quando as coisas estão difíceis, eu entro no guarda-roupas e vou para Nárnia. E quando eu volto, tenho mais certeza do que fazer, mais coragem e mais força de vontade para enfrentar as Feiticeiras Brancas que aparecem na minha vida.


Ler nos ensina a ter compaixão. Nos colocamos no lugar do protagonista, tomamos suas dores, o entendemos, como se fôssemos o próprio personagem. Quem lê é mais compreensivo, procura entender o outro. Além disso, conhecemos lugares, histórias, diferentes pontos de vista e assim, podemos viver mil vidas em mil páginas. As histórias nos afastam da realidade, para depois nos trazerem de volta um pouco mais sãos e um pouco mais sábios, talvez. 

Por isso, entre no guarda-roupas para Nárnia, pegue o Expresso de Hogwarts, faça sua própria seleção, mochile pelas galáxias, fuja da sua cidade de papel, saia em busca do seu Grande Talvez, esqueça o tempo, ele não é nada. Coloque a culpa nas estrelas, seja um cavaleiro, roube palavras, ame-as. Apaixone-se como num romance de Nicholas Sparks, chore como num livro de Jojo Moyes, seja um tributo, seja divergente, corra ou morra, sonhe e acredite. Saia em busca de uma aventura, pequeno hobbit. É real!
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