Título Original: Maly
Autor: Léa Michaan
Editora: Primavera Editorial
Páginas: 300
Gênero: Ficção, Romance
País: Brasil
ISBN: 9788561977290
ISBN: 9788561977290
Classificação: ★☆☆☆☆
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Eu não consegui encontrar uma palavra para descrever Maly além de desequilíbrio, falo do livro e da protagonista. Lea Michaan alterna momentos de uma narrativa fluida e infanto-juvenil até reflexões da psique humana e questionamentos sobre a existência da vida. Essa inconsistência narrativa me incomodou demais e por conta disso, o livro não me conquistou. Por ser psicanalista, a autora tentou mostrar um pouco do seu mundo ao leitor. Infelizmente, no momento errado, no livro errado.
Excesso de terapia, excesso de ficção, excesso de inconsistência e incoerência narrativa. Muitas coisas não se encaixavam e, enquanto a história de Maly tomava um rumo extremamente plausível, a de Pietro era uma completa fantasia. Muitas coincidências mal explicadas e tragédias demais. O livro de Michaan peca pelo excesso e a ideia de uma boa história foi comprometida pela ambição de colocar todos os problemas do mundo em trezentas páginas, nas costas de dois protagonistas.
Na primeira parte da história, conhecemos Maly, a protagonista que dá nome ao livro. A definição de tragédia é: vida da Maly. Depois de perder sua família toda em um latrocínio, a menina é enviada para um orfanato. Lá, ela come o pão que o diabo amassou e sofre um pouco mais, porque desgraça pouca é bobagem. No orfanato, ela é apresentada ao mundo circense e se apaixona pela arte dos malabarismos. Equilibrar coisas e emoções passa a ser sua realidade. Essa foi uma metáfora interessante da autora e provavelmente a única coisa que eu gostei no livro.
Muitos problemas e percalços depois, Maly foge do orfanato e vai trabalhar no circo. Basicamente, essa é toda a história. Não acontece muita coisa com a menina depois disso e tudo poderia terminar aí. Na segunda parte do livro, conhecemos Pietro, um garoto que foi adotado por uma carinhosa família italiana. Apesar de ter uma vida plena, ser amado pelos pais adotivos e fazer o que gosta, o jovem sente que falta uma parte de sua vida e conhecer seus pais biológicos passa a ser sua meta de vida.
A história dos pais do garoto é surreal, trágica, deprimente e assustadora. Confesso que alguns trechos me deixaram um pouco perturbada. Achei desnecessário e até agora me pergunto a real função desse outro ‘protagonista’ na história de Maly. Em um determinado ponto, as duas histórias se cruzam, inclusive, porque ambos são descendentes de famílias judaicas. Coincidências à parte, eles não tem nada em comum. Pietro é chato e Maly é uma mala. Infelizmente, foi uma leitura cansativa, monótona e que não me agradou nem um pouco. Tive minha cota de terapia e mesmo assim, nem Freud explica a história absurda de Pietro e seus pais.
"Se existia alguma sensação nela era a de que tudo o que lhe dissessem, mandassem ou fizessem seria por ela recebido com indiferença. A vida tornara-se um gigantesco tanto faz." (p. 61)
Sinopse: Maly - A história apresentada entrelaça a vida de Maly - que perdeu todas as pessoas que amava e aprendeu a contar consigo mesma, buscando desenvolvendo e criando recursos dentro de si para ressignificar a vida - e a de Pietro - que apesar de sentir-se confortável na sua vida, sai em busca do mistério que ronda suas origens.
"O bondoso senhor sempre dizia para o filho:
- Bambino mio, sempre vale a pena qualquer tentativa para realizar os seus desejo nesta vida. O não já está garantido. Se você recebe-lo, nada mudará. Somente o sim tem o poder de transformar a sua história. Capisce? Por isso, sempre vale a pena tentar!" (p. 201)