janeiro 30, 2017

[Séries] 5 Motivos Para Assistir Desventuras Em Série de Lemony Snicket


Se você ainda não assistiu a série adaptada dos livros de Lemony Snicket pela Netflix, confira cinco - dos muitos - motivos para conferir essa produção incrível:

  • Você NÃO devia assistir. O próprio Lemony Snicket te aconselha a assistir outra coisa mais legal, mais feliz. Mas vai querer assistir porque toda essa psicologia reversa da série funciona. Você sabe que não vão acontecer coisas boas com os órfãos mas, ainda assim, vai torcer por eles.

  • É uma série cheia de referências linguísticas e literárias. Várias palavras - algumas complicadas, outras não - fazem parte do repertório dos irmãos Baudelaire. A linguagem é uma preocupação que foi transmitida para a adaptação, até mesmo as referências literárias permaneceram intactas, dando mais força à narrativa. É possível aprender muitas coisas novas e ampliar muito nosso vocabulário com os diálogos da série.

  • Neil Patrick Harris está absolutamente fenomenal de Conde Olaf. O ator que já havia conquistado o público por seu papel de destaque em How I Met Your Mother, dá vida a um personagem de múltiplas facetas e em cada uma delas se supera com uma interpretação divertidíssima. 

  • O visual da série produzido pela Netflix é impecável. Os cenários, sejam construídos ou computadorizados, estão muito bonitos. Mesmo o surrealismo que permeia a trama, é representado em ambientes bizarros e repletos de detalhes.

  • Os personagens são únicos e bem construídos. Violet, Klaus e até mesmo a pequena - algumas vezes computadorizada - Sunny tem diferentes nuances e são muito expressivos. É possível identificar o que os Baudelaire estão sentindo analisando simplesmente suas expressões faciais e isso enriquece suas performances.

Sinopse: Lemony Snicket conta as desventuras dos irmãos Baudelaire. Klaus, Sunny e Violet que são encantadores e inteligentes, mas ocupam o primeiro lugar na classificação das pessoas mais infelizes do mundo. De fato, a infelicidade segue os seus passos desde a primeira página, quando eles estão na praia e recebem uma trágica notícia. Esses ímãs que atraem desgraças terão de enfrentar, por exemplo, um gosmento vilão dominado pela cobiça, um incêndio calamitoso, roupas que pinicam o corpo e mingau frio no café da manhã. É por isso que, logo na quarta capa, Snicket avisa ao leitor: "Não há nada que o impeça de fechar o livro imediatamente e sair para uma outra leitura sobre coisas felizes, se é isso que você prefere".



janeiro 26, 2017

[Livros] Juntando os Pedaços - Jennifer Niven

Título Original: Holding Up The Universe
Autor: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Páginas: 392
Gênero: Romance, YA, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788555340246
Classificação★★★★★
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Juntando os Pedaços é mais um livro incrível da Jennifer Niven que emociona ao falar sobre perder. Perder alguém, perder peso, perder a capacidade de reconhecer rostos, perder a si mesmo. Na vida, perdemos muito e perdemos muitas vezes, mas isso não faz de nós perdedores. Pelo contrário, nos ensina a ser fortes e, principalmente, a juntar os pedaços. 

A autora que já havia me conquistado com Por Lugares Incríveis, conseguiu, outra vez, trazer um livro repleto de sentimento, verdade e sensibilidade. Misturando suas lembranças de vida a uma trama encantadora e nada convencional, Juntando os Pedaços conta a história de amor e ódio de dois jovens tão diferentes quanto podem ser, mas que no fundo se reconhecem igualmente solitários. 

Libby foi considerada a adolescente mais gorda dos EUA ao ter que ser resgatada da sua casa durante um ataque de pânico. Após anos sem sair de casa, os policiais tiveram que destruir as paredes de sua casa para tirá-la de lá e a jovem demorou anos para reconstruir seu próprio interior. Os efeitos do peso e do bullying que sofreu durante anos a aterrorizavam, mas não mais do que a falta que sentia da mãe – razão pela qual ela começou a comer. Foi então que ela decidiu recomeçar e isso é mais difícil do que ela imaginava.

Jack tem uma doença rara – prosopagnosia – que o impede de reconhecer rostos. Ele não faz ideia de como é o rosto dos seus pais, dos seus amigos e muito menos o seu próprio. Apesar de não conseguir identificar ninguém mais no mundo, ele esconde sua condição de todos e sofre ao ter que descobrir todos os dias quem está ao seu redor. Com o tempo, Jack aprendeu a detectar marcas que diferenciam seus amigos e familiares, até que uma garota nova chama sua atenção, Libby. 

Libby chama a atenção por seu peso, mas não é só isso que faz com que Jack a reconheça numa multidão. Essa estranha familiaridade os conecta de uma maneira sincera, única. Aliás, se há algo que a narrativa de Juntando Os Pedaços trata é a questão do “ser diferente”. Afinal, somos todos diferentes e iguais e únicos ao mesmo tempo. 

O bullying é uma questão forte – de vida ou morte – e que precisa ser discutida com urgência. Qualquer tipo de discriminação não pode ser tratado como brincadeira, aliás, não é brincadeira se as duas partes não se divertem. Jennifer trabalha o tema com a propriedade de alguém que já passou por isso e sabe o quanto dói ser taxado, humilhado e ridicularizado por algo que você é. 

Destaque importante dos personagens secundários, Dusty, irmão de Jack, é uma das maiores vítimas de bullying e intimidação. Seu jeito de ser e sua preferência por coisas “tipicamente femininas” fazem com que ele sofra perseguição na escola. O garotinho é um doce e faz o possível para ajudar todos ao seu redor, especialmente, Jack e cada vez que ele chega arrasado, sentimos vontade de abraça-lo e dizer que esse mundo tão cruel não o merece. 

O conceito - maravilhoso - da capa é repleto de significados e faz dela tão única e especial quanto seus protagonistas. O título adaptado também foi genial, poucas vezes a versão brasileira me agradou mais do que a original. Essa é uma história que foge dos clichês e quebra todos os padrões, afinal, sempre que somos obrigados a juntar os pedaços de alguma coisa ela não é mais o que era antes. Libby e Jack estão fragmentados e, talvez, o amor e a compreensão sejam a cola que pode fazê-los inteiros de novo. 

"- As pessoas fazem merda por vários motivos. Às vezes, são simplesmente pessoas escrotas. Às vezes, outras pessoas fizeram merda com elas e, apesar de não perceberem, tratam os outros, como foram tratadas. Às vezes fizeram merda porque estão com medo. Às vezes escolhem fazer merdas com os outros antes que façam com elas. É uma autodefesa de merda. " (p. 74)

Sinopse: Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. 

Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.


"- É engraçado, não é? Apesar de estarmos basicamente sozinhos aqui dentro - ele bate no peito - , é muito fácil esquecer quem somos." (p. 319)


janeiro 23, 2017

[Livros] Contos Peculiares - Ransom Riggs

Título Original: Tales Of The Peculiar
Autor: Ransom Riggs
Editora: Intrínseca
Páginas: 208
Gênero: Ficção, Contos
País: USA
ISBN: 9788551000533
Classificação: ★★★
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Uma peculiar extensão da história do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, esta coletânea de contos únicos - e levemente bizarros -, reúne lendas do folclore peculiar contadas por Millard Nullings. Velho conhecido dos leitores da série, ele é um dos personagens mais importantes dos livros anteriores e se torna o narrador das histórias contidas nesse volume.

Ransom Riggs, o verdadeiro autor do livro, faz questão de causar estranheza em suas obras. Essa peculiaridade encontrada em todos os seus textos causa no leitor uma estranha identificação com a história. Apesar de não sermos gafanhotos gigantes, invisíveis, manipuladores de sonhos, ymbrynes, ilhas humanas ou princesas lagartos, somos também diferentes. 

O sentimento de não pertencer a nenhum grupo, ser estranho ou avesso ao normal é algo muito presente em nossas vidas, principalmente nas dos apaixonados por livros. Muitas vezes, escapamos para mundos mais justos do que aquele em que vivemos. Mundos onde não seremos estranhos, excluídos ou perseguidos por não nos encaixarmos. A leitura é nossa fenda temporal, um esconderijo seguro para os seres peculiares que encontram nas páginas de um livro a felicidade

A coletânea traz contos incríveis e excêntricos que têm uma coisa em comum: a incompreensão do diferente. Contando histórias como a da primeira ymbryne, da princesa que tinha pele de lagarto, do garoto que controlava o mar, entre outras, nosso narrador expõe a perseguição enfrentada por aqueles que não se adequam às expectativas dos demais. Todos os personagens sofrem algum tipo de exclusão ou perseguição simplesmente por suas condições anormais.

Uma edição em capa dura diagramada de maneira absolutamente peculiar traz um efeito refinado à obra de Riggs. Resultado de um projeto gráfico muito bonito, a coletânea conta também com ilustrações magníficas de Andrew Davidson. O ilustrador tem, sem dúvidas, a peculiaridade da arte.

Narrado por um peculiar que não pode ser visto a olho nu, Contos Peculiares traz morais fortes sobre empatia, respeito e amor. Millard Nullings pode até ser invisível, mas é notável sua intenção de nos fazer enxergar o que não é aparente. Algumas pessoas apenas são mais diferentes do que outras e carregam consigo características únicas. E isso as faz peculiares e especiais.

"O livro que você tem em mãos foi escrito apenas para olhos peculiares. Se, por acaso, você não pertence à estirpe dos anômalos (em outras palavras, se nunca saiu flutuando da cama no meio da noite porque esqueceu de amarrar a si mesmo ao colchão, se nunca soltou chamas pela palma da mão em momentos inoportunos, nem nunca mastigou a comida com a boca que tem na nuca), então, por favor, devolva imediatamente este exemplar à estante onde o encontrou e o esqueça. (p. 13)

Sinopse: O livro dentro dos livros, Contos peculiares é a coletânea de contos e fábulas citada ao longo da série O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares — o livro com as histórias que os jovens peculiares escutam sua protetora contar e recontar.

Um menino que vira gafanhoto e foge com um grupo de gansos; uma princesa com língua de cobra à procura de um príncipe com quem se casar; canibais ricos que comem braços e pernas de peculiares que têm o dom de se regenerar são alguns dos personagens dessas narrativas que há séculos povoam o imaginário dos peculiares, oferecendo não apenas valiosas lições, mas também pistas para informações secretas, como a localização exata de certas fendas temporais, por exemplo. Compilado por Millard Nullings, o menino invisível acolhido no lar da srta. Peregrine, o livro inclui surpreendentes comentários e notas, além de um desfecho alternativo para a tocante história do gigante Cuthbert, já conhecida dos leitores da série.

Inusitado, surpreendente e divertido, Contos peculiares é ao mesmo tempo um delicioso complemento e uma porta de entrada para o rico universo criado por Ransom Riggs; um verdadeiro presente para quem não resiste à magia das boas histórias.

"A primeira ymbryne não era uma mulher que podia se transformar em ave, mas uma ave que podia se transformar em mulher. (...) O pai deu a ela o nome de Ymeene, que na língua treinada dos milhafres significa 'estranha', e ela sentiu o fardo solitário dessa solidão desde que completou idade suficiente para erguer a cabeça." (p. 58)


janeiro 08, 2017

[Livros] O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares - Ransom Riggs (Lar da Srta. Peregrine #1)

Título Original: Miss Peregrine's Home For Peculiar Children 
Autor: Ransom Riggs
Editora: Leya
Páginas: 336
Gênero: Ficção, Suspense
País: EUA
ISBN: 9788544102848
Classificação: ★

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O primeiro volume de uma série bastante peculiar, O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares é tão bizarro quanto interessante. Uma mistura de fotografias antigas - sem muita edição, o que é mais bizarro ainda - com ficção, Ransom Riggs criou um universo a ser explorado onde nada é convencional e isso é extraordinário. 

Meu primeiro contato com O Orfanato da Srta. Peregrine foi assistindo à adaptação cinematográfica - me julguem. Nunca havia me interessado pelo livro/filme, mas decidi ver na falta de melhores opções. Acabei me interessando por esses seres peculiares e o mundo que eles escondem, fui atrás dos livros e não me arrependi, as histórias são realmente diferentes de tudo o que eu já tenha lido. 

O autor tomou emprestadas diversas fotografias de colecionadores e se inspirou nelas para escrever uma série de livros nada menos que genial. Fotografias escondem segredos que nunca serão revelados, capturados num segundo e eternizados no papel. Ransom criou esses segredos e os contou para o mundo. 

Jacob é um garoto como qualquer outro - ou pelo menos é o que ele pensa. Seu avô, veterano de guerra, sempre lhe contou histórias de sua infância e elas incluíam um orfanato peculiar, quase mágico, onde viviam crianças com habilidades extraordinárias. As histórias do avô fizeram parte da vida do menino até que ele crescesse e começasse a questionar sua vericidade. E, assim, percebendo que o neto não acreditava nele, seu avô guardou seus segredos num baú. 

Esses segredos, no entanto, começam a vir à tona quando Jacob menos espera e, aos poucos, ele descobre que talvez as histórias que ouvia quando criança não fossem mentira. Com a ajuda de amigos bastante peculiares, o garoto terá que correr contra o tempo - literalmente - para proteger as pessoas que ama e continuar o trabalho de seu avô. A relação metafórica entre o nazismo e os monstros etéreos é assustadora e, na minha opinião, a grande sacada do autor.

Uma coisa muito incomum - e peculiar -, mas preferi o filme ao livro. Algumas cenas, em especial um telefonema dado por Abe, me comoveram e me encantaram bem mais do que as presentes na narrativa. As mudanças bruscas, incluindo trocas de protagonistas, feitas pela equipe de Tim Burton resultaram num filme pouco fiel à obra, mas muito fiel à seu espírito e isso é o mais importante. 

Por ser completamente diferente de qualquer livro que eu já tenha lido, O Orfanato da Srta. Peregrine tem um lugar no meu coração. É uma trama única em conjunto com uma seleção fotográfica incrível. Narrativa e diagramação se encaixam como se estivessem diretamente relacionadas e, confesso, eu não duvidaria se meu avô me mostrasse esses retratos, são absurdamente reais e bizarros. Há no mundo tanto a ser descoberto, desde fotografias antigas até mundos escondidos, afinal, somos todos um pouco peculiares. 

"Ele nunca mais veria a mãe, nem os irmãos mais velhos, nem os primos, nem as tias e os tios. Todos eles estariam mortos antes de seu décimo sexto aniversário, assassinados por monstros dos quais ele escapara por tão pouco. Mas não eram o mesmo tipo de monstro com tentáculos e pele podre, com o qual a mente humana de um menino de sete anos podia lidar. Eram monstros com rosto humano, em uniformes impecáveis e que marchavam em fileiras cerradas, tão despreocupados que não se percebia o que eram até ser tarde demais." (p. 13)

Sinopse: Milhões de cópias vendidas em todo o mundo! Traduzido para mais de 40 idiomas! Eleito uma das 100 obras mais importantes da literatura jovem de todos os tempos Tudo está à espera para ser descoberto em "O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares", um romance que tenta misturar ficção e fotografia. 

A história começa com uma tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares. Elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo. E, de algum modo - por mais impossível que possa parecer - ainda podem estar vivas. 

“Mesmo sem as fotos, esta seria uma história emocionante, mas as imagens dão um irresistível toque de mistério. A narração em primeira pessoa é autêntica, engraçada e comovente. Estou ansioso para o próximo volume da série!” RICK RIORDAN, autor da série Percy Jackson e Os Olimpianos. “Um romance tenso, comovente e maravilhosamente estranho. 

"- Quem disse que estou presa? - Ela deu um suspiro. - Não. Na verdade, não. Só sinto falta dele, é tudo. 
- Ainda?
- Todo dia." (p. 218)


janeiro 03, 2017

[Livros] Depravado - Jaimie Roberts (Deviant #1)

Título Original: Deviant
Autor: Jaimie Roberts
Editora: Bezz
Páginas: 348
Gênero: Romance Erótico, Ficção
País: EUA
ISBN9788501065124
Classificação: ★
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Um romance dark (dark novel) sobre vingança e poder não pode ser nada menos que arrebatador. Assim como seu protagonista, Depravado tem um lado sensual, interessante e sedutor, mas também tem muitas falhas que forçam seu lado obscuro, selvagem e violento. Com uma narrativa intensa, essa é uma daquelas histórias para amar ou odiar, o mesmo acontece com o homem misterioso que dá nome ao livro. 

Repleta de clichês, fetiches e desejos femininos, Depravado foi escrito para mulheres que não tem medo de falar sobre sexo e de explicitar suas preferências. É uma narrativa pós cinquenta tons de cinza que explora ao máximo a fantasia do sexo com alguém misterioso e, por isso, nada indicada para pessoas conservadoras. Confesso que eu estava bem empolgada para começar essa leitura, mas recebi um balde de água fria no decorrer da trama.

A ideia por trás do livro é, já, bastante desgastada, mas ainda renderia uma boa história. O problema foi que Jaimie Roberts envolveu muitos clichês em cenas toscamente irreais e o resultado não convenceu. Gostei de muitos elementos, mas também detestei tantos outros. As cenas de ação eram totalmente forçadas, uma mistura ruim de o Poderoso Chefão com Missão Impossível, onde nada fazia muito sentido.

Romance erótico, o contexto em que acontecia o sexo também não era nada convincente. Um tipo de "estupro consensual", a relação entre os protagonistas era assim, bizarra. Um estranho - apelidado Lótus - chegava na calada da noite, transava com a garota - de forma bem violenta, e até aí ok, porque ela gostava de sexo selvagem - e saía escondido, voltando quando estivesse afim. Tyler, a garota, simplesmente permitia que um cara qualquer continuasse vindo e fazendo o que bem entendesse com ela sem nem ao menos saber quem ele era. 

Além disso, antes das relações sexuais, Lótus/Dean esteve por três anos perseguindo e observando Tyler. Ele invadia sua casa, trocava as coisas de lugar e a provocava e ela achava tudo lindo, afinal, é sempre bom ter companhia. 

O fetiche do desconhecido é compreensível, mas aceitar que alguém a persiga, interfira na sua rotina, invada sua casa e sua privacidade e ainda o considere especial por isso é um pouco demais. Quando li que ela adorava o fato do "estranho" virar seu carro de lado na vaga, simplesmente fechei o livro e voltei depois. É surreal! Garota, tem um maldito psicopata atrás de você e ele tem entrado na sua casa todos os dias por anos. Qual é o seu problema?

Enfim... Tyler se apaixona pelo homem que vem - perdão pela expressão - f***-la todas as noites, mas nunca a beija. Aos poucos, vamos percebendo que o "estranho" é um ex-namorado que voltou para se vingar. Essa parte da história é até que plausível, mas o desenrolar catastrófico da vingança chega a ser cômico. As coisas vão ficando tão óbvias quanto final de novela e o nem os personagens secundários - planos demais - conseguem segurar as inúmeras falhas no enredo. 

Se eu pudesse resumir o livro de Jaimie Roberts, diria que é uma boa história, mas pessimamente aproveitada. A vingança está destinada a fracassar, sempre, mas a narrativa não precisava ter seguido o mesmo rumo. O protagonista nem é assim tão depravado, só gosta de uma pegada mais hardcore e encontrou uma parceira que topa tudo o que ele deseja, então, o grande lance é que não é um livro memorável ou interessante. Pelo contrário, Depravado é um daqueles romances que não acrescentam muito, exceto a paranoia de checar se seu carro está parado do jeito como você deixou.  

"- Ao buscar vingança, cave duas sepulturas: uma para si mesmo. 
- Douglas Horton" (p. 201)

Sinopse: A maioria dos contos de fadas termina com um “felizes para sempre”. Este não é um conto de fadas. Ele não é um príncipe encantado que vai levá-la em direção ao pôr do sol. Esta é uma história sobre traição, luxúria, desejo e, em última análise, vingança… E a vingança só pode conduzir a uma coisa.

Tyler - Ele era um estranho, meu visitante, a sombra no canto do quarto. Ele me perseguia, me observava, sabia tudo sobre mim. Mas tudo que eu podia fazer era sentar e esperar. Esperei que ele me visitasse, noite após noite. Ele estava se tornando o meu vício, meu desejo, minha obsessão. Ele conhecia cada centímetro do meu corpo, mas eu não sabia nada sobre ele. Ele se autodenomina Lótus e, tão maluco quanto possa parecer, acho que estou me apaixonando.

Dean - Eu queria pegá-la, possuí-la, dominá-la e arruiná-la. Eu queria violentá-la, agradá-la e consumi-la até que eu não pudesse sugar mais nada dela. Ela vai querer que eu a beije. Que a segure durante toda a noite para que ela tenha uma conexão comigo. Eu gostaria de fazer isso, quando ela me procurasse na escuridão. Ser aquele que satisfaz sua maior fantasia. Um estranho que foge para o quarto dela. Alguém que lhe dá o máximo prazer, mas também busca o seu maior sofrimento. A dor que ela nunca teve que suportar. A dor que irá corroê-la até que não haverá mais nada. Ela era a minha inimiga, eu era o seu lótus. E a vingança é uma merda.

"- Estou ocupado demais para me preocupar com uma mulher choramingando, Humphrey. É só isso que elas fazem. Não importa quantas vezes eu fale que essa merda acontecerá uma vez, uma única vez, elas querer ser sempre aquela que vai me conquistar. Aquela que vai alcançar o coração de Dean Scozzari." (p. 299)


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