Autor: Oscar Wilde
Editora: Folha de São Paulo
Páginas: 76
Gênero: Contos, Clássico
País: Reino Unido
ISBN: 9788593876660
Classificação: ★★★★★
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Uma fábula lindamente construída para alegorizar a sociedade, O Aniversário da Infanta é, até agora, um dos meus volumes favoritos da coleção Inglês com Clássicos da Literatura. Esse terceiro volume traz um conto repleto de verdade e um reflexo do pensamento crítico e inconformado do autor sobre seu tempo.
A estória se passa em tempos antigos mas o sentimento que ela deixa é muito atual: a busca pela perfeição e pela beleza que objetifica pessoas e as transforma em entretenimento. Nos transformamos em produtos da reação que causamos nos outros e nossos sentimentos não importam mais.
A protagonista, uma princesa mimada que tem o reino a seus pés, se parece muito com o tipo de jovem que pertence a geração atual, apesar de ter tudo, sente falta do afeto dos pais. Tudo o que importa, no entanto, são as aparências e, por isso, a menina parece sempre encantadora.
Em seu aniversário de doze anos, uma grande festa é organizada e junto com seus súditos ela procura se divertir. Uma das atrações de seu aniversário é um anão, tratado por todos com desdém, como se fosse uma aberração. Ele, porém, faz feliz seu trabalho e entretém seu público enquanto se apaixona pela princesinha. Um amor platônico e impossível devido ao abismo social e "estético" que existe entre eles.
Com um final bastante característico dos textos de Oscar Wilde e utilizando animais e plantas como alegorias claras, O Aniversário da Infanta descreve sua indignação com os valores da época e ilustra o que realmente deveria ser considerado belo. Quanto valor tem a beleza? E quanta beleza tem o nosso real valor?
"Os Lagartos eram extremamente filosóficos por natureza e com frequência ficavam horas e horas pensando, isso quando não tinham mais o que fazer ou quando o tempo era chuvoso demais para saírem.
As Flores, porém, ficaram muito incomodadas com o comportamento deles e também com o dos pássaros.
- Isso só mostra - diziam elas - o quanto essas correrias e voos incessantes têm como efeito a banalização. Pessoas bem-nascidas sempre ficam exatamente no mesmo lugar, como nós." (p. 46)
Sinopse: Na Espanha dos séculos XVI-XVII, começam os preparativos para o aniversário de 12 anos da Infanta, a filha de um rei perpetuamente entristecido devido à morte, pouco após o parto, da mulher muito amada, que ele mandou embalsamar e todo mês vai visitar na capela onde ela repousa.
Participam da festa todos os rebentos da aristocracia da Corte, vestidos com incômodos trajes e que se divertem com vários espetáculos: touradas simuladas, tragédias encenadas por marionetes italianas, danças ciganas e prodígios de malabaristas.
"Mas o anãozinho não dava a mínima para toda essa magnificência. Não trocaria sua rosa por todas as pérolas do dossel, nem uma única pétala branca de sua rosa pelo próprio trono." (p. 58)