Autor: Graciela Mayrink
Editora: Novo Conceito
Páginas: 336
Gênero: Ficção, Romance
País: Brasil
ISBN: 9788581635637
Classificação: ★☆☆☆☆
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Antes de começar essa resenha, eu preciso deixar claro que não, eu não sou um alien. Pois bem, me senti um ser de outro planeta ao perceber que eu fui uma das únicas pessoas que não gostou (nem um pouco) do livro A Namorada do Meu Amigo. Afinal, no skoob, na blogosfera e na Bienal só se ouviam elogios ao mais novo lançamento da Graciela Mayrink, publicado pela Editora Novo Conceito. Mais uma vez eu preciso discordar completamente da crítica e dizer que, infelizmente, esse livro eu não posso indicar para os leitores do blog.
Eu fiquei extremamente decepcionada e posso garantir que foi uma das minhas piores experiências de leitura. Para criticá-lo, eu vou separar todo o carinho que eu tenho pela Graciela, que é um amor de pessoa, e pensar simplesmente na narrativa como falha, desconexa e até meio boba. Os personagens são irritantes e não consegui criar um vínculo com nenhum deles, em especial com o protagonista Cadu, que entra para a lista dos personagens mais odiáveis da face da Terra.
Cadu, Beto e Caveira são melhores amigos desde crianças. No bairro onde viviam quando pequenos, morava também uma garotinha irritante, chata e que se dizia apaixonada por Cadu. Seu nome era Juju. Depois de muitos anos odiando essa menininha só porque ela queria fazer parte do grupinho de meninos deles, os três vibram ao descobrir que a garota vai se mudar de lá. Algumas referências a Os Três Mosqueteiros são parte do texto, mas acabam ficando perdidas depois da metade do livro e poderiam ter sido melhor aproveitadas no final.
Anos depois, os amigos crescem e a os problemas com a narrativa também. É época de férias e Cadu vai passar dois meses na casa da mãe em Florianópolis. Juju, que agora é Juliana, volta para sua antiga cidade e o efeito do tempo é visível. Ela agora é uma garota bonita, Beto se apaixona por ela e eles começam a namorar.
O problema é que quando Cadu volta das férias ele 'também' simplesmente se apaixona por Juliana. É "amor" (ou atração) à primeira vista, e o mundo gira em câmera lenta enquanto ele fica completamente obcecado pela namorada do melhor amigo. Ele se apaixonar pela garota tudo bem, mas assim do nada? Odiar a menina num dia e no outro dizer que ela é sua alma gêmea? Sem contar que parece que ele está apaixonado pelo físico dela, uma vez que nem chegou a conversar com ela ainda. Imaginem a cena: uma garota vira para trás e quando seus olhos se cruzam com os do amigo do namorado... Plim! Fogos de artifício, amor, filhos e dois cachorros. É surreal, até pra mim.
Até aí tudo bem, mas o garoto não consegue tirar Juju da cabeça. Ele pensa nela literalmente a todo momento e o livro se torna repetitivo, cansativo e entediante. A autora basicamente não escreve descrições, então é um diálogo atrás do outro, até o fim. Diálogos triviais, bobos e que falam sobre Juliana, mulheres e ciúmes. Isso quando as cenas não são abruptamente interrompidas e o capítulo termina com uma ressaca. Diversas vezes eu procurei se não faltavam páginas no meu exemplar, sei lá, talvez meu cachorro tivesse comido. Não, eu não tenho cachorro.
Os únicos pontos de vista que você vai encontrar no livro são os dos três amigos: Beto, um cara ciumento, egoísta e super-protetor apenas com suas duas irmãs (enquanto seu "melhor amigo" deseja roubar a sua namorada). Caveira com uma visão machista e nojenta de querer traçar qualquer uma que use saia e ainda assim tem mais juízo que os dois amigos juntos. E Cadu com uma visão sou-cafajeste-sou-um-puta-amigo-e-ao-mesmo-tempo-sou-um-imbecil, desejando Juju, beijando ela algumas vezes e se achando um pobre coitado apaixonado e sofredor, enquanto não sente nem um pingo de remorso por trair o melhor amigo.
Se eu exagerei nos adjetivos (negativos) peço que me desculpem, mas assim como eu elogio demasiadamente um bom livro, preciso ser sincera quando eu leio algo que me incomoda tanto quanto A Namorada do Meu Amigo. E se até aqui a história já me foi detestável, o final então foi absurdo. Fiquei tão frustrada com as escolhas do protagonista que minha vontade era entrar dentro do livro e dar um tiro no Carlos Eduardo. Sério, kkkk! Mas de qualquer forma, muita gente entendeu o lado do Cadu e torceu para que ele ficasse com a Juliana. A autora bolou um final que (teoricamente) agradaria gregos e troianos, mas acabou não funcionando porque praticamente joga todo o resto da história no lixo e é uma enorme contradição. Sem dar spoilers, vamos dizer que Cadu bota a mão na consciência tarde demais e aí, meu amigo... a mão dele já tinha sido amputada.
Uma má experiência com a autora não vai, de forma alguma, me fazer deixar de ler seus livros, pelo contrário, estou ansiosa pelo próximo lançamento e para que Graciela Mayrink me conquiste novamente como aconteceu em Até Eu Te Encontrar. Quem conseguiu gostar da história deve ter visto algo que eu não vi, então por favor, contem para mim aqui nos comentários.
"(...) - Não vou ser o tipo de namorado ciumento, que não deixa a namorada se divertir. Mas você pode ficar perto dela a noite toda... Meio que vigiando.
- Você quer que eu grude na Juliana e fique de guarda-costas dela? - Arregalei os olhos.
- Mais ou menos. Sei que você não gostava muito dela quando era criança, mas agora ela mudou. Isso se você não estiver interessado em nenhuma garota que vai estar no baile, claro...
Estou sim, na sua namorada, pensei." (p. 34)
Sinopse: Quando voltou das férias de verão, Cadu não imaginava a confusão em que a sua vida se transformaria. Era para ser um ano normal, mas ele entrou em uma enrascada e está correndo o risco de perder a amizade do cara mais legal do mundo. O que fazer quando a namorada do seu amigo vira uma obsessão para você? Os churrascos da turma da faculdade talvez ajudem a esquecer Juliana, e, se depender do esforço do divertido Caveira, não faltarão garotas gente boa para preencher o coração de Cadu. Mas não adianta forçar... Quem consegue mandar no coração? Alice, a irmã de Beto, é só mais uma das dores de cabeça que Cadu tem que enfrentar. A vida inventa cada cilada!
"- Não estou pisando em você, apenas te trazendo pra realidade. Achei que já tivesse percebido que é uma canoa furada.
- Eu percebi, mas você também não ajuda.
Caveira apertou os olhos e apontou o dedo pra mim.
= Errado. Eu ajudo, você que não se ajuda. Um monte de mulher atrás e você quer a do seu amigo. Grande homem você é.
Fiquei quieto. Sabia que ele tinha razão, mas não ia ceder.
- Não tem tanta mulher atrás de mim. - Dei de ombros.
- Ah, pobre Cadu. (...)" (p. 121)
Fonte:EditoraNovoConceito|Skoob