Perfeito para quem gosta de romances clichês abusivos, o livro de Jewel E. Ann traz uma ideia que precisa ser desconstruída: a de que uma mulher tem o poder de ser redentora do homem. Esse pensamento é responsável por grande parte dos relacionamentos abusivos a que nos submetemos, por nos fazer acreditar que amor é o bastante para curar uma pessoa.
Não costumo problematizar os romances que tragam a temática de abuso quando isto fica claro e é bem abordado, mas em Perfeito Para O Papel a romantização de um comportamento inaceitável é tão óbvia e absurda que transparece em seu título. Não há nada de perfeito em tratar uma mulher feito lixo, ser grosseiro ou deselegante. Todos temos passado, traumas e motivos para ter a personalidade que temos, mas nada justifica que isso seja visto como um ideal perfeito.
É tão difícil desconstruir a ideia de que todos temos problemas e precisamos de ajuda. É por isso, que é tão problemático taxar de perfeito um homem que humilha, despreza e maltrata uma mulher por querer evitá-la a todo custo. Não é romântico, não é sadio. A mulher que se atrai por esse tipo de comportamento precisa de ajuda - e falo com propriedade, como uma dessas mulheres, em tratamento.
O romance pode ter suas cenas bonitinhas e um apelo interessante, mas o desenvolvimento fraco e problemático tiram o mérito da história. Em outros tempos talvez eu tivesse gostado dessa leitura, mas tendo enfrentado as consequências de um relacionamento abusivo, me preocupa ver esse tipo de relação sendo idealizada. Há abuso na vida real, há dor e tristeza e relacionamentos problemáticos que precisam ser retratados mas não dessa forma. Não como se houvesse alguma perfeição em ser tratada feito lixo.
Sinopse: Flint Hopkins encontra a inquilina perfeita para alugar o espaço sobre seu escritório de advocacia em Minneapolis.Todos os requisitos foram preenchidos na proposta de Ellen. As referências dela são boas. E ela é bonita.