Autor: Daniel Keyes
Editora: Aleph
Páginas: 288
Gênero: Distopia, Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788576573937
Classificação: ★★★★★
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Sensível, emocionante e bonito, Flores para Algernon foi, sem dúvidas, uma das melhores leituras da minha vida. Escrevo essa resenha com os olhos cheios de lágrimas por ter lido a história de Charlie Gordon, esse rapaz incrível desde sempre e que guardava em si toda a pureza do mundo por não ser capaz de compreender a maldade.
Aos 32 anos, Charlie Gordon tem apenas um sonho: se tornar inteligente. O rapaz, que possui uma deficiência intelectual severa, viveu a vida toda desejando ser "igual aos outros". Seu baixo QI fez com que ele sempre se sentisse inferior às pessoas ao seu redor e, assim, a inteligência passa a ser seu maior objetivo. Quando surge uma inovadora cirurgia capaz de estimular áreas específicas do cérebro e, consequentemente, aumentar sua capacidade de raciocínio e memória, Charlie se vê diante da possibilidade de ser a pessoa que ele sempre quis ser.
A narrativa brilhante de Daniel Keyes é escrita em forma de relatórios de progresso feitos pelo próprio protagonista. Charlie começa escrevendo com notável dificuldade e é possível analisar a falta de coerência e coesão em seus pensamentos. Ideias desconexas, pouco vocabulário e muitos erros gramaticais, no entanto, não interferem na sua capacidade comunicativa. A alma, a mente e as experiências de Charlie estão ali naqueles relatórios e é bonito acompanhar o quanto sua escrita e sua capacidade de aprendizagem aumentam a cada página.
Cada erro cometido ortográfico pelo protagonista evidencia o quanto seu processo de desenvolvimento é constante. Aos poucos eles vão ficando menos frequentes e é possível ver um tipo de escrita de complexidade avançada, a ponto de o próprio leitor não entender alguns diálogos científicos mais específicos. O emprego de metalinguística nesse livro é uma brilhante estratégia do autor para nos conectar com o personagem.
O desenvolvimento de Charlie é exponencial, no entanto, o emocional não consegue acompanhar seu intelecto. Cada dia mais inteligente e mais ciente do mundo ao seu redor, o homem com maturidade de criança se vê pela primeira vez tendo a compreensão do mundo como ele é: cruel, mesquinho, injusto. Toda a pureza, alegria e a ignorância que Charlie Gordon trazia consigo desaparecem e o conhecimento se torna um fardo, destruindo-o de dentro para fora.
Flores para Algernon é um livro sobre como as pessoas podem ser ruins e sobre como elas também podem ser boas sem que nunca saibamos. Inteligência não é grande coisa sem um bom coração e talvez ambos não possam coexistir num mundo tão injusto e cruel como o que vivemos. Talvez no futuro seja possível fazer alguém ficar mais inteligente, mas o que o mundo mais precisa são pessoas boas.
Sinopse: Aos 32 anos, Charlie trabalha na padaria Donners, ganha 11 dólares por semana e tem 68 de QI. Porém, uma cirurgia revolucionária promete aumentar a sua inteligência, considerada gravemente baixa. O problema? Enxergar o mundo com outros olhos e mente pode trazer sacrifícios para a sua própria realidade. E resta saber se Charlie Gordon está disposto a fazê-los.