Autor: Neal Shusterman
Editora: Seguinte
Páginas: 448
Gênero: Distopia, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788555340352
Classificação: ★★★★★
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Uma das melhores distopias que li nos últimos tempos, O Ceifador é o primeiro volume de uma trilogia genial de Neal Shusterman que nos faz questionar o futuro da humanidade - ou da falta dela. Em uma crítica sagaz e muito atual, o autor expõe os riscos dar ao ser humano poder. Seríamos justos a ponto de merecer determinar quem vive e quem morre? Seria a morte justa de alguma forma?
No futuro os seres humanos se tornaram imortais. A tecnologia evoluiu a ponto de tornar o mundo um lugar verdadeiramente justo, onde há um equilíbrio e as decisões são todas tomadas pela suprema inteligência artificial: a Nimbo-Cúmulo. Uma versão aprimorada da Nuvem, essa inteligência se tornou uma espécie de deus, solucionando todos os problemas que os humanos possam ter com sabedoria e imparcialidade. Em apenas um assunto ela não pode interferir: o poder dos ceifadores.
Com a imortalidade vem um já conhecido problema: a superpopulação. Para manter o equilíbrio, decide-se então que um determinado número de pessoas deve ser morto, ou melhor coletado. Os seres humanos designados para coletar as pessoas: escolhê-las e executá-las são os chamados ceifadores. Alguns os veem como celebridades, até mesmo deuses por decidirem quem vive e quem morre.
A forma como os ceifadores trabalham só diz respeito aos próprios e, por isso, a Nimbo-Cúmulo só observa suas escolhas e métodos sem nunca intervir. Parece uma forma de punição que a tecnologia não se envolva completamente, como que para mostrar ser superiora e necessária, evidenciando que o ser humano por conta própria é corrupto e corruptível. A Nimbo-Cúmulo se assemelha à ideia de um deus que vem ao auxílio dos seus filhos, porém não pode evitar a morte deles.
A trama nos apresenta Citra e Rowan, dois jovens que são recrutados pelo ceifador Faraday para um treinamento que os levará a ser como ele. Justamente por abominarem a ideia de matar, eles são vistos como dignos de tal poder e, apesar de reticentes, decidem aceitar o mentor. O que eles encontram durante seu treinamento é a cruel realidade da Ceifa sendo corrompida pela ganância e pelo sadismo de muitos ceifadores. A morte, antes necessária para um equilíbrio da existência, se tornando uma forma de "purificar" a humanidade.
Com muitos questionamentos pertinentes como a evolução e a interferência da inteligência artificial no futuro, a corrupção moral sempre presente e a dificuldade de definir o conceito de justiça, O Ceifador é mais do que uma distopia YA, uma crítica ferrenha ao que nos espera num futuro já não mais tão distante. Talvez não nos tornemos imortais, mas definitivamente precisamos tomar cuidado com o poder nas mãos de falsos deuses, sejam eles políticos, religiosos ou apenas lunáticos.
Sinopse: Primeiro mandamento: matarás. A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade.
Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.