Autor: Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Páginas: 352
Gênero: Fantasia, Distopia,
País: EUA
ISBN: 9788556510280
Classificação: ★★★★☆
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Uma mistura de fantasia e distopia em "tons" medievais, A Rainha de Tearling é um romance complexo e com diversas nuances. Com uma heroína forte e representativa que se desenvolve junto com a trama, esse é o tipo de história que se destaca das demais, envolvendo inclusive magia. Não se nota similaridade com outras distopias populares contemporâneas. É como se Erika tivesse criado algo inteiramente novo e fora dos padrões, uma verdadeira Travessia.
Com um desenrolar lento, bastante característico do gênero, A Rainha de Tearling foi uma das leituras que eu mais demorei para concluir esse ano. A introdução e ambientação distópica se fez necessária e a construção dos personagens, extremamente precisa, ajudou a criarmos empatia com eles, nos preparando para os acontecimentos do próximo volume.
Criada longe da realeza, Kelsea foi educada por seus pais adotivos para assumir seu trono quando completasse dezenove anos. A jovem sempre achou que havia sido abandonada pela mãe, mas descobriu que na verdade, foi escondida de pessoas cruéis responsáveis pela morte da rainha. Ser a rainha de Tearling é, portanto, uma sentença de morte, mas Kelsea a desafia e a aceita de bom grado.
Em um reino que existe muitos séculos no futuro, a civilização voltou a cometer os mesmos erros do passado. O poder permanece nas mãos de quem governa com mãos de ferro e a monarquia absolutista tira do povo tudo o que eles tem, inclusive suas próprias vidas. A barbárie impera e o "tom medieval" que faz com que muitos acreditem que essa narrativa se passe na Idade Média é proposital, Erika Johansen fez com que o futuro nos remetesse ao nosso passado mais sombrio, evidenciando que estamos sempre cometendo os mesmos erros e que a História tende a se repetir.
Kelsea assume a obrigação de cuidar do seu povo e tentar eliminar toda e qualquer injustiça, mas sua força de vontade imediatamente esbarra na burocracia e nas leis arcaicas e desumanas que vigoram. O povo do Tearling é controlado pelo terror e sofre nas mãos do Regente - tio da princesa, ele mantém uma parceria de "negócios" com a Rainha Vermelha, uma feiticeira cruel e impiedosa que governa o reino vizinho e ameaça destruir todo o Tearling caso seu reinado de sangue seja questionado.
Por toda a sua vida, a jovem princesa viveu escondida por estar jurada de morte. Diversos mercenários, como os Caden, servos da Rainha Vermelha e até mesmo do Regente a perseguiram sem sucesso. Protegida pelos pais adotivos, Kelsea cresceu e quando decide aceitar o trono, essa proteção passa a ser oferecida pela Guarda Real - os mais valentes e fiéis servos de sua falecida mãe.
A Guarda é chefiada por Clava, o mais habilidoso e corajoso dos guerreiros, disposto a matar e morrer pela rainha de Tearling. A relação de confiança e amizade que Clava e Kelsea desenvolvem é o ponto alto do livro e a fé que o cavaleiro deposita na garota é tocante, ele a vê como uma salvadora, a única pessoa capaz de libertar seu povo. Mais sábio e mais experiente, ele a aconselha e contrabalanceia o comportamento impulsivo e sonhador da nova rainha, dando a ela a segurança que ela precisa, literalmente.
O livro - primeiro de uma trilogia - termina no seu ápice, nos deixando apreensivo para as consequências das escolhas de Kelsea. A Rainha de Tearling nos faz questionar diversos valores e nos dá pontos de vista diversos sobre o conceito de benevolência e maldade. Há uma preocupação em mostrar os dois lados de uma situação e as consequências de cada movimento feito por eles. Erika Johansen constrói um mundo único que pode, infelizmente, ser mais parecido com o nosso do que imaginamos.
"A ideia de os pobres de Tearling se rebelarem contra o governo era tão improvável que chegava a ser engraçada. Eles estavam ocupados demais tentando obter a próxima refeição." (p. 151)
Sinopse: Quando a rainha Elyssa morre, a princesa Kelsea é levada para um esconderijo, onde é criada em uma cabana isolada, longe das confusões políticas e da história infeliz de Tearling, o reino que está destinada a governar.
Dezenove anos depois, os membros remanescentes da Guarda da Rainha aparecem para levar a princesa de volta ao trono – mas o que Kelsea descobre ao chegar é que a fortaleza real está cercada de inimigos e nobres corruptos que adorariam vê-la morta. Mesmo sendo a rainha de direito e estando de posse da safira Tear – uma joia de imenso poder –, Kelsea nunca se sentiu mais insegura e despreparada para governar.
Em seu desespero para conseguir justiça para um povo oprimido há décadas, ela desperta a fúria da Rainha Vermelha, uma poderosa feiticeira que comanda o reino vizinho, Mortmesne. Mas Kelsea é determinada e se torna cada dia mais experiente em navegar as políticas perigosas da corte. Sua jornada para salvar o reino e se tornar a rainha que deseja ser está apenas começando. Muitos mistérios, intrigas e batalhas virão antes que seu governo se torne uma lenda... ou uma tragédia.
"Esperei muito tempo por você, rainha tear. Mais do que pode imaginar." (p. 308)