Autor: Peter Heller
Editora: Novo Conceito
Páginas: 352
Gênero: Ficção Científica
País: EUA
ISBN: 9788581632346
Classificação: ★★★★★
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Peter Heller divide conosco uma brilhante e extraordinária história. Que inclusive, me surpreendeu muito por estar tão próxima da realidade em que vivemos, apesar de ser uma distopia. O mundo dizimado por uma gripe, alguns poucos sobreviventes, a luta diária por essa sobrevivência, comida, água, um teto para morar. É como vemos nos filmes e livros pós-apocalípticos, talvez pior. Hig perdeu sua esposa para a doença, e quando cheguei nessa parte do livro, já desatei a chorar, acho que é a passagem mais linda, ou uma das mais lindas, quando ele lembra da sua amada Melissa. Fazem nove anos que ela se foi, que tudo se foi, Hig estaria sozinho, se não fosse por Bangley, seu vizinho durão que é como um irmão para ele e o mantém seguro, e seu cachorro Jasper, que cá pra nós, é o cachorro mais fofo do mundo, e que é a única coisa que ele leva da sua antiga vida.
A narrativa de Peter tem um tom intimista, é quase como se ele pudesse sentir e descrever a solidão de Hig, chega a doer, pensar que hoje o que temos, pode deixar de existir. Big Hig, como ele se apelidou, passa seus dias com Bangley, cuidando da segurança dos dois, caçando, pescando, olhando para as estrelas, sonhando, com um tempo que já não é o seu. Ele tem um pequeno avião e talvez isso seja o que o mantém realmente são, fazer suas rondas. Assim ele se sente útil e consegue deixar de pensar na esposa, em sua antiga casa, na solidão, no fim de tudo. Arrebatador, Heller fez um incrível trabalho de pesquisa para compor esse texto, isso é notável. Dois pontos negativos no livro são a falta de pontuação nas falas, o que dificulta um pouco para entender, o que foi diálogo, e o que só está só na cabeça de Hig. Outro ponto foi a falta de algumas explicações, algumas pontas soltas, talvez propositalmente, para nos deixar a incerteza, ou a certeza de que nada é de fato certo.
"Inventei constelações. Criei uma para o Urso e para o Capricórnio, mas talvez não onde elas devessem estar. Criei uma para os animais que já existiram, os que conheço. Também criei uma constelação para Melissa, seu eu completo está ali, meio que sorrindo, alta, olhando para mim aqui embaixo, nas luzes do inverno. Olhando para mim enquanto a geada enruga meus cílios e infiltra-se em minha barba. Fiz uma constelação para o pequeno Anjo."
"Deito Jasper sobre o desenho do homem e seu cachorro.
Você e eu em outra vida, digo a ele. (...)
(...) Ele está ficando velho. Não conto os anos. Não multiplico por sete.
Eles criavam cães para tudo, até para mergulhar em busca de peixes, por que não os criavam para viver mais tempo, para viver tanto quanto o homem?"
Fonte:EditoraNovoConceito|Skoob