Autor: Nicola Yoon
Editora: Arqueiro
Páginas: 280
Gênero: Ficção, YA
País: EUA
ISBN: 9788580416992
Classificação: ★★★☆☆
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Nicola Yoon conquistou meu coração depois de O Sol Também É Uma Estrela e, por conta disso, resolvi ler seu primeiro livro publicado que recentemente foi adaptado para o cinema. Infelizmente, o romance não me convenceu tanto quanto eu esperava e apesar de não ter decepcionado, Tudo e Todas As Coisas também não me comoveu. É como se faltasse alguma coisa, como se eu esperássemos ver tudo mas só víssemos algumas coisas.
Os questionamentos científicos e existenciais característicos da narrativa de Yoon se fazem presentes e este é o ponto alto do livro. As sacadas geniais envolvendo matemática e filosofia se combinadas às ilustrações lindas - feitas pelo marido da autora - agregam muito à história. Como um diário da protagonista, nós temos uma visão complexa do que é ser privada do convívio social e ser obrigada a viver por meio dos livros, o que acaba sendo uma metaleitura interessante, uma vez que nós só conhecemos o mundo de Maddie por meio de um.
Madeline nasceu com uma rara condição genética - IDCG também conhecida como imunodeficiência combinada grave - e viveu toda a sua vida em um ambiente esterilizado sem contato com o mundo externo. As únicas pessoas que ela tem são a mãe e a enfermeira. Aos dezoito anos, sua experiência de vida ou a falta dela fez com que a jovem se conforme com tudo o que não pode ter. No entanto, as coisas mudam quando ela se apaixona pela primeira vez e seu mundo vira de cabeça para baixo.
Olly e sua família - bastante problemática por sinal - acabaram de se mudar para a casa ao lado da de Maddie. A curiosidade atrai a garota a bisbilhotar a vida de seus vizinhos e de forma recíproca, o atraente garoto também se sente curioso a respeito da menina que nunca sai de casa. A relação de curiosidade e estranhamento entre os dois evolui, a meu ver, de forma muito apressada e pouco verdadeira, é como se instantaneamente eles tivessem se apaixonado pelo vidro que os separa.
O romance central é extremamente previsível e basicamente todo o desenrolar da trama também. Intencionalmente ou não, é fácil deduzir o final do livro e isso contribuiu para meu desencanto. Em contrapartida ao casal morno e forçado de protagonistas, as duas mães presentes na narrativa mereciam mais destaque. Em oposição, há uma mãe super-protetora, sempre presente e preocupada que zela por Maddie desde que ela nasceu e uma mãe que apanha do marido, expõe suas crianças a um pai violento e, aparentemente, o ama mais do que ama aos próprios filhos. É uma balança desequilibrada de preocupação e amor.
Tudo e Todas As Coisas arrebatou muitos corações adolescentes e a história é realmente bonitinha, até digna de uma adaptação cinematográfica, mas não passa disso. A grande mensagem do romance é a de que devemos aproveitar cada instante e viver todas as experiências que o mundo puder nos proporcionar. Seja através da leitura ou no mundo real, devemos buscar a felicidade em tudo e em todas as coisas.
"- O que você pediu? - pergunta ela assim que abro os olhos.
Só existe uma coisa que eu possa desejar: uma cura milagrosa que me permita correr lá fora, livre como um animal selvagem. Mas nunca peço isso, porque é impossível. É como pedir que sereias, dragões e unicórnios existam de verdade. Então, peço alguma coisa mais provável do que a cura. Alguma coisa que não nos deixe tristes ao ser dita.
- A paz mundial - respondo." (p. 18)
Sinopse: Tudo envolve riscos. Não fazer nada também é arriscado. A decisão é sua. A doença que eu tenho é rara e famosa. Basicamente, sou alérgica ao mundo. Não saio de casa. Não saí uma vez sequer em 17 anos. As únicas pessoas que eu vejo são minha mãe e minha enfermeira, Carla.
Então, um dia, um caminhão de mudança para na frente da casa ao lado. Eu olho pela janela e o vejo. Ele é alto, magro e está todo de preto: blusa, calça jeans, tênis e um gorro que cobre o cabelo. Ele percebe que eu estou olhando e me encara. Seu nome é Olly.
Talvez não seja possível prever tudo, mas algumas coisas, sim. Por exemplo, vou me apaixonar por Olly. Isso é certo. E é quase certo que isso vai provocar uma catástrofe.
"Se minha vida fosse um livro e você o lesse de trás para a frente, nada mudaria. Hoje é igual a ontem. Amanhã vai ser igual a hoje. No livro de Maddy, todos os capítulos são iguais.
Até surgir Olly. (...)
Agora, minha vida não faz mais nenhum sentido. Como posso voltar a ser A Garota que Lê? Não que eu lamente viver nos livros. Tudo o que sei sobre o mundo aprendi com eles. Mas a descrição de uma árvore não é uma árvore, e milhares de beijos de papel jamais serão iguais à sensação dos lábios de Olly colados nos meus." (p. 145)