julho 25, 2018

[Livros] Duologia Blackbird - Anna Carey (Black Bird)

Diferente de tudo o que você já leu, a duologia Black Bird traz não só uma história eletrizante e inovadora, como também uma voz narrativa pouco convencional – em segunda pessoa - que leva o leitor a sentir como se fosse o protagonista. Sendo parte da história, “você” deverá desvendar o quebra-cabeça que envolve a trama, seus personagens e, acima de tudo, sua própria identidade.

A escrita de Anna Carey é viciante, misteriosa. A cada capítulo, uma nova reviravolta transforma tudo o que você acredita em algo novo e os livros te conduzem – bem como conduzem a protagonista – a uma jornada em busca de respostas. Em um ritmo frenético e com direito a muita ação, você encontrará pistas que o levarão a desconfiar de tudo e todos.

Você – a protagonista – acorda num lugar desconhecido e sem nenhuma lembrança do seu passado. Sem saber quem é ou o quê aconteceu, você encontra em seu pulso uma tatuagem e uns poucos pertences em sua mochila. Ao perceber que está sendo vigiada e, principalmente, ao descobrir que é uma boa fugitiva, você chega a uma assustadora conclusão: está sendo caçada e precisa correr.

Sua sobrevivência está – literalmente – em jogo e sem entender o motivo, você precisa fugir. As poucas coisas que você sabe, fragmentos de sua memória e um garoto em quem você passa a confiar são tudo o que você tem. Graças a um passado do qual você nem mesmo se lembra, você é extremamente habilidosa e já foi caçada antes. Afinal, uma presa nunca esquece como sobreviver. 

Anna Carey me surpreendeu absurdamente com sua forma inovadora de contar histórias. Uma narrativa em segunda pessoa é uma forma ainda pouco explorada de envolver o leitor e fazer com que ele absorva, não só o ponto de vista da personagem, mas também suas características e compreensão limitada. O desfecho da duologia me agradou bastante e pude fechar Deadfall com a certeza de que valeu a pena todo o mistério.

Em geral, quando o leitor tem em suas mãos um livro, ele tem um poder enorme de saber tudo, conhecer toda a história, cada detalhe. Anna Carey coloca isso em cheque ao nos transformar em protagonistas, nos dando não mais do que poucas informações, fragmentos de memórias e um futuro inteiro a ser escrito – ou lido. A autora nos presenteia com o mistério de não saber mais do que o necessário e de poder descobrir aos poucos, enquanto escapamos dos que nos perseguem e também da realidade.


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