Autor: Victoria Aldrin
Editora: Killa
Páginas: 246
Gênero: Distopia, Ficção
País: Brasil
ISBN: B01MSNT0GM
Classificação: ★★★★★
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Um dos melhores livros que eu li nos últimos tempos, As Coisas Que Aprendi Depois de Morrer é uma distopia nacional que nos faz pensar sobre um futuro sombrio em que o nosso país sucumbiria à Terceira Guerra Mundial. A narrativa inteligente de Victoria Aldrin nos comove e nos expõe os dramas de dois protagonistas que perderam tudo o que tinham, exceto a esperança de reencontrarem um ao outro.
Após a Terceira Guerra Mundial, a pequena parcela da população que sobreviveu aos ataques nucleares vive precariamente tentando reconstruir comunidades e recomeçar suas vidas ou, simplesmente, permanecer viva por mais um dia. Em um lugar sem leis, regras, água, eletricidade e, principalmente, sem vida, nossa protagonista Mariana vai nos guiar pelo fim do mundo enquanto nos mostra que ele é logo ali.
Alternando a narrativa entre Mariana e seu namorado Bernardo que foram separados depois dos primeiros ataques, somos introduzidos às vidas pós-apocalípticas de dois adolescentes que não têm mais nada, exceto um ao outro. Enquanto tentam se reencontrar, eles vão nos envolvendo na história e compartilhando conosco o que sobrou deles.
Em segunda pessoa, Victoria Aldrin nos transforma em personagens desse livro e nos faz sentir como se o mundo que conhecemos estivesse, de fato, destruído. Somos os amigos imaginários dos protagonistas e essa inversão de papéis é brilhante.
Mariana aprendeu muitas coisas e nos ensinou outras tantas. A principal delas é que a maldade, a ganância e o ódio dos seres humanos nos levam cada dia mais perto do fim e, muitas vezes, esse fim pode ser o começo de uma nova história. Nem sempre é preciso, de fato, morrer para deixar de viver. Muitas pessoas simplesmente existem, sem se dar conta do quanto elas têm e são e, isso, Mariana nos mostra que é como estar morto.
Perdidos e separados pelos eventos catastróficos, Mariana e Bernardo costumavam viver uma vida normal antes do apocalipse. Eram jovens que viviam na maior região metropolitana do Brasil, São Paulo, e nunca imaginariam que suas vidas seriam viradas de cabeça para baixo tão rapidamente. No começo da Guerra, Mariana e sua família vão para o interior, enquanto Bernardo permanece com sua família na capital.
Entretanto, o Brasil é desolado e exterminado por pequenos bombardeios e armas biológicas, enquanto o mundo perde o último fio de compaixão e as nações se destroem completamente. Agora, após a Guerra, Mariana precisa voltar para Bernardo, precisa voltar para a capital, mesmo que não haja mais capital alguma. Por outro lado, Bernardo descobre-se infectado pela arma biológica e é levado para longe do ponto de encontro. Os dois precisam se reencontrar. Precisam resgatar o mínimo de sanidade possível. Precisam ter algum resquício do que era a vida antes de tudo. Afinal de contas, depois de tantas perdas, os dois só podem confiar que, um dia, irão se reencontrar no ponto marcado – a antiga escola de Mariana.
Acompanhados do leitor, os dois buscam ensinar tudo o que aprenderam com a Guerra e tudo o que aprenderam depois que tudo morreu. Toda a sua vida precisa ser revista. Você aproveitou tudo mesmo? Quem você realmente é? Tem certeza de suas respostas? Pense na sua vida. E pense novamente. E de novo. E agora destrua. Seja bem-vindo à Nova Era.