Autor: Christina Dalcher
Editora: Arqueiro
Páginas: 320
Gênero: Distopia, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788580418897
Classificação: ★★★★☆
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Um dos livros mais comentados dos últimos tempos, Vox é uma distopia que dialoga com o atual cenário político mundial e faz pensar sobre o conceito de voz. Vivemos numa sociedade em que a mulher ainda precisa gritar para ser ouvida. Mesmo com todos os direitos que já conquistamos, ainda encontramos resistência e tentativas de nos calar.
Li esse livro partindo de uma perspectiva mais abrangente do que a do ponto de vista feminista, afinal, a opressão se faz presente em muitos outros aspectos, afetando qualquer um que ouse ser contrário a ela. As fortes críticas a manipulação de massas pela igreja permeiam a trama e apontam o quão longe a doutrinação religiosa pode chegar, silenciando qualquer um que ouse fazer barulho.
Jean era uma brilhante cientista antes de ser silenciada. Especializada em neurolinguística e fonoaudiologia, ela viveu sua vida estudando as palavras e as relações que estas estabeleciam na comunicação. Hoje, porém, ela não tem mais o que estudar ou o que dizer. O governo dos EUA instalou controladores nos pulsos de todas as mulheres e limitou-as a 100 palavras por dia. A medida faz parte de uma ideologia que foi aos poucos tomando espaço - a de que a mulher deve ser obediente e manter-se quieta.
Com uma centena de palavras, as mulheres devem dar conta das tarefas do lar e nada além disso. Os homens trabalham fora, sustentam a casa e controlam o país. Nas escolas as crianças são educadas separadamente e as disciplinas religiosas propagam a ideia de que as mulheres são inferiores e devem servir apenas ao propósito bíblico: cuidar da casa e dos filhos sem jamais questionar.
A distopia traz questionamentos importantes e semelhanças com o nosso momento histórico atual - guardadas suas devidas proporções, obviamente. Com ideais que pareciam extremos demais para se tornarem realidade e discursos preconceituosos e ignorantes, pequenos grupos foram crescendo e adquirindo poder. Alienando os jovens com promessas de um lugar mais justo, mais "puro", o governo se encarregou de eliminar qualquer ameaça a estrutura 'familiar tradicional conservadora' e sem que ninguém percebesse, silenciou quem poderia desaprovar essas mudanças.
Ninguém acreditou que algo tão sério poderia acontecer, que as mulheres perderiam seus direitos, identidades e vozes. Afinal, ninguém costuma dar ouvido à loucura. Por isso, por tanto tempo as mulheres foram taxadas de loucas e ignoradas. Começa aos poucos, com preconceito, ignorância e o apoio de alguém que diz estar apenas cumprindo a "palavra" de Deus. Palavras, justamente o que querem tirar de nós que pensamos diferente deles.
Sinopse: Uma distopia atual, próxima dos dias de hoje, sobre empoderamento e luta feminina.
O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade. Esse é só o começo...
Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir.
...mas não é o fim.
Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.