março 06, 2016

[Livros] Muito Veneno e Um Pouco de Lirismo - Leandro Andreo

Título Original: Muito Veneno e Um Pouco de Lirismo
Autor: Leandro Andreo
Editora: Kazuá
Páginas: 102
Gênero: Poesia
País: Brasil
ISBN: 9788555650062
Classificação★☆☆☆☆
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Muito veneno, de fato. O livro de Leandro Andreo é uma crítica afiada à poesia contemporânea e aos poetas modernos. Admiradora do trabalho do autor, fico triste em expressar o quanto este livro não me agradou, apesar de ter cumprido exatamente o que promete. Minhas concepções acerca de poesia divergem do que o autor acredita, e adianto, não serei neutra quanto a isso. Em todas as resenhas que escrevo, proponho-me a escrever minhas mais sinceras impressões e desta vez não seria diferente - não poderia ser

Em um tom provocativo e depreciativo, Leandro expõe sua opinião sobre a poesia contemporânea. O livro aparenta ser uma resposta a críticas feitas a poesia do autor que, por conta disso, destila todo o seu veneno nos poetas modernos e em suas tendências. Versos carregados de ressentimento se opõem ao seu trabalho anterior, Ivvi, que me conquistou por sua beleza e romantismo. 

Menosprezando outros textos e questionando a capacidade de seus escritores, seus versos, por vezes até grosseiros, exaltam a "sublime" poesia clássica. Desta vez, há beleza em sua técnica, mas não em suas palavras. E, por isso, discordo tanto de seu ponto de vista. 

Acredito que num texto - em qualquer tipo de texto - as palavras são apenas signos, sua mensagem está além da metrificação, da estilística. A poesia é mais, mais do que se enxergam, mais do que se define. Tal embate, portanto, é desnecessário, moderno e clássico podem conviver, dialogar. O próprio Leandro nos convida a pensar: quem definiu as regras do verso?

Muito Veneno e Um Pouco de Lirismo é uma mistura de prepotência e mágoa. Considerando-se mais poeta que outros autores, Andreo me decepcionou neste trabalho, talvez tanto quanto a poesia moderna o decepciona. De qualquer forma, continuo admirando-o por outros escritos, afinal, em algo concordamos: amamos poesia. Ele à sua maneira e eu à minha. 

"(...) A poesia não é lugar 
Dos estúpidos e sem talento
Que fingem nela protestar.
A poesia vem para encantar
Os corações em desalento." (p. 55)

Sinopse: Com uma poesia castamente lírica e pavimentando uma forma conscientemente elaborada – tendo como matriz a tradição poética e retórica, contudo, não limitando seu notório impulso criativo e definitivamente se distanciando da mácula estética do anacronismo, Leandro Andreo articula a poíesis desta obra intitulada MUITO VENENO, POUCO LIRISMO – se posicionando opostamente aos modismos estilísticos contemporâneos, o poeta emancipa esta obra reflexivamente lírica, majoritariamente direcionada numa labuta rítmica por entre a temática do amor, porém um amor que não é ingênuo, transitando pelos saberes secularizados dos clássicos, no apreender e dispor sensivelmente musical dos sintagmas, sem comprometer seu discurso que se desdobra por vezes pela lente crítica da arte contemporânea, ressonante certamente como a conjugada extensão reflexiva do diâmetro contemplativo presenciado no público que a materializa, se firmando definitivamente na oposição dos modismos poéticos.

"Quem foi o perverso
Tão vil, o qual definiu
As regras do verso?" (p. 39)

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