Autor: Andy Jones
Editora: Suma de Letras
Páginas: 288
Gênero: Ficção, Romance
País: Inglaterra
ISBN: 9788556510228
Classificação: ★★★☆☆
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Um retrato nu e cru da vida de um casal que vê seu mundo virar de cabeça para baixo pouco depois de se conhecerem. O amor, esse sentimento arrebatador, não só surgiu nas vidas dos dois protagonistas, como também bagunçou-as por completo. Honesto e completamente realista, Nós Dois fala sobre tudo o mais que existe nos relacionamentos, suas partes bonitas e feias, sem deixar absolutamente nada de fora.
A narrativa de Andy Jones traz a história de Fisher e Ivy, duas pessoas completamente diferentes que vivem o começo de um romance. O livro não conta como eles se envolveram ou como se apaixonaram, pelo contrário, ele começa a partir daí e mostra o que acontece a partir do momento em que encontramos o amor.
Um romance diferente de todos os outros que já li, Nós Dois não é nada romântico. Pelo contrário, ele é um relato do cotidiano problemático e nada ficcional de um relacionamento. Narrado do ponto de vista masculino, o livro é bastante descritivo e direto e nos traz uma perspectiva única das inseguranças do homem ao assumir um namoro e todos os problemas que vêm junto com ele.
Os protagonistas estão claramente apaixonados um pelo outro, mas amor nem sempre é o bastante para manter duas pessoas juntas. Diante de muitas dificuldades, os dois vão descobrir que a força de uma relação está também na superação dos obstáculos diários e não só na vontade de permanecer junto. As provas que Fisher e Ivy vão enfrentar são pesadas, então, resta saber se eles irão aguentar.
Ivy é uma personagem insuportável e digo isso da maneira mais simpática possível. Em muitos momentos, senti vontade de abandoná-la - largar o livro para ser mais exata -, mas pensei que se o homem que está ao seu lado não fez isso, talvez eu também devesse insistir nela. Sua personalidade é forte e ela, claramente, está no comando da relação de uma maneira não-saudável. Perdão pelo péssimo trocadilho, mas Fisher foi fisgado por Ivy. O nome da protagonista significa força e seu poder sobre o namorado é bastante evidente, tendo em mente o quanto ela o trata mal no decorrer da história e ele simplesmente aceita.
Enquanto isso, a personalidade dependente e submissa de Fisher idolatra a mulher amada como se ela não tivesse defeitos. É um relacionamento de pouco equilíbrio mas que encontra bases sólidas para fincar suas raízes. A rapidez com que tudo acontece complica ainda mais as coisas e esses dois extremos que se completam como Yin e Yang terão de lutar por um sentimento ainda pouco maduro.
Apesar de não ter gostado de nenhum dos dois protagonistas, o livro me ganhou pelos personagens secundários. Phil e El são um lindo casal gay que vive o final de seu amor de uma vida. Em fase terminal do mal de Huntington, El se aproxima cada dia mais do seu grande adeus e deteriorado pela doença sofre para continuar vivendo. O amor incondicional dos dois é uma inspiração, não só para os protagonistas, mas para qualquer um que tem o prazer de conhecer sua história.
O contraste entre as duas tramas é belíssimo e, enquanto a trama principal marca o início do amor, a trama secundária marca seu fim. O amor não é só corações rabiscados num caderno e beijos apaixonados como nos romances, mas é também corações que estão parando de bater e beijos de despedida. Tudo isso é amor.
"- A gente... a gente precisa conversar - declara, e nesse momento alguém corta as cordas que mantêm meu coração suspenso atrás das costelas. Ele cai em queda livre e para num lugar bem na altura do meu umbigo, onde pesa como uma pedra." (p. 29)
Sinopse: Durante dezenove dias, Fisher e Ivy vivem uma relação idílica e são praticamente inseparáveis. É claro que os dois sabem que estão destinados a ficar juntos para sempre, e o fato de se conhecerem tão pouco é apenas um detalhe. Nos doze meses seguintes, período em que suas vidas mudam radicalmente, Fisher e Ivy percebem que se apaixonar é uma coisa, mas manter uma relação é algo completamente diferente. “Nós dois” é um romance honesto e emocionante sobre a vida, o amor e a importância de dar valor a ambos.
"- Quando eu morava com Kate, dizíamos 'eu te amo' toda noite antes de apagar as luzes. Menos quando não dizíamos. Nas muitas noites em que levávamos uma discussão para a cama, as três palavrinhas não eram pronunciadas. O que era exatamente como dizer: 'eu não te amo, não hoje'. Então, eu gosto do fato de não falarmos essas palavras por mera rotina, evitando que virem uma trivialidade nas noites em que as dizemos e uma arma nas noites em que não as dizemos. Mas eu amo Ivy e vou lhe dizer isso esta noite." (p. 109)