novembro 23, 2016

[Livros] O Garoto dos Meus Sonhos - Lucy Keating

Título Original: Dreamology
Autor: Lucy Keating
Editora: Globo Alt
Páginas: 264
Gênero: YA Ficção
País: EUA
ISBN: 9788525060495
Classificação: ★★★
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Encantador como um sonho, Dreamology é um daqueles livros fofos que trazem reflexões profundas. A ambientação, em grande parte fantasiosa, dá margem para múltiplas interpretações e os questionamentos sobre sanidade, realidade e identidade permeiam a trama do início ao fim. Tão romântico quanto surreal, o livro de estreia de Lucy Keating traz ao leitor a familiar sensação de estar num sonho estranho, mas do qual não queremos acordar.

Repleto de referências à psicologia, desde os nomes dos personagens até as aulas frequentadas pela protagonista, Alice - nome inspirado no conto surreal de Alice no País das Maravilhas - tudo remete, de alguma forma, ao estudo da mente. O livro parece ser resultado de um sonho bizarro, cheio de recortes e situações inexplicáveis que confundem e nos guiam por dentro da mente de uma adolescente apaixonada, o maior dos labirintos, e isso é incrível.

Alice sonha com o mesmo garoto desde que ela consegue se lembrar, todas as noites. Os sonhos são os mais variados e estranhos - envolvendo cascatas de milkshake, balões e cachorros gigantes -, mas eles têm uma constante: Max. O rapaz por quem ela se apaixonou nos sonhos é a melhor parte dos seus dias e tê-lo como um refúgio ao fechar os olhos a faz feliz. 

No entanto, esse amor surreal e idealizado só existe nos seus sonhos e essa é a mais poderosa das metáforas empregadas pela autora. O ideal não existe, a realidade nunca será o que sonhamos que seja. O garoto perfeito, a vida perfeita, a felicidade plena, todas essas coisas são lindas e encantadoras, mas não são reais.

Por causa do pai, Alice se vê obrigada a mudar de cidade e lá ela vai ter de se adaptar com sua nova realidade. O que ela não espera é conhecer o garoto dos seus sonhos na vida real. Max, em carne, osso e pura graça. O estranho é que ele não é como em seus sonhos e ela vai precisar abrir mão dos seus ideais de perfeição para conhecer um Max de verdade. 

Entre devaneios e situações psicodélicas, esses dois jovens vão percebendo que precisam rever seus conceitos de realidade para entender quem são. A loucura e a imaginação confundem o leitor em uma trama que pode ser questionada do início ao fim por ser narrada em primeira pessoa por alguém que tem uma mente bastante fértil. Se a percepção de Alice está alterada, ela pode manipular nossa percepção e nos levar, assim, para o buraco do coelho que é sua própria mente. 

Um livro genial, louco e fofo ao extremo, O Garoto dos Meus Sonhos - bom, não o garoto dos meus sonhos, que é o Alexander Ludwig - mostra o quão incrível nossa mente é e como pode ser perigoso nos deixar enganar por nossos próprios desejos. As pessoas são mais do que queremos que elas sejam, elas são reais e o conceito de realidade está muito além da nossa compreensão. Lucy Keating nos faz entender que sonhar é tão importante e tão mágico quanto abrir os olhos.

"Real. A última palavra fica pairando ali entre nós, e balanço minha cabeça, envergonhada. Ela tem razão. Não importa como eu me sinta em relação a Max, ainda existe um problema. A noite no museu foi um sonho. Todas as noites com Max, desde que me lembro, foram sonhos. Porque Max é o garoto dos meus sonhos... e só dos meus sonhos. Porque ele não existe de verdade." (p. 16)

Sinopse: Desde quando consegue se lembrar, Alice tem sonhado com Max. Juntos eles viajaram o mundo, passearam em elefantes cor-de-rosa, fizeram guerra de biscoitos no Metropolitan Museum of Art... e acabaram se apaixonando. Max é o garoto dos sonhos – e somente dos sonhos – até o dia em que Alice o vê, surpreendentemente, na vida real. Mas ele não faz ideia de quem ela é... Ou faz? 

Enquanto começam a se conhecer, Alice percebe que o Max dos Sonhos em nada se parece com o Max Real. Ele é complicado e teimoso, além de ter uma namorada e uma vida inteira da qual Alice não faz parte. Quando coisas fantásticas dos sonhos começam estranhamente a aparecer na vida real – como pavões gigantes que falam, folhas de outono cor-de-rosa incandescente, e constelações de estrelas coloridas –, Alice e Max precisam tomar a difícil decisão de fazer isso tudo parar. Mesmo que os sonhos sejam mais encantadores que a realidade, seria realmente bom viver neles para sempre?

"Estou começando a pensar que talvez eu nunca o tenha conhecido. Não por completo de qualquer forma. E que sonhos e realidade estão longe de ser a mesma coisa." (p. 95)


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