fevereiro 01, 2017

[Livros] O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida - Kate Eberlen

Título Original: Miss You
Autor: Kate Eberlen
Editora: Arqueiro
Páginas: 432
Gênero: Romance, Ficção
País: Reino Unido
ISBN: 9788580416213
Classificação★★★★★
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O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas é um belo e fiel retrato da vida de dois jovens sonhadores cujas vidas vivem se cruzando, sem nunca se encontrar. Se fosse possível resumir este livro em uma frase, eu usaria uma citação de David Mitchell, "nós cruzamos e recruzamos nossos caminhos como patinadores no gelo". Nossas escolhas nos colocam em vários lugares diferentes e o destino se encarrega de alinhar nossos caminhos com os de outras pessoas, no momento certo. Essa história fala sobre esses momentos em que o universo parece movimentar tudo e todos para nos conectar.

A narrativa complexa de Kate Eberlen acompanha cada fase da vida de Teresa e Angus, contando detalhadamente o que eles vivenciam e como tudo parece conspirar para que eles não se conheçam - ou o oposto. Em muitos momentos, a escrita da autora me pareceu prolixa e extremamente detalhista, mas no decorrer da trama percebi que os detalhes sempre foram o mais importante, afinal, qualquer minúcia pode interferir no resto de nossas vidas.

Partindo de um ponto em comum, esses dois adolescentes tiveram suas vidas mudadas de cabeça para baixo após tragédias que destruíram suas famílias. Tess perdeu a mãe para o câncer e Gus perdeu o irmão num acidente. Assolados pela culpa e pela falta que sentem dos que se foram, os dois vivem os anos seguintes tentando reconstruir suas vidas e reescrever seus futuros. 

Com uma ambientação fantástica, O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas é um daqueles romances que te transportam para outro país, especialmente se você já teve a oportunidade de estar lá. Cada descrição da bela Londres me levou as lágrimas, inundando meu peito com um sentimento de nostalgia e o título original do livro, "Miss You", teve um sentido único para mim. Dentro da narrativa, o "sentir falta" de que o título trata é o vazio do que nunca vivemos, o sentimento de que falta algo que não conhecemos ainda e que talvez nunca conheçamos. É buscar sem saber o quê. Os dois protagonistas sem completariam de mil maneiras diferentes, mas não são nada mais que estranhos e não representam nada além de vazio na vida um do outro.

A pressão para ser quem eles não são é algo que os dois têm em comum. Gus é pressionado para ser tão bom quanto o irmão era e Tess sente o peso de ter que criar a irmã de cinco anos como se fosse mãe dela. Enquanto suas vidas giram em torno de outras pessoas, consequentemente, sua felicidade também. Os anos passam e, por diversas vezes, eles se aproximam, estão no mesmo ambiente, na mesma festa, no mesmo bairro, se esbarram mas, ainda assim, não tomam consciência de suas existências.

Chega a ser triste pensar em quantas vezes já podemos ter esbarrado no amor de nossas vidas ou nos nossos melhores amigos sem que saibamos. É como se a vida nos desse inúmeras oportunidades todos os dias, mas nós as ignorássemos enquanto nos preocupamos com possibilidades que não vão se concretizar. O que há de triste e místico na forma como estamos ligados às outras pessoas é, no entanto, o que torna essas conexões tão reais. Talvez seja preciso um conjunto de circunstâncias para criar a atmosfera e o momento perfeito e esses fatores ainda estejam se alinhando, como os planetas. Assim, vamos nos desencontrando enquanto procuramos a nós mesmos.

"... Ocorreu-me que eu poderia voltar a Florença um dia, até mesmo morar ali, se quisesse. Nessa cidade histórica eu podia ser alguém sem história, a pessoa que eu quisesse ser, não importava quem fosse. Aos dezoito anos, esse pensamento foi uma revelação para mim." (p. 21)

Sinopse: Tess e Gus foram feitos um para o outro. Só que eles não se encontraram ainda. E pode ser que nunca se encontrem... Tess sonha em ir para a universidade. Gus mal pode esperar para fugir do controle da família e descobrir sozinho o que realmente quer ser. Por um dia, nas férias, os caminhos desses dois jovens de 18 anos se cruzam antes que os dois retornem para casa e vejam que a vida nem sempre acontece como o planejado.

Ao longo dos dezesseis anos seguintes, traçando rumos diferentes, cada um vai descobrir os prazeres da juventude, enfrentar problemas familiares e encarar as dificuldades da vida adulta. Separados pela distância e pelo destino, tudo indica que é impossível que um dia eles se conheçam de verdade... ou será que não?

O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida narra duas trajetórias que se entrelaçam sem de fato se tocarem, fazendo o leitor se divertir, se emocionar e torcer o tempo todo por um encontro que pode nunca acontecer.

"Por que tinha ficado tão óbvio que havia um mas? 
Suspirei. 
- Parece que não consigo me livrar dessa ideia estúpida de que deveria haver mais. Sei que as coisas por aí provavelmente não estão tão maravilhosas quanto imagino, mas quero descobrir isso por conta própria." (p. 237)


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