Autor: Felipe Colbert
Editora: Novo Conceito
Páginas: 304
Gênero: Romance, Ficção
País: Brasil
ISBN: 9788581634111
Classificação: ★★★★★
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Belleville de Felipe Colbert definitivamente entrou para a minha lista de melhores leituras. O livro incrivelmente bem escrito, traz uma trama complexa e bem amarrada que mistura passado e presente, causa e consequência e nos mostra o poder que os sonhos têm. A capa maravilhosa da Editora Novo Conceito ilustra magnificamente a história e dá asas à imaginação do leitor.
Quem acompanha o blog sabe que livros com essa temática (viagem no tempo), de cara me encantam, mas me surpreendi com a narrativa de Colbert como há muito não era surpreendida. A barreira que separa os amantes, além de física e matematicamente impossível é extensa, afinal cinquenta anos não são cinquenta segundos. A riqueza de detalhes e a descrição minuciosa de Belleville fizeram minha imaginação correr solta e por diversas vezes fechei os olhos e entrei na história.
Anabelle vive em 1964, orfã de pai e mãe, e sem ninguém mais no mundo, ela se vê obrigada a lutar por sua sobrevivência. Com recursos escassos, nenhuma instrução e muita inocência, Anabelle vai perceber que a vida é bem mais complicada do que ela pensava ser. Com seu fofo e apaixonante gatinho Tião, a menina de dezessete anos passa a ter que roubar para comer, sem oportunidade alguma e completamente perdida, ela aprende que o mundo está repleto de pessoas ruins que só querem tirar vantagem dela.
Tudo o que a garota possui é a mansão da família e um sonho: uma montanha-russa, chamada Belleville, que está incompleta. Ela foi projetada para Anabelle, mas com a morte do pai nunca viria a ser concluída. Desesperada para terminar o que seu pai se empenhou tanto para construir, ela escreve uma carta e a enterra perto da base de Belleville, pedindo que alguém ajude a realizar esse sonho e terminar o brinquedo.
Enquanto isso, ou melhor, depois disso, já no ano de 2014, o jovem Lucius vai para Campos do Jordão em busca de um sonho, estudar matemática. Com poucos recursos, o garoto procura algum lugar modesto para morar enquanto cursa a faculdade, é quando ele se depara com uma mansão bem deteriorada, mas por incrível que pareça, um preço bem acessível. A mansão que foi habitada por Anabelle cinquenta anos atrás já não é a mesma, mas algo permanece intacto: Belleville.
Nos fundos da mansão, Lucius encontra o que parece ser o início de uma grande montanha-russa caseira. Algumas estacas de madeira, plantas do projeto e anotações antigas confirmam suas suspeitas e a curiosidade o leva a explorar o local. Sem querer, ou por obra do destino, ele encontra a fotografia de uma jovem e uma caixa contendo a carta de Anabelle.
Comovido com a carta da menina e encantado com a beleza da foto, Lucius decide escrever uma carta para o próximo morador da mansão, reforçando o desejo da jovem e pedindo para que o sonho do pai dela seja concluído. O que o estudante de matemática não espera é que sua carta-resposta viaje no tempo e seja encontrada por Anabelle. Nem toda a matemática do mundo explica o que Belleville tem de tão mágico, os dois jovens começam a se corresponder e dão início a uma paixão arrebatadora. O problema é que o tempo não será o único empecilho para esse relacionamento.
É difícil resenhar um livro que gostamos e por isso, vou encerrar essa resenha por aqui deixando vocês com vontade de saber mais. Nem todas as palavras do mundo poderiam traduzir o que senti ao ler Belleville, uma história fabulosa e incrível, que prova que o amor pode resistir ao tempo, a distância e a qualquer obstáculo. Felipe Colbert merece uma salva de palmas e os leitores podem esperar muitos altos e baixos e muita emoção, assim como numa montanha-russa. Feche os olhos, sonhe e acredite, para o amor tudo é possível.
"Tinha algo a ver com pensar que a Via Láctea é pequena demais para acharmos que estamos tão longe assim um do outro, e que uma simples reta imaginária me ligava a ela, não importava onde ela estivesse. O mesmo sentimento que eu começava a ter em relação a Anabelle." (p.113)
Sinopse: Se pudesse, Lucius aterrissaria em 1964 para ajudar Anabelle a realizar o grande sonho do seu falecido pai! De quebra, ajudaria a moça a enfrentar alguns problemas muito difíceis, entre eles resistir à violência do seu tio Lino. Claro que conhecer de perto os lindos olhos verdes que ele viu no retrato não seria nenhum sacrifício... Sem conseguir explicar o que está acontecendo, Lucius inicia uma intensa troca de correspondência com a antiga moradora da casa para onde se mudou. Uma relação que começa com desconfiança, passa pelo carinho e evolui para uma irresistível paixão – e para um pedido de socorro.
"É bem provável que em algum momento essas cartas parem de atravessar as décadas que nos separam, porque milagres não são eternos. Tenho medo de que com o tempo, tudo se torne uma lembrança estranha, algo afastado de minha mente. Não sei como serão os próximos cinquenta anos que terei que enfrentar sem você. Espero que um dia voltemos a nos encontrar, seja nesta realidade ou em outra. E, se acontecer, que os deuses sejam generosos e permitam que eu a toque." (p.233)
Fonte:EditoraNovoConceito|Skoob