Autor: Kim Edwards
Editora: Arqueiro
Páginas: 368
Gênero: Romance, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788599296141
Classificação: ★★★★★
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O Guardião de Memórias foi uma excelente leitura de começo de ano. Kim Edwards mostrou a que veio com uma história de amor, coragem e superação. Não foi uma leitura rápida por conta do excesso de descrições que a autora empregou no texto, mas mesmo assim, conquistou um lugar de destaque no meu coração literário.
A história pode parecer comum à algumas pessoas, isso porque em 2006, uma novela chamada Páginas da Vida, trazia uma trama muito semelhante à do livro. A novela foi um sucesso e o livro também, em seu ano de lançamento figurou primeiro lugar na lista dos mais vendidos do New York Times, consagrando a autora.
Em O Guardião, conheceremos o doutor David Henry, um médico que não mede esforços para cuidar de seus pacientes, ele é o marido perfeito para Norah e a vida deles tem tudo para ser uma vida-modelo. As coisas mudam, quando Norah entra em trabalho de parto numa noite de nevasca. Por conta do alto nível de neve nas ruas, Henry é forçado a conduzir o parto de seu próprio filho. Com o auxílio de sua enfermeira, Caroline, ele então traz ao mundo o primogênito do casal. Tudo corria bem, até que Norah dá a luz à uma segunda criança, uma menina que nasceu com síndrome de Down.
Em meados dos anos 60, a síndrome ainda era desconhecida e o prognóstico de sobrevivência era baixíssimo, devido à possibilidade alta de problemas cardíacos nas crianças. David viu a irmã morrer em decorrência de problemas no coração e viu como sua mãe também morreu aos poucos depois disso. Ele não quer isso para Norah. O médico, então toma uma atitude que mudaria sua vida para sempre. Ele pede à enfermeira que deixe sua menina numa clínica para crianças mentalmente debilitadas e diz para a esposa que a criança nasceu morta.
Caroline desesperada não sabe o que fazer e decide seguir a instrução do médico, ela nutre uma paixão por ele e faria o que fosse preciso para que ele a notasse. O problema é que ao chegar na clínica ela vê que as crianças são desprezadas, negligenciadas e sofrem com as condições precárias do sistema público. Nesse dia ela também toma uma atitude que mudará sua vida para sempre, ela leva a pequena Phoebe e cuida dela, como se fosse sua.
Acompanhamos o desenvolvimento de Phoebe e do irmão gêmeo Paul, que são criados distante e que nem imaginam a existência um do outro. Com muito amor, Caroline cuida de Phoebe e luta para que ela tenha os mesmos direitos das outras crianças. Enquanto isso, Norah cuida de seu filho Paul, seu amorzinho. Mas ela nunca superou a morte da filha e isso deteriorou seu casamento, sua vida.
Kim apresentou uma narrativa fantástica e em diversos momentos somos forçados a tentar entender os motivos de cada personagem, de cada escolha. David Henry não devia ter tomado as atitudes que tomou, mas em outros tempos, com outras informações, devemos ter em mente que ele não sabia o que fazer. E Caroline, se apropriou de uma criança que não era sua, foi ao enterro da menininha, viu sua verdadeira mãe chorar e nunca disse uma palavra.
São escolhas difíceis e Kim nos mostra as consequências de cada uma delas. É uma ótima leitura, como eu disse anteriormente e mais do que recomendo. Laços de amor são os mais fortes e duradouros laços que existem. Confesso que não gostei da mudança na tradução do título original (The Memory Keeper's Daughter - A Filha do Guardião de Memórias) porque o título era muito mais específico e tornaria Phoebe a personagem principal, não David Henry. Mas como a narrativa é muito focada no segredo de David e em como ele lida com as consequências de abrir mão da filha, é compreensível a escolha da editora.
Vocês vão se encantar com essa história e em especial com a pequena Phoebe, que encantaria qualquer um com sua fofura, seus pequenos passos, evoluções e conquistas. Comovente, real, extraordinário. Aos que tem filhos e aos que desejam ter. Muitos reclamaram da escrita prolixa da autora, mas acho válido, apesar de cansativo, o excesso de detalhes enriquece a história e isso nunca comprometeria minha opinião sobre o livro.
"Ele segurou a criança, esquecendo-se do que devia fazer a seguir. As mãos minúsculas eram perfeitas. Mas ali estava o espaço entre o dedão do pé e os outros, como um dente faltando, e, ao olhar fundo nos olhos da menina, ele viu as manchas de Brushfield, minúsculas e nítidas como salpicos de neve na íris. Imaginou o coração dela, do tamanho de uma ameixa e, muito possivelmente, malformado. (...) Pensou na esposa parada na calçada, diante da casa coberta pelo véu luminoso de neve, dizendo:
- Nosso mundo nunca mais será o mesmo." (p. 19)
Sinopse: Com mais de três milhões de exemplares vendidos nos Estados Unidos, O Guardião de Memórias é uma fascinante história sobre vidas paralelas, famílias separadas pelo destino, segredos do passado e o infinito poder do amor verdadeiro. Inverno de 1964. Uma violenta tempestade de neve obriga o Dr. David Henry a fazer o parto de seus filhos gêmeos. O menino, primeiro a nascer, é perfeitamente saudável, mas o médico logo reconhece na menina sinais da síndrome de Down. Guiado por um impulso irrefreável e por dolorosas lembranças do passado, Dr. Henry toma uma decisão que mudará para sempre a vida de todos e o assombrará até a morte: ele pede que sua enfermeira, Caroline, entregue a criança para adoção e diz à esposa que a menina não sobreviveu. Tocada pela fragilidade do bebê, Caroline decide sair da cidade e criar Phoebe como sua própria filha. E Norah, a mãe, jamais consegue se recuperar do imenso vazio causado pela ausência da menina. A partir daí, uma intrincada trama de segredos, mentiras e traições se desenrola, abrindo feridas que nem o tempo será capaz de curar. A força deste livro não está apenas em sua construção bem amarrada ou no realismo de seus personagens, mas, principalmente, na sua capacidade de envolver o leitor da primeira à última página. Com uma trama tensa e cheia de surpresas, O Guardião de Memórias vai emocionar e mostrar o profundo - e às vezes irreversível - poder de nossas escolhas.
"- Ainda penso nela, David - disse Norah, virando-se de lado e enfrentando o olhar do marido. - Em nossa filha. Em como ela seria.
David não respondeu e a viu chorar em silêncio, cobrindo o rosto com as mãos. Após um momento, estendeu a mão e o tocou no braço. Norah secou as lágrimas dos olhos.
- E você? - perguntou, agora enfurecida. - Nunca sente falta dela, como eu?
- Sim - respondeu ele, em tom sincero. - Penso nela o tempo todo." (p. 96)
Fonte:EditoraArqueiro|Skoob