Autor: Pedro Chagas Freitas
Editora: Novo Conceito
Páginas: 400
Gênero: Crônicas, Ficção
País: Portugal
ISBN: 9788581637495
Classificação: ★★★★★
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Único, honesto, brilhante! Demorei semanas - literalmente -, para resenhar Prometo Falhar de Pedro Chagas Freitas porque não existem palavras suficientes para que eu defina o quanto fui impactada por esta leitura. Falhei ao tentar conter o choro durante a leitura, assim como falhei ao tentar esquecer as histórias que me fizeram chorar. Tento escrever minhas resenhas com precisão linguística, e por conta disso, escolher as palavras certas foi muito difícil. Dar nosso melhor, no entanto, não significa atingir a perfeição, então nessa resenha eu prometo falhar, outra vez.
Pedro Chagas Freitas escreve de forma única, seu livro não parece com nada que eu tenha lido antes e essa talvez seja a maior das minhas falhas - nunca ter lido algo tão real. O autor desconstrói a narrativa: ortografia, semântica e estilística, para transformá-la em algo diferente, algo mais falho e assim, mais real. Em grande parte do texto, a pontuação é ignorada como se não fosse importante, e de fato, não é. O autor deixa claro que não vai sujeitar seus sentimentos, sua criatividade à limitações impostas pela sociedade, que dirá então pela gramática. E por isso, o admiro ainda mais.
Em cenas soltas, e ao mesmo tempo, interligadas pela narrativa peculiar do autor, Prometo Falhar é uma espécie de alegoria do amor: imperfeito e extraordinário. O narrador é uma mesma pessoa e, ao mesmo tempo, é várias. Cada história contada em uma cena - e são muitas as cenas - é digna de um livro próprio. Entretanto, essa complexidade de ter tanta coisa dita em tão pouco tempo não torna a leitura superficial, pelo contrário, faz com que o leitor mergulhe profundamente em cada história.
Não foi uma leitura rápida porque, como eu disse anteriormente, as cenas são extremamente bem escritas e possuem uma carga emocional muito forte. Em sua maioria crônicas sobre o amor, os fragmentos de histórias que o autor conta são românticos, intensos, humanos e, acima de tudo, sensíveis. Pedro fala sobre todas as formas de amor e as mistura entre si, sem tabus ou restrições. Amor, paixão, desejo, sexo, perfeição e realidade permeiam suas mais de quatrocentas páginas.
Pedro Chagas Freitas não escreve sobre o amor perfeito, incrível, sagrado. Ele escreve sobre o amor falho, cheio de defeitos, para o qual fomos destinados. Lamechas assumido, quer mostrar ao mundo que os homens também amam e também falam sobre o amor. Rompendo paradigmas - de todos os tipos -, o autor desmistifica e critica a perfeição, se atrevendo a ser um romântico, um sonhador. O amor pode ser falho, assim como somos todos nós, mas se me permite uma última sugestão: tu vais amar este livro tanto quanto eu!
"...Nada é mal escrito quando se escreve o amor. Ou tem o amor inteiro ou não é poema nenhum. Já que escrever se obstáculo do porquê para escrever o amor. Há que recusar os coitados que não o conhecem e que analisam um texto de amor como se analisa um texto qualquer. Mas um texto de amor não é um texto qualquer - pela simples, e tão óbvia, razão de que um texto de amor nem sequer e um texto; é amor.Quem escreve um texto de amor está pouco ligando para a literatura.
O que é a literatura quando se ama assim?" (p. 159)
Sinopse: Prometo Falhar é um livro que fala de amor. O amor dos amantes, o amor dos amigos, o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe, pelo pai, o amor que abala, que toca, que arrebata, que emociona, que descobre e encobre, que fere e cura, que prende e liberta. Em crônicas desconcertantes, Pedro convida o leitor a revisitar suas próprias impressões sobre os relacionamentos humanos.
"Se você não adormecer todos os dias com uma inexplicável vontade de voltar a acordar só para estar nos braços da pessoa com quem adormeceu, desista de amar, porque, fique sabendo agora, só o que nos faz adormecer felizes sem deixar de nos fazer ter vontade de acordar felizes é que é mesmo amor.
Se você não acordar todos os dias com uma vontade inexplicável de voltar a adormecer só para poder adormecer em paz ao lado de quem você ama, desista de amar, porque, fique sabendo agora, só o que nos faz acordar felizes sem deixar de nos fazer ter vontade de adormecer felizes é que é mesmo o amor." (p. 204)
Fonte:EditoraNovoConceito|Skoob