Recentemente tenho postado no Facebook meu desafio de assistir filmes que me levem a questionamentos profundos. Sabe aquele tipo de filme que faz você pensar e até mesmo desconstrói seus paradigmas? Na minha opinião, quanto mais mind blowing melhor!
Muitas vezes as pessoas desistem de assistir ou chegam à conclusão de que um filme é ruim simplesmente por não entendê-lo. Se você não conseguiu captar a mensagem, não se precipite, procure conversar com outras pessoas, ler críticas sobre o filme. Pesquisar e procurar ajuda para compreender algo não é sinônimo de ignorância, pelo contrário, é uma forma de adquirir conhecimento além dos seus próprios limites.
Nessa coluna especial de férias, trago semanalmente três filmes que assisti recentemente e me impactaram de alguma forma. A maioria deles está no Netflix. Minha recomendação, como sempre, é para que vocês os assistam no idioma original (com legendas, se necessário). A dublagem costuma fazer adaptações no roteiro.
Os três filmes escolhidos dessa semana são:
Sociedade dos Poetas Mortos (1989) - Trailer
Um dos mais comoventes e intensos filmes sobre educação e o início da vida adulta, Sociedade dos Poetas Mortos fala sobre a poesia da vida. Com atuações brilhantes, em especial a do mestre Robin Williams, esta é uma das lições mais importantes que o ator poderia ter nos deixado.
Sociedade dos Poetas Mortos fala sobre como o Sistema e a sociedade destroem os sonhos dos jovens, esfacelando-os e transformando-os em máquinas incapazes de pensar por si próprios. Quando um professor desafia todas as convenções de ensino estimulando seus alunos a questionarem suas vidas, carreiras e escolhas, as coisas começam a mudar, mas as consequências dessas mudanças podem ser devastadoras.
É um filme que faz chorar, questionar e lamentar por ser ainda, infelizmente, um retrato da nossa sociedade. As escolas destroem a individualidade das crianças e as preparam para suas vidas profissionais deixando-as completamente despreparadas para a própria vida.
Lovelace (2013) - Trailer
Um dos retratos mais cruéis do machismo e do papel que a mulher interpretava - e em alguns lugares e culturas ainda interpreta - Lovelace conta a história da famosa atriz pornô Linda Lovelace. O filme baseado em sua biografia conta como a jovem e doce garota entrou para o mundo dos astros da pornografia americana.
Linda foi forçada pelo marido a protagonizar um dos maiores e mais famosos filmes pornográficos de todos os tempos: Garganta Profunda. Em uma época em que a mulher devia obediência ao marido, a esposa fez tudo o que o violento Chuck Traynor ordenou que ela fizesse e isso incluía todo o tipo de coisa em frente às câmeras e por trás delas.
Ao mesmo tempo que é um filme controverso, Lovelace não fala apenas sobre a pornografia, mas também sobre a vida da protagonista, seus dramas e sobre como sua própria família não a ajudou a fugir do marido violento, pois uma boa esposa devia se comportar. Extremamente realista, a biografia de uma corajosa sobrevivente dá voz às mulheres e desmistifica parte da indústria pornográfica mostrando que nem sempre a mulher está, de fato, gostando.
Precisamos Falar Sobre O Kevin (2011) - Trailer
Um dos filmes mais violentos, pesados e perturbadores que já assisti, Precisamos Falar Sobre o Kevin é um filme que precisa ser visto e discutido. Em um mundo onde as crianças são criadas pela televisão e não por seus próprios pais - devido às mudanças no mercado de trabalho e ambições profissionais - Kevin é mais um adolescente sobre o qual alguém devia ter conversado.
Desde o começo do filme fica claro que Kevin cometeu um crime, algo extremamente cruel. Narrando a história por meio de flashbacks de sua mãe, Eva, conhecemos o pequeno Kevin e suas tendências à psicopatia. Desde pequeno, o garoto que tanto odiava a mãe sabia manipular tudo e todos.
Com atuações excelentes, incluindo a de Tilda Swinton e Ezra Miller, a adaptação do romance homônimo é surpreendente. O clima de tensão sob o qual vai sendo desenrolada a trama e a fotografia de tom avermelhado, que tanto remete ao sangue derramado por Kevin, capturam a atenção do espectador. Cada uma das lembranças de Eva é aterrorizante e, alternando entre seu passado e presente, vemos sua vida se transformar num verdadeiro inferno por causa de seu próprio filho - e fica no ar o maior questionamento: talvez também por causa de si própria.