Autor: Fabrício Carpinejar
Editora: Belas-Letras
Páginas: 104
Gênero: Poesia, Pensamentos
País: Brasil
ISBN: 9788581742861
Classificação: ★★★★★
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Por ser admiradora do trabalho de Fabrício Carpinejar há muito tempo, amar Amor À Moda Antiga não foi nenhuma surpresa. O que me surpreendeu foi a linda diagramação - ou falta dela - permitindo que o livro fosse publicado a partir dos escritos crus de Carpinejar. Não há revisão, não há métrica, não há padrão. O autor escreve com liberdade e traz uma poesia moderna que não se submete à nenhum obstáculo ou técnica, bem como o amor.
Desde pequena valorizava a poesia romântica que não seguia os padrões clássicos. Antes eu não entendia o motivo, mas quando percebi a magia da imagem que o próprio texto transmite, tudo fez sentido. É como se a própria estrutura da poesia fosse livre e isso é ainda mais lindo quando se fala de amor.
Fabrício Carpinejar, com seus textos que mais parecem fragmentos de pensamentos, nos convida a sentir. Sem medo de errar, cada um dos seus versos foi digitado à máquina, literalmente à moda antiga, e publicado deste mesmo jeito. O diferencial da escrita do autor é justamente a simplicidade e o intimismo de suas poesias, como se fossem trechos de um diário. Também não há diferenciação entre maiúsculas e minúsculas, o que causa um efeito de continuidade. É como se os pontos finais não significassem um fim ou como se os começos não fossem assim tão importantes.
Um livro encantador, Amor À Moda Antiga mistura o moderno e o tradicional de uma maneira sutil. É como contar uma mesma história de uma nova maneira e é exatamente isso o que Carpinejar faz. Livre para transformar cada linha em algo novo, o autor dá asas às borboletas que antes ficavam no estômago e faz com que elas voem alto. Tão alto que ultrapassam os limites da nossa visão, os limites da poesia.
"qualquer distância é despedida.
qualquer distância é derradeira.
as crianças são mais
sinceras e sábias.
ir é não voltar do mesmo jeito.
ir é imprevisível." (p. 17)
Sinopse: Em seu aniversário de 43 anos, Fabrício Carpinejar ganhou de presente uma velha máquina de escrever Olivetti Lettera 82 verde-esmeralda. Desde esse dia, ele se dedica a escrever nela poemas de amor e a guardá-los como um inventário de seus sentimentos e emoções ao longo de sua carreira. Pela primeira vez, a Belas-Letras publica esses poemas exatamente como os originais foram enviados à editora, em maços de papel despachados pelos Correios, sem nenhum tipo de correção ortográfica, edição ou retoques, inclusive com as próprias anotações à mão feitas pelo próprio Carpinejar. Todos os textos de Amor à Moda Antiga foram originalmente escritos em máquina de escrever. O resultado é um livro orgânico, singelo e apaixonadamente imperfeito, exatamente como o amor é.
"quando nem brigar faz efeito,
nem preparar as malas assusta,
nem a ferida é chantagem,
o meu sangue será apenas esmalte
para você pintar as unhas
e ficar bonita ao seu próprio namorado." (p. 81)