fevereiro 10, 2015

[Séries] Felizes Para Sempre?


Oi queridos! Hoje eu vim falar um pouquinho sobre uma minissérie que eu acompanhei recentemente na televisão aberta: Felizes Para Sempre. Releitura de Quem Ama Não Mata de 1982, Felizes Para Sempre fala sobre amor, desamor, traição, sexo, corrupção e ciúme. Os temas tão polêmicos quanto fortes, traçam um paralelo com Brasília. O motivo é óbvio, o Distrito Federal está diretamente ligado à corrupção que movimenta nosso país. Inspirada  no polêmico e midiático assassinato de Ângela Diniz, a obra vai levar o telespectador a questionar seus valores, seus desejos e seus próprios limites.


Centro do poder político brasileiro, Brasília é utilizada como pano de fundo para todas as tramas da série. A abertura inclusive, mostra a obra arquitetônica de Niemeyer: maravilhosa de longe e podre por dentro. Em meio a corrupção parlamentar, escândalos de doleiros e todo o tipo de falcatrua verídica, temos histórias fictícias que poderiam muito bem ser verdade. Casos de amor que, de longe parecem intactos, mas de perto foram pulverizados, como o caráter do homem.

No primeiro capítulo, somos apresentados à família de Norma e Dionísio, um casal invejável (aparentemente) que tem três filhos. Numa comemoração descontraída eles até parecem ser um modelo de família a seguir. Com o passar do tempo e dos episódios, vamos percebendo o que existe por trás da faixada de perfeição: casais fracassados e infelizes que fazem o possível para salvar seus casamentos. 


Claudio e Marília são infelizes, não se entendem na cama e não saciam mais um ao outro. Após a perda do filho em um acidente lamentável, os dois não conseguiram se recuperar e o que sentiam morreu, junto com a criança que eles tiveram. Buscando salvar seu casamento, a restauradora Marília procura a terapia de casal e eles chegam a conclusão de que precisam apimentar um pouco o sexo. Eles contratam então, uma garota de programa chamada Dany Bond para fazer um menáge à trois. No decorrer da série, vemos que o problema entre eles nunca foi o sexo, mas todo o restante. Claudio é um canalha egocêntrico e corrupto, enquanto que a sonsa Marília nem desconfia que dorme com um homem perigoso. Enrique Diaz está incrível no papel do protagonista, eu ri muito com sua cara de pau.


Tânia e Hugo são um casal ainda mais comum. Um ama mais que o outro. Em qualquer relação o desequilíbrio entre os sentimentos é perigoso. Amar demais ou de menos, ser pouco amado ou mais amado do que se pode ser. Hugo é um alcoólatra, apesar do vício é de longe, o personagem mais íntegro da série. Apaixonado pela mulher, ele faria de tudo por Tânia. O contrário, porém, não é bem verdade. Os dois têm um filho, Junior, um garoto revoltado que se envolve na onda de protestos contra a corrupção no Brasil.

Junior se envolve com Mayra, uma mulher revolucionária que também não se conforma com o Brasil corrupto em que vivemos. Mayra é mais velha que Junior e a paixão dos dois acaba não agradando ao restante da família. A personalidade do garoto é bem inconstante, algumas vezes, ele é extremamente inteligente e sensato, em outras é um debiloide revoltado. Alterações típicas de um adolescente.


Joel é o terceiro filho do casal. Filho adotivo, ele sempre se sentiu excluído e rejeitado. Joel é casado com Susana, mas anuncia o divórcio para a família, como se essa fosse a coisa mais normal do mundo. A primeira vista, Joel foi o meu personagem favorito, mas com o tempo vamos percebendo que ele é a personificação do brasileiro, um cara que quer se dar bem. Independente do que isso custe. A separação entre ele e Susana parece ter sido de comum acordo, mas ao descobrir que a mulher já encontrou outra pessoa, Joel desiste de facilitar as coisas e se torna um cara violento e abusivo.


Dany Bond é uma garota de programa de luxo. Interpretada pela brilhante e linda Paolla Oliveira, a personagem é tudo o que um homem pode desejar: peito, bunda, boca e sedução. O que ninguém sabe, no entanto, é que Dany esconde muitos segredos e que na sua profissão, mentir é uma necessidade e o amor é um luxo ao qual não se pode ceder. Com sua beleza e inteligência, ela faz homens e mulheres se apaixonarem por ela para depois levá-los à loucura, à miséria ou à morte. O que acontecer primeiro. 

O casal 'modelo', Norma e Dionísio, se mostra na verdade, um casal de idosos que é tentado à traição depois de décadas de uma união fiel e estável. Perceber que após anos de integridade e amor, o relacionamento deles começa a oscilar é triste e por mais que isso seja comum, é sempre ruim ver algo bonito se transformar em pó.


Em meio às evidentes falhas de caráter que todos (todos mesmo) os personagens possuem, somos conduzidos por uma trama complexa e intrincada. A perfeição não existe, mas e o amor? O amor, ou a falta dele, é o tema central da minissérie e  daí surgiu o questionamento: Quem ama mata? Quais os limites do verdadeiro amor? Há uma linha tênue entre ciúme e obsessão? Somos todos imperfeitos e nossas escolhas refletem diretamente em nossas jornadas. 

A minissérie foi ao ar nas últimas duas semanas (fevereiro de 2015), mas você pode conferir os episódios na íntegra pelo Youtube. Vale muito a pena, até porque é uma experiência. Faz refletir sobre nossos próprios relacionamentos, sobre nosso país e sobre as escolhas que fazemos. Um excelente roteiro aliado a uma espetacular fotografia trouxeram às telas dos televisores uma história que de tão real poderia ser verídica e que mostra o quão imperfeito é o ser humano.


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