Autor: Diana Gabaldon
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 944
Gênero: Ficção, Romance Histórico, Fantasia
País: EUA
ISBN: 9788567296272
Classificação: ★★★★★
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Se o primeiro volume da série Outlander já havia me deixado em frangalhos, A Libélula no Âmbar acabou de vez com meu coração. Ao final da leitura, eu chorava feito criança, agarrada ao meu exemplar surrado e ao que sobrou da minha alma. Entenda que Diana Gabaldon não foi má propositalmente, ela foi fiel à realidade, às tradições e à história, sendo esta sua maior crueldade.
Em pouco mais de novecentas páginas, é possível perceber os contrastes que permeiam toda a saga de Gabaldon: ficção x realidade, ciência x magia, passado x futuro e causa x consequência. Todos esses elementos estão interligados e fazem dessa obra de "ficção fantástica romântica e histórica", mais do que uma história de amor e viagem no tempo. A dificuldade em caracterizar o gênero literário a que Outlander pertence é apenas o primeiro indício de que este é, de fato, um trabalho único.
Mais do que simples narrativas, as histórias impecavelmente detalhadas, o embasamento histórico, cultural e especialmente místico, nos leva a uma verdadeira viagem no tempo. Não é só a protagonista, Claire, que é levada para outro tempo ao entrar numa fenda entre pedras. Os próprios livros da série Outlander são fendas que nos levam ao passado. Lá, encontra-se o personagem literário que eu mais admiro e amo: Jamie Fraser.
[spoilerdolivroanterior] No final do livro anterior, fomos brutalmente expostos a selvageria que permeava a Idade Média. Depois de tudo o que o pobre Jamie sofreu, aquele final foi mais cruel do que qualquer morte que eu já tenha ouvido falar. Nunca havia ficado tão abalada com uma cena antes, e por isso, precisei de alguns meses para começar a leitura de 'A Libélula no Âmbar. [/spoilerdolivroanterior]
Violência, estupro, roubo, assassinato e amor, o mais puro tipo de amor que existe. É preciso ter estômago, mas também coração para continuar acompanhando a saga de Diana Gabaldon. Embora fosse muito mais fácil se tivéssemos apenas estômago. A autora faz questão de esmigalhar o coração dos leitores ainda mais neste segundo livro, e por isso, em suas mais de novecentas páginas derramei mais de novecentas lágrimas.
O segundo volume da saga, começa no ano de 1968. Sim, Claire voltou para o seu tempo e passados vinte anos, decide contar sua história. O que aconteceu durante esse tempo é um mistério que só é parcialmente resolvido no final do livro.
Após a morte do marido Frank Randall, Claire se vê obrigada a contar a verdade para a filha Brianna. Apesar de não ser nada parecida com Frank, a menina nunca notou que poderia não ser filha dele. Os cabelos ruivos e o temperamento explosivo, porém, não negam que seu pai é Jamie Fraser. O que levou Claire a voltar a seu tempo grávida? Por que ela abandonou Jamie e voltou para Frank? Todas essas perguntas são aos poucos respondidas por uma Claire já madura, que relembra com saudade de sua aventura pelo século XVIII. A dor chega a ser insuportável ao sentir a ausência de seu amor, Jamie. E, aos poucos, vamos sentindo a mesma coisa: saudade. Esse sentimento incômodo que separa o possível do impossível e o que é, do que se foi.
Após a morte do marido Frank Randall, Claire se vê obrigada a contar a verdade para a filha Brianna. Apesar de não ser nada parecida com Frank, a menina nunca notou que poderia não ser filha dele. Os cabelos ruivos e o temperamento explosivo, porém, não negam que seu pai é Jamie Fraser. O que levou Claire a voltar a seu tempo grávida? Por que ela abandonou Jamie e voltou para Frank? Todas essas perguntas são aos poucos respondidas por uma Claire já madura, que relembra com saudade de sua aventura pelo século XVIII. A dor chega a ser insuportável ao sentir a ausência de seu amor, Jamie. E, aos poucos, vamos sentindo a mesma coisa: saudade. Esse sentimento incômodo que separa o possível do impossível e o que é, do que se foi.
Jamie Fraser morreu em combate. Quando li essa frase eu não pude acreditar, quis esquecer que Outlander existe, afinal, eu nunca aceitaria esta morte literária. Aceito qualquer outra, menos esta. O jovem cavaleiro ruivo de espírito alegre e honra impecável não poderia ter morrido assim. Mas é o que conta Claire e é a partir daí, que vamos voltando no tempo para entender o que aconteceu.
No ano de 1744, Claire e Jamie traçam um plano para tentar mudar o rumo dos acontecimentos históricos. O futuro dos clãs escoceses está ameaçado. Claire sabe o que vai acontecer logo vai descobrir que conhecer o futuro pode ser tanto uma dádiva quanto uma maldição. Em meio a guerras, traição, corrupção e política, temos o relacionamento do casal Fraser, que fica cada dia mais sólido. Um exemplo de amor, paixão, comprometimento e respeito, Jamie arranca, desta vez, ainda mais suspiros. Um misto de selvageria com delicadeza, ele continua sendo a alma de Outlander.
Brilhantemente escrito, este segundo livro reserva emoções fortes e requer, talvez, maior concentração e perseverança por parte do leitor. A leitura é cansativa, demasiadamente detalhista e as cenas de 1968, demoram um pouco mais para fazer sentido. De qualquer forma, o resultado da trama vale todo o esforço. É impecável! Cada pequeno detalhe foi costurado à trama pelas hábeis mãos de Diana Gabaldon. A tecelã de histórias, que mistura futuro e passado a um romance épico, não só tem-me em suas mãos, como também detém meu coração e lá, Jamie viverá eternamente.
"- Acho que não vai acontecer, Claire; penso que conseguiremos impedi-lo. E se não conseguirmos, ainda assim não acredito que alguma coisa venha a me acontecer. Mas se acontecer... - Parecia extremamente ansioso agora, falando em voz baixa e ardente. - Se acontecer, quero que haja um lugar para você; quero que haja alguém para quem você possa ir se eu... não estiver mais aqui para cuidar de você. Se não puder ser eu, então quero que seja um homem que a ame." (p. 403)
Sinopse: Claire Randall guardou um segredo por vinte anos. Ao voltar para as majestosas Terras Altas da Escócia, envoltas em brumas e mistério, está disposta a revelar à sua filha Brianna a surpreendente história do seu nascimento. É chegada a hora de contar a verdade sobre um antigo círculo de pedras, sobre um amor que transcende as fronteiras do tempo... E sobre o guerreiro escocês que a levou da segurança do século XX para os perigos do século XVIII.
O legado de sangue e desejo que envolve Brianna finalmente vem à tona quando Claire relembra a sua jornada em uma corte parisiense cheia de intrigas e conflitos, correndo contra o tempo para evitar o destino trágico da revolta dos escoceses. Com tudo o que conhece sobre o futuro, será que ela conseguirá salvar a vida de James Fraser e da criança que carrega no ventre?
"- Eu a encontrarei - murmurou ele em meu ouvido. - Eu prometo. Ainda que tenha que suportar duzentos anos de purgatório, duzentos anos sem você, esse será meu castigo, que eu mereci pelos meus crimes. Porque eu menti, matei e roubei; traí e quebrei a confiança. Mas há uma única coisa que deverá pesar a meu favor. Quando eu ficar diante de Deus, eu terei uma única coisa a dizer para contrabalancear o resto. Sua voz diminuiu, até quase se transformar num sussurro, e seus braços apertaram-me com mais força.
- Meu Deus, o Senhor me deu uma mulher especial e, Deus!, eu a amei demais." (p. 878)