maio 13, 2015

[Livros] A Vida, O Universo e Tudo Mais - Douglas Adams (O Mochileiro das Galáxias #3)

Título Original: Life, The Universe and Everything
Autor: Douglas Adams
Editora: Arqueiro
Páginas: 221
Gênero: Ficção Científica
País: Inglaterra
ISBN: 9788599296592
Classificação★★★★☆
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Fã absoluta da saga Mochileiro das Galáxias, confesso que o terceiro volume intitulado 'A Vida, O Universo e Tudo Mais' foi muito provavelmente o mais fraco da coleção, até agora. A narrativa de Douglas Adams não perdeu sua genialidade, mas o autor diminuiu bruscamente o ritmo. Apesar de continuar sendo incrível, dessa vez, foi mais difícil terminar a leitura.

Apesar de finos, os livros da coleção são muito complexos, futuristas e tecnológicos, portanto, é preciso muita atenção para entender todas - ou grande parte - das metáforas contidas em suas páginas. Demorei aproximadamente duas semanas para ler esse livro, e ao concluir a leitura, senti que esse volume não fez diferença alguma. Alguns pontos eu preciso ressaltar, e claro, o sarcasmo brilhante do autor está impregnado nas primeiras cinquenta páginas. Depois disso, tudo fica repetitivo, monótono e a narrativa não flui.

Depois do final bastante perturbador do livro anterior, somos levados a conhecer um novo Arthur Dent. O último terráqueo vivo, agora é um dos primeiros vivos. Sim, ele voltou no tempo e coincidentemente caiu em um planetinha azul e primitivo: a Terra. Lá (ou aqui), ele passa anos perdido, sozinho, vagando de caverna em caverna. Beirando a loucura, depois de anos de solidão, ele reencontra seu velho amigo Ford Prefect e em cenas engraçadíssimas, os dois partem juntos em busca de novas aventuras. 

Dessa vez, o autor não mexeu com temas tão polêmicos, dentre outros assuntos, o tema principal desse livro é o egocentrismo humano. Só vemos nossos próprios problemas, não enxergamos os dos outros. O homem acha que é o ser mais importante do universo, quando na verdade ele apenas faz parte do todo. Adams reafirma isso diversas vezes no decorrer de seus livros, nossa insignificância perante a grandeza do universo.

Preciso fazer uma ligação com um filme que assisti recentemente e que tornou ainda mais claro o que Douglas Adams já dizia há anos. Em 'Os Vingadores', Tony Stark (o típico estereótipo do humano que pode comprar o mundo), sonha construir uma armadura ao redor da Terra. Ele viu tudo o que havia lá fora (no Universo) e decidiu que nós precisávamos de proteção. O mesmo acontece com o planeta Krikkit, um planeta que descobre não estar sozinho no universo e decide aniquilar tudo o que não faz parte dele, só como forma de proteção. 

Essa 'tentativa' de se proteger do restante do universo é algo com que a ciência se preocupa há décadas. O conhecimento do que há além da estratosfera vem com o medo. Krikkit acaba sendo confinada dentro de um escudo para não destruir o universo. É basicamente a forma como a sociedade atual lida com os assassinos, confina-os para evitar que eles matem outros. A xenofobia dos homens de Krikkit pode ser comparada a dos terráqueos, que também já causou tantas grandes guerras no nosso planeta.

Outro ponto muito bem desenvolvido por Adams é a temporalidade. A relação causa-consequência e as viagens no tempo foram parte integrante da narrativa. Com muitas críticas sociais, o autor refletiu sobre a possibilidade de algo impossível, como 'voltar no tempo', se tornar realidade e conclui que estamos melhor assim. No presente.

Várias referências à Inglaterra, país de origem do autor, foram colocadas no livro e isso o tornou ainda mais rico. A cultura inglesa é exposta e satirizada por um inglês, de forma que o leitor perceba a importância de criticar seus próprios valores. Douglas Adams ousa provocar, atiçar e questionar o mundo e o que há além dele de maneira sagaz. A Vida, O Universo e Tudo Mais, foi de longe o livro mais fraco da série, mas ainda assim é uma obra "fantasbrilhante", tão única quanto esse último adjetivo que eu acabo de criar.

"Um POP é alguma que não podemos ver, ou não vemos, ou nosso cérebro não nos deixa ver porque pensamos que é um problema de outra pessoa. É isso que POP quer dizer: Problema de Outra Pessoa. O cérebro simplesmente o apaga, como um ponto cego. Se você olhar diretamente para ele, não verá nada, a menos que saiba exatamente o que é." (p. 23)

Sinopse: A Vida, O Universo e Tudo Mais - Após as loucas aventuras com seus estranhos amigos em O Guia do Mochileiro das Galaxias e O Restaurante no Fim do Universo, Arthur Dent ficou cinco anos abandonado na terra Pré-Histórica. Mesmo depois de tanto tempo, ele ainda acordava todas as manhãs com um grito de horror por estar preso àquela monótona e assustadora rotina.Talvez Arthur até preferisse continuar isolado em sua caverna escura, úmida e fedorenta a encarar a próxima aventura para a qual seria forçosamente arrastado: salvar o Universo dos terríveis robôs xenófobos do planeta Krikkit.

Este é o terceiro volume da "trilogia de cinco" de Douglas Adams, um dos mas cultuados escritores de ficção científica de todos os tempos. Seu humor corrosivo e sua habilidade em criar situações improváveis tornam seus livros fundamentais para qualquer um que tenha capacidade de debochar de si mesmo. Usando o planeta Krikkit como paródia da nossa sociedade e das guerras raciais, Adams cria uma história divertida, inteligente e repleta dos mais inusitados significados sobre a vida, o Universo e tudo mais.

"Viram as maravilhosas joias da noite em sua infinita poeira e suas mentes zumbiam de medo.  Permaneceram voando por mais algum tempo, imóveis contra a imensidão estrelada da Galáxia, também ela imóvel contra a imensidão do Universo. Depois fizeram meia-volta.
- Isso não pode ficar aí - disseram os homens de Krikkit enquanto navegavam para casa.
No caminho de volta entoaram diversas canções que ponderavam sobre paz, justiça, moral, cultura, esportes, vida em família e o aniquilamento de todas as outras formas de vida." (p. 69)

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