Autor: Eva Weaver
Editora: Novo Conceito
Páginas: 400
Gênero: Romance, Ficção
País: Inglaterra
ISBN: 9788581634173
Classificação: ★★★★★
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Tocante, intenso e muito bem escrito. Eva Weaver fez um excelente trabalho de pesquisa para a produção de O Menino dos Fantoches de Varsóvia. De uma perspectiva diferente das que estamos acostumados a ver, o livro fala sobre a Segunda Guerra Mundial. Só que desta vez, a história não é ambientada na Alemanha nazista, mas sim na Polônia, que foi devastada pelas tropas alemãs e teve sua população de judeus praticamente dizimada.
Narrado em primeira pessoa por um judeu, o livro muitas vezes encheu meus olhos de lágrimas. Foi como testemunhar de perto as atrocidades que o ser humano é capaz de fazer. Por outro lado, Eva Weaver trouxe uma bonita mensagem e mostrou que nos tempos mais difíceis, nem sempre só de pão vive o homem. A esperança também alimenta, nem que seja a alma.
Em 2009, Mika é um senhor de idade que guarda dentro de si muitos segredos. Segredos do que ele viveu e do que passou por ser judeu em solo nazista. Certo dia, num passeio com o neto Daniel, ele vê o anúncio de um espetáculo de fantoches. O cartaz em letras maiúsculas, o leva de volta à memórias do passado que ele tanto tentou esquecer. Seu neto se torna seu confidente e Mika narra para ele sua dura jornada em busca da sobrevivência.
Na Polônia, em 1941, o jovem Mika vive com a mãe e o seu querido avô. Preocupado com a guerra que estava por vir, seu avô, a quem ele chama de Tatus, pede a um alfaiate que confeccione um casaco cheio de bolsos escondidos. Assim, se ele for mandado para algum lugar, poderá ao menos levar consigo seus objetos mais valiosos.
Por defender uma moça judia, Tatus é assassinado por um oficial alemão. Mika fica então com seu precioso casaco e os segredos que se escondem nele. Sentindo a falta do avô, o garoto se refugia no pesado sobretudo e dia após dia vai descobrindo um novo esconderijo e um novo objeto oculto em seus bolsos. É quando ele encontra um fantoche, este, é só o primeiro de muitos personagens de papel machê que seu avô mantinha em segredo.
Em tempos difíceis e repletos de solidão, dor, fome, desesperança e medo, a companhia dos fantoches faz com que Mika se ocupe e consiga se distrair do que acontece ao seu redor. Quando ele e sua mãe são mandados ao gueto e confinados atrás de muros e cercas como se fossem animais, ele faz novos amigos e descobre que seus fantoches podem ajudar outras pessoas a continuar lutando por suas vidas. Além disso, seu casaco também pode abrigar muitos segredos.
Uma amiga em especial, Ellie, o ajudou nessa jornada. Entretendo crianças e adultos, doentes e desiludidos, por vezes, a distração os fazia sorrir. E por alguns minutos eles esqueciam o inferno que suas vidas tinha se tornado. Mika se torna então 'o menino dos fantoches' e se torna conhecido pelo gueto.
Algum tempo depois, num impulso como o de seu avô, de proteger uma moça dos oficiais nazistas, seus fantoches são descobertos. Max, um soldado alemão ao ver a habilidade do rapaz com a manipulação dos bonecos, ordena que ele entretenha também seus oficiais. Vivendo uma vida dupla, o garoto é obrigado a fazer tanto os judeus, quanto os ratos que tiram a vida deles - a sorrir. Quando começa a questionar suas próprias atitudes, ele encontra uma maneira de ajudar algumas poucas crianças órfãs a saírem do gueto. É quando ele começa a entender o poder que seus fantoches e seu casaco têm. Poder esse, que não teria valor algum sem a coragem de Mika.
Dividido em duas partes principais, o livro traz diferentes pontos de vista. Além da história de Mika, a autora também conta a história de Max, um dos muitos soldados que esqueceram da sua humanidade ao cumprir as ordens do Führer. Trazendo muitas reflexões sobre a capacidade do ser humano de sobreviver e de esquecer. Bonito e emocionante. Não é uma leitura leve, mas é uma leitura essencial para entender a história e o ser humano.
Sinopse: Mesmo diante de uma vida extremamente difícil, há esperança. E às vezes essa esperança vem na forma de um garotinho, armado com uma trupe de marionetes – um príncipe, uma menina, um bobo da corte, um crocodilo... O avô de Mika morreu no gueto de Varsóvia, e o menino herdou não apenas o seu grande casaco, mas também um tesouro cheio de segredos. Em um bolso meio escondido, ele encontra uma cabeça de papel machê, um retalho... o príncipe. E um teatro de marionetes seria uma maneira incrível de alegrar o primo que acabou de perder o pai, o menininho que está doente, os vizinhos que moram em um quartinho apertado. Logo o gueto inteiro só fala do mestre das marionetes – até chegar o dia em que Mika é parado por um oficial alemão e empurrado para uma vida obscura. Esta é uma história sobre sobrevivência. Uma jornada épica, que atravessa continentes e gerações, de Varsóvia à Sibéria, e duas vidas que se entrelaçam em meio ao caos da guerra. Porque mesmo em tempo de guerra existe esperança.
"(...) - Sempre penso no que o poeta Leopold Staff dizia: 'Mais do que pão, a poesia é necessária em épocas em que não há nenhuma necessidade de ouvi-la'. Sei que é difícil lembrar disso quando estamos com fome o tempo todo, mas não podemos nos esquecer do poder da música, e dos seus fantoches.
- Sim, mas não podemos comer música, nem os fantoches. Que utilidade eles têm no meio de tanta adversidade?
Ele olhou para mim com olhos penetrantes, mas colocou gentilmente sua mão quente sobre o meu ombro.
- Meu caro rapaz, se pessoas como você não existissem, os alemães já teriam vencido, já teriam nos destruído nos lugares que realmente importam. - Ele apontou para seu peito, seu coração." (p. 82)
Sinopse: Mesmo diante de uma vida extremamente difícil, há esperança. E às vezes essa esperança vem na forma de um garotinho, armado com uma trupe de marionetes – um príncipe, uma menina, um bobo da corte, um crocodilo... O avô de Mika morreu no gueto de Varsóvia, e o menino herdou não apenas o seu grande casaco, mas também um tesouro cheio de segredos. Em um bolso meio escondido, ele encontra uma cabeça de papel machê, um retalho... o príncipe. E um teatro de marionetes seria uma maneira incrível de alegrar o primo que acabou de perder o pai, o menininho que está doente, os vizinhos que moram em um quartinho apertado. Logo o gueto inteiro só fala do mestre das marionetes – até chegar o dia em que Mika é parado por um oficial alemão e empurrado para uma vida obscura. Esta é uma história sobre sobrevivência. Uma jornada épica, que atravessa continentes e gerações, de Varsóvia à Sibéria, e duas vidas que se entrelaçam em meio ao caos da guerra. Porque mesmo em tempo de guerra existe esperança.
"... Talvez você não sinta nada nesse seu corpo pequeno de papel machê, mas... sabe de uma coisa? para mim, a esperança é algo muito mais perigoso que o desespero. Ela me devora por dentro como aquelas feridas infeccionadas que nunca saram nesse frio maldito. Preciso parar de ter esperança, de imaginar que vou voltar para casa." (p. 265)