novembro 11, 2015

[Livros] Redoma - Meg Wolitzer

Título Original: Belzhar
Autor: Meg Wolitzer
Editora: Globo Alt
Páginas: 287
Gênero: Ficção, Romance
País: EUA
ISBN: 9788525059567
Classificação: ★

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Essa será uma das minhas resenhas mais intensas porque Redoma foi, provavelmente, um dos livros mais complexos que já li na vida. Personagens bem construídos e uma trama envolta em mistérios são apenas parte da intrincada trama que Meg Wolitzer teceu. É uma história com muito mais por trás do que se pode ver, que vai fazer com que o leitor questione tudo o que leu.

Percepção é uma das palavras-chave para este romance. Meg cria um universo dentro de um universo e a forma como cada um dos personagens enxerga o que acontece ao seu redor é única. São cabíveis diversas interpretações para a leitura deste livro, porque são cabíveis diversas perspectivas. O livro de Meg Wolitzer é, literalmente, uma redoma onde as coisas em que acreditamos nos levam a lugares para onde apenas nós mesmos podemos ir.

Jam é uma adolescente que tenta sobreviver após um grande trauma: a morte de seu namorado, Reeve. Sem conseguir lidar com a perda, a jovem se vê imersa em um luto que deteriora sua vida e que a faz querer desistir. Preocupados com seu estado, seus pais a mandam para uma escola especial para jovens traumatizados ou 'emocionalmente sensíveis' e lá, ela descobre um livro que mudará sua vida para sempre.

Na nova escola, Jam se sente uma estranha, mas quando é incluída - a contragosto - na aula de Tópicos Especiais em Inglês com mais quatro alunos 'problemáticos', Jam percebe que não está sozinha. Cada um deles tem um trauma, uma perda e não consegue lidar com isso. A turma pequena foi selecionada a dedo pela sra. Quenell, uma misteriosa professora que estava prestes a se aposentar, mas decide dedicar seu último semestre a esses cinco jovens que precisam tanto de ajuda.

A sra. Q., como é apelidada pelos garotos, distribui exemplares de 'A Redoma de Vidro' de Sylvia Plath para os alunos e diz que trabalhará apenas com esta leitura durante o semestre. No livro de Plath, sua protagonista descreve a depressão como uma redoma de vidro, na qual está presa sem conseguir respirar. Aos poucos, os cinco se identificam com a trama e passam a discutir semanalmente os conceitos de Plath - que sucumbiu à própria depressão e se suicidou alguns anos depois da publicação do livro.

Enquanto isso, a professora também entrega diários em branco para cada um deles e pede que eles escrevam sobre suas próprias vidas. Todos encaram a tarefa com desconfiança, no entanto, assim que escrevem as primeiras palavras, descobrem que algo estranho acontece. Eles são levados para um outro universo, um lugar congelado no tempo onde eles podem encontrar aqueles que perderam, ser as pessoas que foram. Eles chamam esse lugar de Redoma.

Ao escrever em seu diário, Jam encontra Reeve e ele está feliz. Lá, eles podem fingir que está tudo bem, que ele não morreu e que a garota não sente tanto sua falta que é difícil respirar. Na Redoma não há espaço para dor, tudo é perfeito, tudo é exatamente como eles se lembravam que era antes. Cada um dos jovens - Jam, Griffin, Sierra, Mark e Casey - tem experiências particulares e pessoais em suas Redomas e todos começam a se sentir em paz, como eram antigamente, antes do luto, da tristeza. O segredo os aproxima, mas a amizade é o que mantém unidos, e aos poucos, eles percebem o quanto precisam um do outro no mundo real.

As viagens são reconfortantes, mas cada vez que vão para a Redoma, os jovens percebem que cinco páginas do diário são escritas. Pelas contas deles, os diários devem durar até o final do semestre e depois de completos, não será mais possível voltar para lá. Estar com aqueles que já se foram, no entanto, é a única coisa que eles desejam fazer, mesmo que isso não dure para sempre - outra vez.

Um choque de lucidez e insanidade, esta história não partiu apenas meu coração, mas também, meu cérebro. A presença constante de metalinguagem e o diálogo com Sylvia Plath enriqueceram um livro que já era fantástico por si só. Cada elemento, cada símbolo empregado pela autora pode ser interpretado de maneira diferente e, por consequência disso, o valor da obra é muito particular. Enxerguei coisas nessa história que foram muito além do que estava escrito e, talvez, eu tenha ido até além do que Meg quis dizer. Talvez eu tenha ficado tempo demais na minha redoma.

A forma como Meg Wolitzer construiu e estruturou toda a narrativa é genial e pude dizer isso à ela. Com um final arrebatador, Redoma tirou meu sono e fez com que eu lesse e relesse diversas passagens para esclarecer pensamentos inquietantes de que havia algo mais. E havia. Redoma é um livro com mensagens subliminares e metáforas que conduzem os leitores às suas próprias redomas. Como no caso de Jam e seus colegas, ir para esse universo paralelo tem um preço: perder o sono - e um pouco da sanidade - foi o meu. E eu pagaria novamente de bom grado.

"E, assim, entendo o que meu irmão mais novo já sabe há algum tempo: às vezes, um mundo alternativo é muito melhor que o mundo real." (p. 14)

Sinopse: Considerado o melhor livro jovem de 2014 pela Time se inspira no clássico autobiográfico de Sylvia Plath para falar sobre a dor da perda e a busca pela aceitação na adolescência. 

Se a vida fosse justa, Jam Gallahue estaria vivendo sua vida tranquila em Nova Jersey, assistindo a séries de comédia e abraçando seu namorado, Reeve Maxfield. Ela não estaria infeliz e sem vontade de se levantar da cama, nem estaria em um internato para adolescentes “emocionalmente frágeis”, com uma colega de quarto esquisita. Mas a vida não é justa, Jam perdeu seu primeiro amor e está completamente perdida.

A mudança de escola parece a única possibilidade de recuperação para a garota, que passou quase um ano mergulhada em tristeza. No entanto, ela odeia a nova rotina e decide levar tudo com o menor esforço possível. Por isso, Jam fica bastante surpresa quando descobre que foi selecionada para a exclusiva e lendária aula de “Tópicos Especiais em Inglês”, da misteriosa Sra. Quenell.

A turma tem mais quatro estudantes, todos com histórico de traumas ainda piores que os de Jam. Mesmo assim, a professora parece não se importar com a fragilidade de seus alunos quando escolhe o livro que trabalhará durante o semestre: A redoma de vidro, de Sylvia Plath. O romance, que narra a série de eventos que levariam a estudante Esther Greenwood a um colapso nervoso, parece a opção mais improvável, e talvez inadequada, para adolescentes que ainda estão superando experiências difíceis.

Além das discussões sobre o livro, cada aluno tem a tarefa de escrever em um diário entregue pela professora. E é esse trabalho que leva Jam e seus amigos desajustados à Redoma, um lugar misterioso onde o passado pode ser revivido, e cada um dos alunos pode rever sua vida antes do momento traumático que levou ao internato.

Repleto de referências ao clássico de Sylvia Plath, Redoma é um romance sobre o primeiro amor, o sofrimento profundo, o amadurecimento e os problemas de aceitação na adolescência. É também uma história sobre como a amizade pode ajudar a superar os piores traumas da vida.

"Os livros acendem o fogo. Seja um livro já escrito ou um diário em branco que precise ser preenchido. Acho que todos vocês sabem do que estou falando." (p. 271)

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